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C. Ciências Biológicas - 4. Botânica - 3. Fisiologia Vegetal

AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE REGULADORA DE ANÁLOGOS AO ÁCIDO INDOL-3-IL-ACÉTICO (AIA) NA MORFOGÊNESE IN VITRO DE SEGMENTOS FOLIARES DE Nicotiana tabacum

Riceli Antunes Maiochi 1
Rosete Pescador 2
Flávia Aparecida Fernandes da Rosa 3
Ricardo Andrade Rebelo 3
(1. Departamento de Engenharia Florestal – DEF/FURB; 2. Departamento de Ciências Naturais – DCN/FURB; 3. Departamento de Química – DQ/FURB)
INTRODUÇÃO:

Muitos eventos relacionados ao crescimento e ao desenvolvimento nos vegetais são regulados pela ação dos hormônios, dependendo do local de ação, do estágio de desenvolvimento da planta e da concentração dos mesmos, além da sensibilidade celular (KERBAUY, 2004). As auxinas são substâncias quimicamente relacionadas com o AIA (ácido indol-3-il-acético) sintetizado pelas plantas, atuam na expansão, alongamento, divisão celular e enraizamento. Devido à importância desta classe de compostos, inúmeros análogos sintéticos vêm sendo preparados tendo-se escolhido o piperonal (3,4-metilenodioxibenzaldeído) como precursor. Este é um produto comercial de custo relativamente baixo e de fácil preparo a partir do safrol. Pesquisas com o ácido 5,6-metilinodioxindol-3-il-acético forneceram resultados promissores quanto ao seu emprego como regulador de crescimento vegetal (ROSA et al. 2002). As citocininas são compostos essenciais à citocinese, promovem indução de formação de órgãos entre outros efeitos. As citocininas e auxinas diferem dos demais hormônios vegetais em um aspecto importante: elas são necessárias para a viabilidade do crescimento e do desenvolvimento do vegetal (TAIZ e ZEIGER, 2004). O presente trabalho teve como objetivo avaliar in vitro a atividade reguladora de crescimento vegetal de novos compostos indólicos derivados do safrol: os ácidos 5,6-metilinodioxindol-2-il-metanóico (2-AMIM), 5,6-metilenodioxindol-3-il-metanóico (3-AMIM) e o 5,6-metilenodioxindol-3-il-ciano (3-MIC).

METODOLOGIA:

Os ensaios foram realizados em meio MS adicionado de 30 g/L de sacarose, 8 g/L de Agar, suplementados com combinações do regulador de crescimento KIN (6-furfurilaminopurina-cinetina) associado à concentrações dos compostos avaliados conforme descrição dos tratamentos: T1=sem adição de hormônios; T2=0,2 mg.L-1 de KIN; T3=0,2 mg.L-1 de KIN e 2,0 mg.L-1 de AIA; T4=0,02 mg.L-1 de KIN e 2,0 mg.L-1 de AIA; T5=1,0 mg.L-1 de KIN e 0,02 mg.L-1 de AIA; T6=0,2 mg.L-1 de KIN e 2,0 mg.L-1 de 2-AMIM; T7=0,02 mg.L-1 de KIN e 2,0 mg.L-1 de 2-AMIM; T8=1,0 mg.L-1 de KIN e 0,02 mg.L-1 de 2-AMIM; T9=0,2 mg.L-1 de KIN e 2,0 mg.L-1 de 3-AMIM; T10=0,02 mg.L-1 de KIN e 2,0 mg.L-1 de 3-AMIM; T11=1,0 mg.L-1 de KIN e 0,02 mg.L-1 de 3-AMIM; T12=0,2 mg.L-1 de KIN e 2,0 mg.L-1 de 3-MIC; T13=0,02 mg.L-1 de KIN e 2,0 mg.L-1 de 3-MIC; T14=1,0 mg.L-1 de KIN e 0,02 mg.L-1 de 3-MIC. As condições de cultivo foram: pH de 5,8, iluminação de 2500 Lux, fotoperíodo de 16 horas de luz/dia, temperatura de 26± 2°C, durante 56 dias. Foram utilizados explantes foliares de tabaco (Nicotiana tabacum) de 1 cm que sofreram cortes do ápice e do pecíolo. O delineamento experimental foi completamente ao acaso, cada tratamento apresentou 10 repetições. O experimento foi avaliado quanto ao número e tamanho de raízes, número e tamanho de brotos, presença de calos, massa fresca e massa seca de raízes e parte aérea. Os dados foram analisados através do software SAS.

RESULTADOS:

Aos 16º, 24º e 56º dias de cultivo a formação dos maiores números médios de brotos por explante foi observado no meio contendo 0,2 mg.L-1 de KIN, cujos valores foram 5, 34 e 74 brotos, respectivamente. Quanto ao tamanho médio de brotos por explante, aos 16 dias de cultivo obteve-se brotos de 0,12 cm em meio suplementado com 1,0 mg.L-1 de KIN e 0,02 mg.L-1 de 2-AMIM. Aos 24 dias de cultivo o AIA na sua maior concentração apresentou a maior média de tamanho radicular (5,9 cm), nos demais compostos este parâmetro não apresentou diferença estatística significativa. Os resultados até o 24º dia de cultivo mostraram que os compostos testados foram menos efetivos que o padrão em em relação à velocidade de formação das raízes comparativamente aos outros. Contudo, aos 56 dias de cultivo, verificou-se atividade auxínica nos compostos avaliados, pois sua suplementação em meio de cultura levou a formação de raízes. O melhor tratamento relacionando os compostos indólicos quanto a este parâmetro deu-se através do meio com 0,02 mg L-1 de KIN e 2,0 mg L-1 de 3-MIC, o qual permitiu a formação do número médio de raízes igual a 3. Seguidamente o 3-AMIM, na mesma concentração, mostrou-se eficaz na formação de raízes, mesmo não tendo sido verificado diferença estatística significativa. Quanto a indução de raízes, os resultados indicaram que os compostos analisados foram menos eficientes neste parâmetro, comparativamente ao composto padrão (AIA), na mesma concentração equimolar.

CONCLUSÕES:

Diante do exposto verificou-se, no presente trabalho, que ocorreu interação entre auxinas e citocininas, independente de ser o AIA ou os seus compostos análogos, 2-AMIM, 3-AMIM e 3-MIC. Conhecendo-se a complexidade da interação auxina/citocininas, está claramente documentado que auxina regula os níveis de citocininas e vice-versa. O problema com estas observações, bem como com outros estudos de interação auxina/citocinina é a dificuldade de elucidar o que é causa e o que é efeito. Maiores concentrações destes compostos conjuntamente os menores teores equimolares de citocininas levaram a formação de raízes. Sendo assim, o experimento clássico Skoog e Miller (1957) mostrou-se eficiente na avaliação da propriedade reguladora de crescimento vegetal de novos compostos indólicos relacionados ao AIA.

Instituição de fomento: PIBIC/CNPq
Trabalho de Iniciação Científica  
Palavras-chave: reguladores de crescimento vegetal; Nicotiana tabacum; auxinas.
Anais da 58ª Reunião Anual da SBPC - Florianópolis, SC - Julho/2006