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G. Ciências Humanas - 4. Geografia - 2. Geografia Regional

MONITORAMENTO SOCIOAMBIENTAL DOS SISTEMAS DUNARES COSTEIROS DE SERGIPE.

Anízia Conceição de Assunção Oliveira  1
Rosemeri Melo e Souza  2
(1. Graduanda em Geografia Bacharelado. Bolsista PIBIC-CNPq – DGE/UFS; 2. Profª Drª do DGE e do Mestrado em Desenvolvimento e Meio Ambiente–PRODEMA/UFS)
INTRODUÇÃO:

As dunas costeiras são feições geomorfológicas marcantes do ambiente litorâneo. Ao apresentarem uma dinâmica específica regulada por fatores estruturantes, contribuintes expressivos na permanência do equilíbrio dunar, os sistemas dunares exercem serviços ambientais importantes na manutenção do controle entre os processos deposicionais e erosivos em uma praia. Devido às pressões de uso sobre a zona costeira muitos campos de dunas foram alterados irreversivelmente.Os sistemas dunares costeiros de Sergipe apresentam mudanças nas características biofísicas em virtude de processos que tanto podem se reportar às interferências de caráter antrópico quanto as de natureza biofísica. No caso de Sergipe, os mecanismos de pressão antrópica representados essencialmente pelos conflitos de uso e ocupação são os fatores mais ameaçam a integridade das feições. A pressão de uso associada ocupação desordenada do litoral e a ineficácia das medidas de proteção recentes são os indicadores mais expressivos para a avaliação da vulnerabilidade das dunas sergipanas. Como continuidade de um estudo que propôs geoindicadores socioambientais para avaliação da vulnerabilidade biofísica, o monitoramento socioambiental dos sistemas dunares costeiros de Sergipe visou o acompanhamento e a análise integrada dos condicionantes biofísicos e antrópicos intervenientes na intensidade das agressões das dunas em porções Norte, Centro e Sul do litoral sergipano.

METODOLOGIA:

O monitoramento socioambiental parte da comparação entre os níveis médios de vulnerabilidade encontrados a partir da aplicação de listas de controle de campo (field check lists) em cada período e segmento do litoral de Sergipe. As check lists são organizadas em 46 variáveis e divididas em 5 seções: sítio e morfologia dunar, características da praia, características da superfície dunar nos primeiros 200 m, pressões de uso pelos diversos utilizadores e medidas de proteção recentes. Por meio do registro de campo, as check lists permitem o desenvolvimento de cálculos de vulnerabilidade em setores específicos da área estudada a partir da atribuição de valores as variáveis e da categorização dos resultados em distintos níveis de vulnerabilidade estabelecidos segundo a adaptação do Programa ELOISE/DUNES da União Européia. Como forma de visualizar as diferenças encontradas entre os níveis de vulnerabilidade de cada trecho estudado optou-se por gráficos comparativos que expõem os percentuais encontrados em cada setor de aplicação. Como complemento das análises dos processos relacionados aos indicadores de vulnerabilidade dunar desenvolveram-se matrizes de sensibilidade biofísica. Tais matrizes são compostas por múltiplos elementos relacionados a fatores e processos que interagem e promovem efeitos impactantes representados por resultados que se diferenciam pela intensidade e freqüência de danos.

RESULTADOS:

Quanto aos resultados, o Litoral Norte apresentou grau 27.54% no primeiro ano e 22,44% no segundo, ambos perfazendo nível 1 de vulnerabilidade em que os sinais de degradação não são tão significativos. O caráter das feições encontradas no Litoral Norte remonta a algumas associações de desequilíbrio quando há ligação entre a intensidade de circulação eólica e processos de acresção/erosão dunar. A vegetação mesmo encontrando condições propícias ao seu desenvolvimento em virtude de variados níveis de umidade não exerce fator controlante para a estabilização das dunas. No Litoral Sul o grau de vulnerabilidade geral obtido foi de 41,00% primeiro ano e 42.22% no segundo, nível 2. Das cinco seções observadas mais diferenças foram encontradas na seção D (Pressões de uso). As ameaças de degradação representadas pelos atributos enumerados expõem a necessidade de certa restrição a uma maior utilização antrópica visando deter os efeitos degradantes já em curso. No Litoral Centro, campo dunar de Aracaju, dentre os efeitos negativos que as infra-estruturas da Orla de Atalaia podem gerar tem-se como maior dano a impossibilidade de recomposição dos campos dunares em virtude da ausência de alimentação eólica pelas barreiras antrópicas neles localizados e que remontam a uma situação de degradação severa e generalizada com possíveis conseqüências a longo prazo no perfil de praia pela interferência no balanço de sedimentos provenientes da fonte de alimentação praia-duna.

CONCLUSÕES:

Quanto aos resultados globais da vulnerabilidade biofísica dunar alcançados no transcurso da pesquisa, esta identificada como um componente relevante para o processo de avaliação ambiental, há sinais de mudanças no conjunto do sistema nos setores de estudo do Litoral Norte, expressivas condições de sensibilidade nos segmentos referentes ao Litoral Sul e mecanismos de degradação significativa nas porções do Litoral Centro em tão curto período de acompanhamento. Tais alterações expressam a necessidade de certa restrição a uma maior utilização antrópica visando deter os efeitos degradantes já em curso. Para isso, recomendam-se medidas emergentes de proteção visto a necessidade de um sistema de acompanhamento sistemático gerando assim melhor controle ambiental associado a conservação e recuperação de áreas dunares já degradadas com intuito de preservar a riqueza natural do lugar. As perturbações que ocorrem na zona costeira, em virtude dos processos de apropriação desses espaços geram um quadro conflitante no que diz respeito a adoção de uma gestão integrada visando a conservação de ecossistemas relevantes como os campos de dunas.

Instituição de fomento: Pesquisa financiada pelo PIBIC-CNPq/UFS
Trabalho de Iniciação Científica  
Palavras-chave: Monitoramento Socioambiental; Vulnerabilidade Biofísica; Dunas Costeiras.
Anais da 58ª Reunião Anual da SBPC - Florianópolis, SC - Julho/2006