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C. Ciências Biológicas - 8. Genética - 1. Genética Animal

ANÁLISE DA TOXICIDADE DO ORGANOFOSFORADO MALATHION EM Sitophilus oryzae E A PARTICIPAÇÃO DAS ESTERASES NOS MECANISMOS DE RESISTÊNCIA.

Ana Luisa Monezi. Lucena 1
Ana Silvia Lapenta 1
Maria Claudia C. Ruvolo-Takasusuki 1
(1. Universidade Estadual de Maringá-UEM)
INTRODUÇÃO:
A resistência a inseticidas em insetos-praga de produtos armazenados no Brasil constitui um dos mais complexos e importantes problemas no controle destes insetos. Entre as principais espécies de insetos-praga destaca-se o Sitophilus oryzae. Este inseto é considerado praga primária, cosmopolita da Índia e esta disseminado pelo mundo em grãos infestados. Vulgarmente conhecido como gorgulho do arroz, está incluído entre as trinta maiores pragas de produtos armazenados. O controle preventivo é uma das principais estratégias e pode ser realizado com o emprego de inseticidas químicos. Esta medida pode promover a resistência em insetos, ativando nestes, diferentes mecanismos metabólicos, os quais envolvem várias enzimas principalmente as que convertem o produto em uma forma não tóxica. Entre estas enzimas estão as esterases que desempenham funções diversificadas em um organismo, estas esterases são classificadas em arilesterases, acetilesterases, carboxilesterases e colinesterases. Estas duas últimas estão envolvidas em mecanismos de resistência aos inseticidas em várias espécies de insetos. O presente trabalho tem por objetivo identificar e classificar as esterases, estudar o mecanismo de resistência ao organofosforado malathion, estimando a CL50, CL30 e CL70 (menor dose que mata 50%, 30% e 70% dos indivíduos submetidos) e também verificar as alterações na atividade das esterases em insetos expostos a este composto.
METODOLOGIA:
O calculo da CL50 foi determinado pelo o método Sperman-Karber usando o softwar JSPEAR. Um total de 880 insetos foi submetido à bioensaios com o malathion para o teste de toxicidade. Para cada ensaio foram colocados 25 insetos em 50 g de meio contendo uma das diferentes concentrações do organofosforado testado, usando sempre a acetona como solvente. Após 24 horas os insetos foram contados e os sobreviventes foram separados e congelados para a posterior análise eletroforética. Esta foi realizada em gel vertical de poliacrilamida a 10% de concentração acompanhada de géis de empilhamento a 4% de concentração. As amostras foram maceradas individualmente a 0ºC em 30 μl de tampão, posteriormente foram centrifugadas e em seguida um volume de 10 μl do sobrenadante de cada amostra foi aplicada no gel. Os géis foram submetidos à corrida eletroforética por 5 h e finalmente foram identificadas as esterases utilizando os substratos α–naftil acetato e o β–naftil acetato e como corante o Fast Blue RR. Para a classificação das esterases estas foram submetidas a diferentes inibidores, o para-cloromercuriobenzoato (pCMB) o malathion e o carbaryl. Para este teste foram feitos simultaneamente, géis tratados e géis controle contendo as mesmas amostras. Os géis foram pré-incubados e corados na presença dos inibidores, sendo estes dissolvidos diretamente no tampão fosfato 0,1 M pH 6,2.
RESULTADOS:
A análise eletroforética revelou a presença de sete esterases, denominadas como EST-1 a EST-7. O tratamento com inibidores revelou que os géis tratados com malathion inibidor de carboxilesterases e colinesterases inibiu completamente a EST-5, parcialmente a EST-6 e 2. O tratamento dos géis com o pCMB inibidor de arilesterases mostrou uma parcial inibição na EST-5 e uma leve inibição na EST-6, Já o tratamento com o carbaryl, que inibi seletivamente as colinesterases, verificou a inibição completa da EST-5 e 4 e uma leve inibição da EST-2. Assim a classificadas das esterases foram: a EST-1 e 3 como acetilesterases, as EST-2, 4 e 5 como colinesterases e a EST-6 não se enquadrou nos critérios de classificação. A concentração de inseticida estimada como CL50 foi de 7,5 x 10-4 ml/g e com base nesta concentração foi estimada CL30 e CL70 que foram de 4,5 x 10-4 e 10,5 x 10-4 ml/g, respectivamente. Entretanto na concentração estimada como CL70, a mortalidade foi menor que em CL50, 37% e 48%, respectivamente. Quanto às alterações na atividade das esterases de Sitophilus oryzae expostos aos inseticidas, verificou-se que ocorreu alteração nas acetilesterases EST-1 e 3 e nas colinesterases EST-2 e 5. Nos insetos sobreviventes a dosagem estimada para a CL50, observou uma leve inibição na EST-1, uma inibição completa na EST-2 e uma inibição parcial na EST-3, já em insetos expostos a CL70 mostraram uma inibição parcial da EST-1 e da EST-2, enquanto que a EST-5 foi completamente inibida.
CONCLUSÕES:
Neste estudo identificamos em Sitophilus oryzae um total de 19 bandas correspondentes à presença de sete locos gênicos. Verificamos a presença de acetilesterases e colinesterases e nenhuma carboxilesterase. Dentre as sete esterases detectadas neste inseto, quatro sofreram alterações em insetos expostos ao malathion; sendo que, a esterase 2 que foi completamente inibida em insetos expostos a concentração estimada como a CL50 e a esterase 3 sofreu uma leve inibição nesta mesma concentração e ambas permaneceram inalterada em uma concentração maior que seria equivalente a CL70. O estudo da toxicidade do malthion de mostrou que nem sempre um aumento na concentração deste composto reflete uma maior mortalidade, uma vez que a concentração estimada como CL50 mata 48% dos indivíduos a concentração que seria equivalente a CL70 mata apenas 37%, provavelmente esta menor mortalidade na concentração testada de 10,5 x 10-4 ml/g que é superior a C L 50, pode estar relacionada com a não inibição das esterases 2 e 3 nesta concentração.
Trabalho de Iniciação Científica  
Palavras-chave: Esterases; malathion; Sitophilus oryzae.
Anais da 58ª Reunião Anual da SBPC - Florianópolis, SC - Julho/2006