O processo de tratamento através de banhados construídos consiste na percolação do esgoto em um tanque, preenchido com um determinado substrato, onde são plantadas macrófitas enraizadas. O tratamento é realizado à medida que o líquido avança pelo substrato, devido à retenção física, absorção de nutrientes pela planta e a biodigestão, realizada pelas bactérias que utilizam o substrato como meio de suporte para sua fixação (Vicznevski et al., 2003). Por se tratar de um processo de tratamento baseado na interação material filtrante - macrófitas, deve-se conhecer as propriedades físicas (granulometria, condutividade hidráulica, etc.) e químicas (teores de Fe, Ca, Mg, capacidade de troca catiônica - CTC) do substrato, para se conhecer a dinâmica da colmatação e a eficiência (Sezerino, 2003). O banhado pode ser utilizado para pós-tratamento de fossa séptica e ser implantado em pequenos condomínios e habitações uni familiar. O trabalho teve como objetivos, estimar a eficiência de remoção da DBO_5,20 e o comportamento do sistema, de acordo com a taxa de aplicação de esgoto, empregado no sistema e o desenvolvimento de procedimentos para implantação do sistema de banhados construídos.

Verificou-se que a taxa de aplicação excessiva de esgoto, pode provocar a inundação do substrato por ultrapassar a condutividade hidráulica característica do substrato, até provocar a sua colmatação. A taxa de aplicação de esgoto, analisada de acordo com o tipo de substrato, apresentou os seguintes valores: 0,8 m³m^-2dia^-1 para brita com Typha, 0,8 m³m^-2dia^-1 para areia fina com Tangola e 1,2 m³m^-2dia^-1 para areia fina com plantas ornamentais, sendo que, para todas as unidades foi adotada uma vazão de 1Lmin-1. A utilização de calha de distribuição perfurada, na entrada das unidades, se mostrou adequada para distribuição homogênea do afluente, devido a alta concentração de sólidos no afluente dos banhados. A limpeza diária foi necessária para evitar o entupimento dos orifícios da calha e comprometimento da distribuição uniforme. O tubo de drenagem envolto com manta geotêxtil, tem mostrado que pode evitar o seu entupimento através da entrada de raízes e/ou substrato. O tempo de retenção hidráulico (TRH) deve favorecer as reações de degradação nas zonas das raízes. O TRH obtido através de cálculos para as unidades de banhados, foram de: 2,2 dias para a brita com Typha, 2,6 dias para areia fina com Tangola e 1,8 dia para areia fina com plantas ornamentais. A eficiência de remoção de DBO_5,20, esperada, foi de: 89,36% para brita com Typha, 95,61% para areia fina com Tangola e, 87,55% para areia fina com plantas ornamentais.

Como as unidades estão em início de operação, os banhados se encontram no estágio de amadurecimento. O crescimento das raízes das plantas eleva a condutividade hidráulica e a morte das mesmas favorece o surgimento de caminhos preferenciais. Outro fator relevante refere-se ao aumento considerável nas concentrações de matéria orgânica no substrato, devido à morte e decomposição das raízes, que é desejável para o favorecimento do processo de denitrificação. Com o passar do tempo, o processo de colmatação do substrato vai sendo evidenciado, e a vazão determinada para as unidades de banhados construídos, pode promover a sobrecarga hidráulica, porém, as raízes realizarão um aumento da condutividade hidráulica, contrabalançando o desequilíbrio hidráulico. O tempo de retenção hidráulico estipulado para a próxima fase, será superior ao TRH, aplicado nas três unidades de banhados construídos em operação. Todas as unidades apresentaram uma remoção calculada de DBO_5,20,considerável, sendo essa remoção variável, conforme ocorrências de sobrecargas orgânicas ocasionais no sistema.