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H. Artes, Letras e Lingüística - 1. Artes - 6. Fundamentos e Crítica das Artes

EFIGÊNIA ROLIM: A MADRINHA DO PAPEL

Nathany Andrea Wagenheimer Belmaia  1
Marta Dantas 1
(1. Universidade Estadual de Londrina)
INTRODUÇÃO:

A maior parte do que fazemos quase sempre é uma reprodução daquilo que vemos e daquilo que nos foi passado através da educação, da moral e dos costumes. Nosso modo de pensar, jeito de se vestir, e o que produzimos: tudo é socialmente condicionado. O singular se torna cada vez mais raro. Poucos são aqueles que ousam algo diferente, singular. Quando isso ocorre, muitas vezes essas pessoas permanecem anônimas. Vêm e vão, desaparecem da mesma forma que surgem, sem deixar rastros. O objetivo dessa pesquisa, vinculada ao projeto multidisciplinar “Infames, casos de singularidade histórica”, foi encontrar e documentar pessoas com produções que, devido a sua originalidade, não podem ser aprisionados em conceitos e resistem ao processo de normatização imposto pela nossa sociedade. Buscávamos fundamentalmente a originalidade, quer a produção seja plástica, escrita ou sonora.

METODOLOGIA:

Foi realizado um trabalho de campo e um mapeamento de quais seriam os trabalhos de maior relevância para a pesquisa. Após a localização do sujeito, foram feitas entrevistas e coletas de material que foram documentadas por recursos audiovisuais (foto, gravação e filmagem). A análise foi feita através de conceitos artísticos, históricos e sociológicos ressaltando a singularidade da obra.

RESULTADOS:

Descobrimos a produção de Efigênia Ramos Rolim, uma senhora de 72 anos que transforma papéis de bala, plásticos e outras sucatas em bonecos, animais, bolsas e roupas. Através de um falar repleto de rimas, Efigênia cria um universo fantástico e encantado, cativa seus ouvintes contando suas histórias com ajuda dos objetos que criou, dando a eles, de fato, vida. Sua produção ultrapassa as barreiras entre as Artes Cênicas e Visuais, e sua singularidade é propiciada pela forma que trabalha os “restos” da realidade.

CONCLUSÕES:

Na sociedade do capital em que a produtividade é a essência, o velho não encontra seu lugar. Fora do processo de trabalho o indivíduo se depara com muitas horas vagas no seu dia, o que pode gerar um sentimento de ‘inutilidade’. Sem cair no estereótipo do velho inútil, cansado e torpe, Efigênia recria sua velhice dando-lhe um novo sentido através da criação. Um universo fantástico, encantado, objetos feitos com “restos” da sociedade industrial, performances, um falar cheio de rimas e bonecos são os elementos que transmitem os ensinamentos desta velha senhora sobre o estado do mundo, seus problemas ecológicos e o papel do homem acerca desse processo. Efigênia nos mostra que o que pode ser confundido com “loucura” é um modo de ver e conhecer o mundo.

Instituição de fomento: CNPq
Trabalho de Iniciação Científica  
Palavras-chave: Performance; Teatro de Formas Animadas; Singularidade.
Anais da 58ª Reunião Anual da SBPC - Florianópolis, SC - Julho/2006