O indivíduo amputado pode ter dificuldades em mentalizar corretamente a sua nova estrutura física (esquema corporal). Para estimular a sua percepção são indicados exercícios de estabilização postural. Entre eles o exercício de dissociação de cintura escapular e pélvica. Esse exercício, essencial para o desenvolvimento de uma marcha adequada e equilíbrio muscular durante o desenvolvimento de posturas, pode ser muito facilitado por dispositivos de biofeedback. O biofeedback na reabilitação normalmente se manifesta como um sinal visual e sonoro, estimulando a percepção sensorial do indivíduo para que possa se auto-corrigir facilitando seu aprendizado motor. Tem - se verificado um aumento no aprendizado quando se adquire a capacidade de auto-gerar e regular comportamentos motores específicos para uma determinada situação. O biofeedback, estimula processos cognitivos envolvendo o aprendizado motor pela percepção da ação. O paciente precisa compreender as relações entre o sinal de biofeedback eletrônico e a tarefa funcional desejada, para poder desempenhar o movimento solicitado.

Para realizar corretamente o exercício de dissociação de cintura, a cabeça deve permanecer estável enquanto o tronco realiza uma torsão. Para monitorar os movimentos foi utilizado, uma faixa de neoprene, um corretor postural, uma faixa de velcro, três trenas eletrônicas e um dispositivo eletrônico que aciona, luzes e sinais sonoros. As trenas eletrônicas foram desenvolvidas a partir de trenas de baixo custo nas quais a fita foi substituída por um fio de náilon que movimenta um potenciômetro de precisão. O potenciômetro gira proporcionalmente ao deslocamento do fio. A tensão de saída do potenciômetro aciona luzes vermelhas numa seqüência proporcional à movimentação dos ombros e altera o volume de uma frase musical na mesma proporção até o paciente atingir a meta determinada pelo fisioterapeuta. O fio da 1a. trena parte da esquerda da cintura pélvica, passa por um anel colocado no corretor postural, seguindo para o ombro esquerdo. O fio da 3a. trena parte da direita da cintura pélvica para o anel e deste para o ombro direito. O fio da 2a. trena parte do centro da cintura pélvica para a base do corretor postural e deste até a cabeça. As trenas foram ajustadas com molas ao tamanho do indivíduo de tal forma que qualquer movimento é suficiente para acioná-las.

O dispositivo foi testado por dois(2) voluntários, foi analisado o movimento dos ombros e da cabeça sendo que cada vez que um dos ombros se movimentou, o alarme sonoro disparou. O mesmo aconteceu quando a cabeça se deslocou em relação a cintura pélvica. O som do alarme, diferente para cada ombro e para a cabeça, perdurou enquanto os movimentos errados persistirem. Durante o exercício de dissociação de cinturas a 1a. e 3a. trenas captaram corretamente os movimentos dos ombros e a 2a. trena os movimentos da cabeça tanto de rotação, flexão-extensão, quanto inclinação lateral. O dispositivo não foi acionado, quando o paciente manteve a cabeça e a cintura pélvica alinhadas, e acusou quando o paciente desviava a cabeça do alinhamento com a posição neutra.

O dispositivo mostrou ter sensibilidade suficiente para registrar desvios posturais na coluna cervical e cintura pélvica durante a realização dos exercícios. Esse dispositivo estimulará a percepção sensorial dos voluntários, auxiliando a estabilização postural durante a torsão do tronco, movimento essencial na reabilitação do amputado para o desenvolvimento de uma marcha adequada. Entretanto antes de poder afirmar que o dispositivo possa auxiliar os amputados para melhorar a qualidade de vida, devem ser feitos mais testes.

Trabalho de Iniciação Científica