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E. Ciências Agrárias - 6. Zootecnia - 2. Nutrição e Alimentação Animal

CONSUMO E DEGRADABILIDADE DOS NUTRIENTES DO FENO DE Brachiaria brizantha EM NOVILHOS NELORE SUPLEMENTADOS COM NÍVEIS CRESCENTES DE URÉIA

Everton Ronaldo Cacere  1
Andréa Roberto Duarte Lopes Souza 2
Fábio Arguelo Biberg  2
Maurílio Massaharu Oshiro  2
Rafaele Alcântara da Silva  2
Maria da Graça Morais  3
(1. Curso de Zootecnia, bolsista de Iniciação Científica CNPq – PIBIC 2004/05, UFMS; 2. Graduando do curso de Zootecnia, da UFMS; 3. Departamento de Produção Animal, Professora Doutora da UFMS. )
INTRODUÇÃO:

Os ruminantes apresentam grande eficiência no aproveitamento de alimentos lignocelulósicos, e graças à adaptação morfofisiológica do seu aparelho digestivo os nutrientes das diferentes frações digestíveis presentes nas espécies de forrageiras são utilizados pelos ruminantes. O consumo de matéria seca de gramíneas pode ser influenciado pela composição química. Neste contexto, a suplementação alimentar representa uma ferramenta para melhorar o consumo de gramíneas de baixa qualidade. A suplementação com compostos nitrogenados não-protéicos, como a uréia, pode aumentar o consumo do material fibroso. Além do valor nutritivo do vegetal, o consumo depende de um eficiente processo de digestão do alimento, pois a velocidade de degradação de um alimento está relacionada ao tempo de permanência deste no rúmen e com sua taxa de passagem para os outros compartimentos. O objetivo do presente trabalho foi avaliar o consumo e a degradabilidade ruminal da MS e da FDN em novilhos Nelore, alimentados com feno de baixa qualidade suplementados com diferentes níveis de uréia.

METODOLOGIA:

O experimento foi realizado nas dependências do Núcleo de Ciências Veterinárias da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, utilizando 5 novilhos Nelore fistulados no rúmen, com peso médio inicial de 370 kg, os quais permaneceram em baias individuais.

Avaliou-se cinco diferentes níveis protéicos suplementares, tendo como dieta básica o feno de Brachiaria brizantha, cv. MG4 de baixa qualidade (91,59% MS; 5,68% PB; 82,03% FDN; 39,2% NDT).

O tratamento controle recebeu apenas feno (P0), sendo que os demais tratamentos consistiram da adição, via cânula ruminal, de quantidades crescentes de nitrogênio não-protéico fornecido pela mistura de uréia, sulfato de amônio e caseína, nas proporções de 4,5:0,5:1, de maneira a elevar, gradativamente, o nível de proteína bruta da dieta basal em 2% (P2), 4% (P4), 6% (P6) e 8% (P8).

Os tempos de incubação utilizados foram 0, 3, 6, 9, 12, 18, 24, 30, 36, 48, 72 e 96 horas. Os resíduos obtidos da incubação dos sacos de náilon, assim como as amostras do fornecido e das sobras, foram utilizados para determinação dos teores de matéria seca (MS), proteína bruta (PB), fibra em detergente neutro (FDN) e para os cálculos de degradabilidade ruminal.

A degradabilidade da MS e do FDN foram calculadas através da equação descrita por Orskov & McDonald (1979). As análises estatísticas das variáveis foram realizadas no programa SAS (1996), com o delineamento de quadrado latino 5x5 (5 tratamentos x 5 períodos).

RESULTADOS:

Os resultados para os consumos de nutrientes revelou que o maior consumo de matéria seca (CMS) ocorreu no tratamento P4 com valores de 7,74 kg/dia e 19,5g/kg PV e houve redução para os tratamentos P6 e P8, cujos valores foram de 7,30 kg/dia, 18,4g/kg PV e 6,87kg/dia, 17,3g/kg PV, respectivamente. As reduções de consumo dos tratamentos P6 e P8 foram devidas aos teores mais elevados de uréia. Koster et al. (2002), estudando o efeito de níveis crescentes de uréia encontraram resultados semelhantes com bovinos de corte. Os consumos de matéria orgânica (CMO), de FDN (CFDN) e de extrato etéreo (CEE) apresentaram comportamento semelhante ao CMS. O decréscimo destes nutrientes pode ser explicado pela redução no consumo de MS e consequentemente menor ingestão de MO, FDN e EE. O acréscimo gradativo de uréia nas dietas promoveu valores mais elevados de degradabilidade efetiva da MS e do FDN em todas as taxas de passagem (K) estimadas para 2; 5 e 8%/hora. As taxas fracionais de degradação (c) da matéria seca e da FDN foram mais rápidas para o tratamento P4 (0,0346 e 0,0336), ou seja de 3,46 e 3,36 %/hora, respectivamente, favorecendo esvaziamento mais rápido do rúmen, justificando os valores mais elevados obtidos para o consumo de matéria seca deste tratamento. Associando os resultados de consumo e degradabilidade evidencia-se que a suplementação de nitrogênio ao feno utilizado proporcionou um ambiente ruminal mais adequado, favorecendo a ação das bactérias fibrolíticas degradarem com mais eficiência a matéria seca e a fração dos carboidratos fibrosos potencialmente degradados do volumoso até o nível de inclusão de 4% de PB na forma de nitrogênio não-protéico.

CONCLUSÕES:

Para bovinos de corte em fase de terminação alimentados com feno de baixa qualidade recomenda-se a adição máxima de 4% de proteína bruta na forma de uréia.

Instituição de fomento: Fundação de Apoio ao Desenvolvimento do Ensino, Ciência e Tecnologia do Estado de Mato Grosso do Sul
Trabalho de Iniciação Científica  
Palavras-chave: consumo; digestibilidade; nitrogênio não-protéico.
Anais da 58ª Reunião Anual da SBPC - Florianópolis, SC - Julho/2006