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C. Ciências Biológicas - 8. Genética - 3. Genética Humana e Médica
ESTILO DE VIDA E SAÚDE DOS PORTADORES DE SÍNDROME DE DOWN EM MARINGÁ (PR)
Jeferson Malgarin  1
Ricardo Sandri Ávila 1
Valéria Eliana Patussi 2
Fábio Rogério Rosado 1
(1. Departamento de Genética Humana / Centro Universitário de Maringá - CESUMAR; 2. Departamento de Genética Humana / Universidade Estadual de Maringá - UEM)
INTRODUÇÃO:

A Síndrome de Down (SD), ou trissomia do cromossomo 21, é sem dúvida o distúrbio cromossômico autossômico mais comum e conhecido entre nascidos vivos. Dentre os distúrbios genéticos, é o principal responsável pelo retardo mental de moderado a severo. A SD pode ser diagnosticada ao nascimento ou logo depois por suas características dismórficas, variando entre os pacientes, mas apesar disso, produz um fenótipo distintivo. O diagnóstico clínico desta síndrome não apresenta dificuldades devido às características dos portadores. O acometimento por doenças infecciosas é alto, com maior freqüência as infecções respiratórias. As cardiopatias congênitas também estão associadas a essa síndrome. Entretanto, a cariotipagem (disposição dos cromossomos, ordenados de acordo com o tamanho) é indicada para confirmar o diagnóstico e fornecer a informação genética básica deste distúrbio. Apesar de muito se conhecer atualmente sobre as causas da Síndrome de Down, suas conseqüências e os mecanismos moleculares envolvidos na manifestação da mesma, pouco se conhece em relação às estatísticas locais referentes aos últimos dez anos e como esses portadores estão vivendo em nossa cidade e região. Este trabalho pretende catalogar diversos dados referentes ao estilo de vida e a saúde dos portadores da síndrome, objetivando a criação de um banco de dados que poderá ser utilizado em estudos posteriores.

METODOLOGIA:

Procuramos a Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (APAE) de Maringá que atendia a portadores de SD. Noutro instante realizaram-se contatos com a direção e pessoal técnico da APAE para comunicação de pais sobre os objetivos da pesquisa, ressaltando-se a importância da sinceridade nas respostas para a melhoria do trabalho com os alunos/pacientes. A amostra de 44 pacientes formada com os alunos que permaneceram integralmente na APAE no período de 1993 a 2003. Adotou-se a conduta de integralidade de alunos no período para evitar interferentes nos dados coletados, os quais poderiam gerar resultados falsos para os itens que analisavam o desenvolvimento dos portadores. A metodologia empregou métodos investigativos com análises de prontuários, aplicação de questionários e entrevista. Nos prontuários coletou-se: data de nascimento, sexo, idade, presença de cardiopatias congênitas e realização de cariotipagem; e, quanto aos pais destes, a idade no período da gestação. O questionário e a entrevista, contendo dados a respeito do portador e seus genitores, utilizados com itens respondidos pelos pais ou responsáveis, respectivamente. Essa metodologia foi desenvolvida parte na instituição com data e horários previamente agendados, e parte nas residências dos portadores, devido à dificuldade de alguns pais ou responsáveis em se locomoverem até a instituição, sendo esses data e horários também agendados.

RESULTADOS:

Os 44 prontuários de portadores revelaram que 26 são do sexo masculino e 18, do feminino. Há presença de cardiopatias congênitas em 22,7%, e 77,3% não apresentavam. Possuem idade média de 11,7 anos. Quanto à etnia, 75,0% são brancos, 16,7% negros, 8,3% pardos. O peso médio ao nascimento é de 2,876kg e o tamanho, de 45,77cm. O parto em 70,83%, foi por cesariana, e 29,17%, natural. Fazem uso de medicamentos contínuos e aparelhos corretivos. Cirúrgicas foram realizadas em 45,83%. Quanto aos pais, a idade média materna na gestação foi de 30,9 anos, e a paterna, de 33,9 anos. A escolaridade dos pais foi de baixo a médio nível. A renda familiar encontra-se com 50% na faixa de 1 a 3 salários mínimos. Nas famílias foram encontrados de 25% relatos de outros casos de SD. A interação do portador com o meio apresenta-se desequilibrada. A alfabetizaram-se 45,83% dos casos. Após a descoberta de SD, 83,33% dos pais procuraram associações especializadas, submeteram os portadores a cirurgias e fizeram tratamento particular, e 16,67% só buscaram informações. Dificuldades para lidar com os portadores são alimentação, comportamento, baixa imunidade, dificuldade cirúrgicas, hipotonia, deslocamento e acometimento do sistema respiratório. Os portadores demonstram afinidades por arrumar a casa, assistir a TV, ouvir música, passear, brincar, pintar, escrever, dançar e freqüentar encontro de jovens. Possuem habilidades como dançar, cantar, praticar esporte, desenhar, tocar música, artesanato.

CONCLUSÕES:

Muito ainda tem que ser feito em pesquisas com famílias de crianças que apresentam algum tipo de deficiência, particularmente no Brasil. É evidente também a necessidade de um apoio psicológico a esses portadores e suas famílias, elaborado com base nas interações familiares, o que facilitará o processo de integração do portador de forma mais adequada, principalmente, se este apoio vier de programas de intervenção direcionados a essa população específica. Assim, é de fundamental importância o apoio de uma equipe multiprofissional, incluindo o psicólogo, no momento de comunicar o diagnóstico aos genitores, médico para o acompanhamento e diagnóstico, demais profissionais da área da saúde para o envolvimento da terapêutica precocemente, que devem, aos poucos, e, dependendo dos recursos sócio-economico-culturais da família, acomodar e integrar o portador de SD. Ainda há pouca afinidade do portador da SD em relacionar-se com pessoas do meio e baixo envolvimento nas atividades esportivas ou de recreação, estando seu lazer focado em atividades passivas. Nosso estudo apresentou o estilo de vida e saúde dos portadores de SD bem como sua interação com a sociedade; mostrou alguns casos de precocidade de progenitores, onde ressaltamos a importância do diagnóstico precoce para possibilitar a terapêutica que, nesses casos, trouxe benefícios psico-motores e educacionais importantes, gerando melhoras na qualidade de vida e a possibilidade da inclusão social destes.

Instituição de fomento: Programa de Bolsas de Iniciação Científica do Cesumar (PROBIC) / CESUMAR – Centro Universitário de Maringá
Trabalho de Iniciação Científica  
Palavras-chave: Estilo de Vida dos Pacientes; Síndrome de Down; Anomalia Genética.
Anais da 58ª Reunião Anual da SBPC - Florianópolis, SC - Julho/2006