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C. Ciências Biológicas - 10. Microbiologia - 2. Microbiologia Aplicada
PRODUÇÃO DE P. ostreatus DSM 1833 A PARTIR DE PALHA DE BANANEIRA E CASCA DE BANANA
Gisele Martini Borges  1
Elisabeth Wisbeck  1
(1. Universidade da Região de Joinville - UNIVILLE)
INTRODUÇÃO:
Palha das folhas da bananeira e casca de banana são resíduos agroindustriais encontrados na Região Nordeste de Santa Catarina. A palha das folhas da bananeira, também chamada de palha de bananeira, tradicionalmente, são dispostas no solo como cobertura morta. No entanto, a incorporação desta matéria orgânica não decomposta, ao solo, mobiliza intensa atividade microbiana provocando, temporariamente, uma deficiência de nitrogênio às plantas. Um destino alternativo para este resíduo é a sua utilização para a produção de fungos do gênero Pleurotus. A casca de banana é um resíduo gerado nas empresas de processamento de banana e provoca transtornos como a proliferação de mosquitos, apresenta teores de amido, açúcares totais, umidade, lipídios e proteínas com valores energéticos e nutritivos.
O gênero Pleurotus abriga diversas espécies, sendo todas fungos comestíveis da classe dos Basidiomicetos. Possui um complexo enzimático lignocelulolítico único, que os habilita a decompor substratos indisponíveis para a grande maioria dos organismos. A espécie Pleurotus ostreatus possui um elevado valor nutricional, sendo, também, usada para fins terapêuticos.
O presente trabalho objetivou a avaliação da utilização da palha de bananeira e da casca de banana, abundantes na região Nordeste de Santa Catarina, para a produção de corpos frutíferos (cogumelos) de P. ostreatus DSM 1833, minimizando e valorizando estes resíduos.
METODOLOGIA:
Microrganismo e manutenção: Pleurotus ostreatus DSM 1833 foi mantido em meio TDA (Trigo Dextrose Ágar), a 4ºC e repicado a cada três meses.
Preparo dos substratos: Palha de bananeira e casca de banana foram cortadas em partículas de 2 a 5cm, secas em estufa a 60ºC por 1 hora e imersas em água. O excesso de água foi escorrido por 2 horas. A casca seca ou in natura de banana e a palha de bananeira foram misturadas nas proporções 0:1, 1:1 e 1:2 (150g de matéria seca por pacote de polipropileno), suplementadas com 5% de farelo de arroz, esterilizadas a 121ºC ou pasteurizadas em vapor d´água, por uma hora, inoculadas em câmara de fluxo laminar. A incubação foi na ausência de luz a 30ºC.
Frutificação e colheita: Após o crescimento micelial foi realizada a indução dos primórdios através da perfuração dos pacotes. A frutificação foi em câmara de cultivo com controles automáticos de temperatura (30ºC), umidade (90%) e luz (12 horas/dia). Os corpos frutíferos colhidos foram pesados para determinação da massa úmida e desidratados para determinação da massa de corpos frutíferos secos.
Análise estatística: As análises foram realizadas com oito replicatas, avaliando-se rendimento (R), eficiência biológica (EB) e perda de matéria orgânica (PMO), sendo os valores aceitos ou não através do teste Q de Dixon. O teste ANOVA, ao nível de significância de 5%, foi utilizado para avaliar as diferenças entre as médias dos valores obtidos no cultivo controle e no cultivo teste.
RESULTADOS:
Primeiramente foram comparados os parâmetros R, EB e PMO, das três proporções testadas, com relação ao tratamento térmico. Não houve diferença significativa entre esterilização e pasteurização para os parâmetros estudados. Assim, a pasteurização, por ser mais viável tecnicamente, principalmente para o pequeno produtor, foi o tratamento definido para este trabalho.
Os valores de rendimento (50,6%) e de eficiência biológica (5,5%) da proporção 0:1(casca seca:palha) foram superiores aos encontrados para as proporções 1:2 e 1:1 (R=24,6% e EB=4,0%) que não apresentaram diferença significativa entre si. No entanto, com relação a PMO quaisquer das três proporções perdem aproximadamente 15,0% de matéria orgânica.
As proporções 0:1 e 1:2 (casca in natura:palha) com respeito a R, não apresentaram diferença significativa alcançando valores em torno de 47,0% e para a proporção 1:1, R caiu para 26,5%. O mesmo comportamento foi verificado para EB que nas proporções 0:1 e 1:2 chegou a 5,3% e na proporção 1:1 a 3,4%. Perda de matéria orgânica de 11,5% foi alcançada quando a palha de bananeira foi utilizada isoladamente (proporção 0:1). Este valor foi maior quando casca de banana foi adicionada ao substrato, na proporção 1:2 chegou-se a 22,8% de PMO e na proporção 1:1,  a PMO aumentou para 39,2%. Isto pode estar relacionado ao fato de que as proporções com casca de banana apresentaram intenso crescimento micelial sugerindo que a PMO teve mais influência do micélio que dos corpos frutíferos.
CONCLUSÕES:
. A pasteurização em vapor d’água por 1 hora é o tratamento recomendado por ser mais simples e mais viável economicamente.
. A palha de bananeira pasteurizada, utilizada isoladamente ou suplementada com 25% de casca in natura de banana, apresentaram maior índice de rendimento (47%) e de eficiência biológica (5,3%) na produção de corpos frutíferos de P. ostreatus.
. Se o objetivo for somente degradação de resíduos deve-se optar para a proporção 1:1 (casca in natura de banana:palha de bananeira), pois apresentou o índice mais elevado de PMO (39,2%).
. A proporção 1:2 (casca in natura de banana:palha de bananeira) que apresentou 47,0% de R, 5,3% de EB e 22,8% de PMO é a mais indicada se o objetivo for produção de corpos frutíferos, aliado à degradação de resíduos.
Instituição de fomento: Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico - CNPq
Trabalho de Iniciação Científica  
Palavras-chave: Pleurotus ostreatus; Casca de banana; Cultivo sólido.
Anais da 58ª Reunião Anual da SBPC - Florianópolis, SC - Julho/2006