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A. Ciências Exatas e da Terra - 4. Química - 4. Química de Produtos Naturais

EFEITO ALELOPÁTICO DOS ÓLEOS ESSENCIAIS DE TRÊS ESPÉCIMES DE Schinus terebinthifolius Raddi SOBRE A GERMINAÇÃO DE Lactuca sativa L.

Mariana Ávila Nesello 1
Gabriel Pauletti 2
Ana Cristina Atti dos Santos 1
Luciana Atti-Serafini 1
(1. Laboratório de Óleos Essenciais e Extratos Vegetais (LOES) – IB / UCS; 2. Banco Ativo de Germoplasma (BAG) – IB / UCS)
INTRODUÇÃO:

Schinus terebinthifolius Raddi, conhecida como aroeira-vermelha, é uma árvore nativa da América do Sul, pertencente à família Anacardiaceae. No Brasil, ocorre do RS até PE e MG. É uma espécie perenifólia e pioneira que ocupa diversos espaços disponíveis devido à ampla dispersão de seus frutos. É utilizada na medicina popular e atualmente tem sido comprovada cientificamente sua ação adstringente, antimicrobiana e sua eficácia na resolução de cervicites e cervicovaginites. A alelopatia é o efeito direto ou indireto de uma planta sobre outra planta ou microrganismo, por meio da produção de metabólitos secundários ou agentes aleloquímicos, que, em geral, são liberados no ambiente para a defesa da planta e podem contribuir para o aumento ou inibição do desenvolvimento do organismo vizinho à planta. Os terpenos voláteis, componentes dos óleos essenciais, apresentam importante ação alelopática. O grande interesse no estudo de plantas com possível efeito alelopático é justificado pela crescente necessidade do desenvolvimento de uma agricultura sustentável, além de reduzir os danos ambientais e à saúde humana acarretados pela introdução de compostos químicos, e encontrar alternativas para a utilização de herbicidas sintéticos. Assim, o objetivo deste trabalho foi avaliar o efeito alelopático dos óleos essenciais obtidos de três espécimes de Schinus terebinthifolius Raddi sobre a germinação de sementes de Lactuca sativa L. (alface).

METODOLOGIA:

A coleta das folhas dos três espécimes de S. terebinthifolius foi realizada em outubro de 2005, em Caxias do Sul (RS). Os óleos essenciais (OEs) foram extraídos das folhas secas por hidrodestilação em aparelho Clevenger, durante 1 h, e as análises cromatográficas foram realizadas em Cromatógrafo Gasoso, modelo Heweltt Packard. Cada óleo essencial (OE) foi emulsionado com Tween 80, na proporção 1:1, e diluído em água destilada para a obtenção de concentrações a 0,1, 0,25, 0,5, 0,75 e 1% (v/v). Como testemunhas foram utilizados Tween 80 a 1% (v/v) e água destilada (OE 0%). Para o bioensaio, adicionou-se 6,2 mL de solução de cada tratamento e distribuiu-se uniformemente 50 sementes de alface  em caixa gerbox sobre papel germiteste. A germinação foi conduzida em estufa incubadora para BOD com fotoperíodo de 16 h de luz e 8 h de escuro sob temperatura de 25°C. As avaliações foram realizadas a cada 24 h, totalizando 96 h de bioensaio. Foram consideradas germinadas as sementes que apresentaram tamanho de radícula, de no mínimo, 50% o tamanho da semente. A manutenção da umidade foi realizada diariamente com água destilada. Os parâmetros avaliados foram: porcentagem de germinação (%G), índice de velocidade de germinação (IVG) e comprimento da radícula (CR), expresso em cm por plântula. O delineamento experimental foi inteiramente casualizado, com três repetições. Os resultados foram submetidos à análise de variância e teste de Dunkan a 5% com auxílio do programa SPSS 11.5.

RESULTADOS:

Após as análises cromatográficas observou-se que os OEs dos três espécimes de S. terebinthifolius apresentaram composição química distinta. Assim, os espécimes foram identificados conforme a presença dos compostos majoritários: Aroeira 1 (sabineno), Aroeira 2 (alfa-pineno e beta-cariofileno) e Aroeira 3 (alfa-pineno e biciclogermacreno). Para o parâmetro %G, as Aroeiras 1 e 3 demonstraram maior atividade alelopática que a Aroeira 2, pois apresentaram valores estatisticamente inferiores. As médias das concentrações de OE 0,5% e 1% apresentaram valores estatísticos menores que das duas testemunhas, e assim, evidenciou-se efeito alelopático nessas concentrações, independente do espécime de Aroeira. Para o parâmetro IVG, as Aroeiras 1 e 3 apresentaram valores estatisticamente inferiores a Aroeira 2 demonstrando maior efeito alelopático. As concentrações de OE de 0,1 a 1% diferiram significativamente das testemunhas, apresentando valores de IVG mais baixos e maior efeito alelopático. Para o parâmetro CR observou-se diferença apenas entre as concentrações do OE, com redução do comprimento radicular de acordo com o aumento da concentração de OE.

CONCLUSÕES:

De maneira geral, para os três parâmetros avaliados sobre a germinação de sementes de alface, observou-se um decréscimo dos valores de porcentagem de germinação (%G), índice de velocidade de germinação (IVG) e comprimento da radícula (CR) de acordo com o aumento da concentração do óleo essencial, indicando um maior potencial alelopático para concentrações mais elevadas do mesmo, independentemente do espécime de Schinus terebinthifolius Raddi avaliado. Os óleos essenciais da Aroeira 1 (sabineno) e da Aroeira 3 (alfa-pineno e beta-cariofileno) apresentaram maior atividade alelopática para porcentagem de germinação e índice de velocidade de germinação sobre as sementes de alface. Para o parâmetro comprimento da radícula não evidenciou-se diferenças entre os espécimes de Aroeira.

Instituição de fomento: CNPq, UCS e SCT-RS
Trabalho de Iniciação Científica  
Palavras-chave: Schinus terebinthifolius Raddi; óleo essencial; alelopatia.
Anais da 58ª Reunião Anual da SBPC - Florianópolis, SC - Julho/2006