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F. Ciências Sociais Aplicadas - 12. Serviço Social - 7. Serviço Social

PULVERIZAÇÃO NO FINANCIAMENTO E GASTO DA ASSISTÊNCIA SOCIAL: AUSÊNCIA DE CONTROLE SOCIAL EFETIVO PELO CNAS?

Mariana de Sousa Machado 1
Ivanete Boschetti 1
(1. Departamento de Serviço Social, Universidade de Brasília / UnB)
INTRODUÇÃO:

Por meio do projeto A Seguridade Social Dilapidada: Elementos Determinantes de sua Fragmentação no Brasil buscamos investigar os elementos determinantes da não materialização da seguridade social, sobretudo no seu financiamento. Visamos identificar as fontes e o destino dos recursos, ou seja, verificar quais benefícios e políticas são privilegiadas na distribuição dos recursos, bem como identificar o montante do orçamento que não é aplicado à seguridade. Neste subprojeto abordamos a pulverização dos recursos federais da Função Assistência Social que, ao invés de serem totalmente alocados no Fundo Nacional de Assistência Social – FNAS, difundem-se por diversas áreas e ministérios.

METODOLOGIA:

Em consulta ao banco de dados do SIAFI/STN, analisamos os anos de 2000 a 2004, quando a assistência passa ser uma função específica no banco. Foi-nos permitido manter correspondência de ações, projetos e atividades para análise da origem e do destino dos recursos do Governo Federal destinados à função Assistência Social (Função 08), o montante dos recursos nominais e os Projetos/Atividades relacionados. A escolha de análise do financiamento da Assistência Social justifica-se pela necessidade, já revelada em pesquisa anterior, de se avançar na análise do financiamento e do gasto de ações do FNAS e também daquelas que recebem recurso da Função 08, mas que não estão alocadas neste Fundo.

RESULTADOS:

O quadro da Assistência Social esteve, ao longo dos anos, embaçado em virtude da imprecisão conceitual, do não reconhecimento como política pública e, portanto, concorrendo suas ações com projeto e atividades que não constituem ações de assistência social. O desconhecimento da origem e do destino dos recursos, a inexistência de fontes próprias de financiamento e de um fundo dificultou o controle e o acompanhamento por parte da população. Verificamos que os recursos desta Função encontram-se espalhados pelas diversas instâncias governamentais ao invés de serem alocados no FNAS e, assim, isentos de controle social por parte do Conselho Nacional de Assistência Social – CNAS. Ao apontar a direção dos recursos da Função 08, a pesquisa revela que a atuação do CNAS limita-se a acompanhar os recursos públicos alocados apenas no FNAS e mostra a ausência de controle sobre ações consideradas como assistenciais pelo Governo Federal, mas que são implementadas por outras unidades orçamentárias. Torna-se fundamental, portanto, não apenas ao CNAS como à população em geral, compreender e dar visibilidade às ações que não se submetem a este circuito, mas que absorvem recursos da função assistência. A própria União, ao alocar no orçamento da Assistência serviços e benefícios diversos, que passam pelo atendimento às necessidades de saúde, alimentação, educação, trabalho, lazer, e até mesmo assistência jurídica, dentre outros, pulveriza recursos e não fortalece a Política de Assistência Social.

CONCLUSÕES:
Os direitos da política de assistência previstos constitucionalmente reforçam o Estado Social, pois garantem direitos objetivos, sistemáticos e planejados; entretanto, a fragmentação e focalização de ações e a pulverização de recursos em ações descontínuas e sem critérios claros fragilizam o Estado Social e fortalecem o clientelismo. Esta tendência coloca em risco a própria concepção de Seguridade Social, chegando a infringir a democracia e princípios fundamentais de dignidade da pessoa humana.
Instituição de fomento: CNPq/PIBIC/UnB
Trabalho de Iniciação Científica  
Palavras-chave: Assistência Social; Controle Social; Financiamento.
Anais da 58ª Reunião Anual da SBPC - Florianópolis, SC - Julho/2006