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D. Ciências da Saúde - 4. Odontologia - 5. Odontologia Social e Preventiva

PREVALÊNCIA E SEVERIDADE DAS ALTERAÇÕES OCLUSAIS EM ESCOLARES DE 12 A 15 ANOS DE SALVADOR, BAHIA, BRASIL, 2004.

Laíra Sá Lopes  1
Saulo Régis de Oliveira Júnior  1
Ana Prates Soares  1
Thaís Régis Aranha Rossi 1
André Luis Gomes Moreira 1
Maria Cristina Teixeira Cangussu  1
(1. Faculdade de Odontologia, Universidade Federal da Bahia / FOUFBA)
INTRODUÇÃO:

Inúmeros pesquisadores, nos últimos anos, têm ressaltado a necessidade de se conhecer a situação epidemiológica das oclusopatias, de forma a permitir o direcionamento de atitudes preventivas ou curativas pelo setor saúde, visto que parece ser crescente a demanda por tratamento ortodôntico na sociedade contemporânea. Entretanto, o grande número de indicadores tem tornado difícil a comparação dos resultados obtidos em diferentes regiões, além de, em muitas regiões, não existirem dados epidemiológicos sobre esse problema de saúde. Dentre as classificações mais utilizadas para o diagnóstico das alterações oclusais, têm-se a de Angle, dividida em quatro categorias; o registro individual de desvios morfológicos, como as mordidas cruzadas posteriores e anteriores, a mordida aberta anterior, o apinhamento dentário, entre outros. Mais recentemente, na tentativa de uniformizar os dados epidemiológicos produzidos sobre as alterações oclusais, a Organização Mundial da Saúde adotou, em 1997, o Dental Aesthetic Index (DAI) - Índice de Estética Dentária (IED), que registra dez condições a serem observadas nos indivíduos, referentes a dentição, espaço e oclusão. Este trabalho buscou determinar a prevalência e a severidade de alterações oclusais em escolares de 12 a 15 anos de Salvador - Bahia, através de um levantamento epidemiológico de base populacional, utilizando-se como indicadores a classificação de Angle, o IED e o registro dos desvios morfológicos dentários e faciais.

METODOLOGIA:

Um total de 2100 escolares na faixa etária de 12 a 15 anos, selecionados através de uma amostra aleatória, representativa para o município de Salvador nessa faixa etária foram examinados por seis examinadores previamente calibrados. A coleta de dados foi realizada em ambiente escolar, utilizando-se uma ficha desenvolvida para este estudo. Foram obtidas as seguintes informações: Dados gerais: nome, data de nascimento, endereço de residência, nome da escola, tipo de financiamento da escola (pública, privada), escolaridade dos pais, etnia, uso anterior ou atual de aparelho ortodôntico, história de hábitos deletérios. Exame clínico: foram inspecionadas as condições oclusais segundo a classificação de Angle, o Índice de Estética Dentária e a presença de desvios morfológicos não identificados pelos indicadores anteriores. Os dados foram digitados e armazenados num banco de dados criado no programa MINITAB, onde se procedeu a análise. Conduziu-se a caracterização da população de estudo e das alterações oclusais no município, apresentadas segundo condição de necessidade de tratamento do IED; proporção da amostra segundo a classificação de Angle; desvios morfológicos clínicos de maior ocorrência. O teste estatístico do Qui-quadrado com um nível de significância de 5% foi utilizado para identificar diferenças entre as prevalências das alterações oclusais, segundo os indicadore utilizados.

RESULTADOS:

Predominaram, na amostra: alunos de escolas públicas, etnia parda, sexo feminino, provenientes de famílias em que os pais possuíam pouca escolaridade. Dentre os hábitos deletérios associados à presença de alterações oclusais, identificou-se em maior proporção, o uso de chupeta, sucção do dedo após os cinco anos de idade, onicofagia, presença de respiração oral, interposição lingual e o uso de mamadeira por mais de 5 anos. Os dados obtidos através do Índice de Estática Dentária apontam que 54,24% dos adolescentes se enquadram na categoria sem necessidade de tratamento. As demais categorias tiveram as seguintes expressões: tratamento eletivo, 26,29%; tratamento desejável, 8,29%; e tratamento mandatório, 11,18%. Dentre os indivíduos examinados, 82,23% apresentaram desvios na relação molar, segundo a classificação de Angle, com 39,67% na Classe I; 19,01% na Classe II e 23,55%, Classe III. Na distribuição dos desvios morfológicos, o desvio de linha média teve a maior ocorrência (30,33%), seguido da sobremordida (17,48%) e mordida cruzada posterior (13,14%). Os componentes do Índice de Estética Dentária que tiveram maior freqüência nas categorias de maior necessidade de tratamento foram o overjet maxilar (91,95% tratamento desejável e 91,06% tratamento mandatório), seguido do apinhamento dentário anterior (71,84% e 75,14). Nota-se que a expressão dos desvios na relação molar antero-posterior aumenta à medida que há maior necessidade de tratamento.

CONCLUSÕES:

Em busca do estabelecimento de políticas adequadas para o tratamento das maloclusões no País, é nítida a preocupação atual sobre esse tema na literatura. Porém ainda são poucos os estudos com utilização de indicadores que estabeleçam parâmetros de severidade, como o Índice de Estética Dentária. Tendo em vista o impacto que a má oclusão pode representar na qualidade de vida dos indivíduos, a realização de mais estudos com utilização desse índice é essencial para a implementação de ajustes que o tornem adequado para a população brasileira, favorecendo a comparação com os resultados obtidos em regiões distintas.

Instituição de fomento: PIBIC / CNPq
Trabalho de Iniciação Científica  
Palavras-chave: má oclusão; epidemiologia; odontologia em saúde coletiva.
Anais da 58ª Reunião Anual da SBPC - Florianópolis, SC - Julho/2006