Este trabalho propõe uma reflexão sobre o gênero masculino e suas representações na mídia impressa, neste início de século, em que as mulheres ocupam, cada vez mais, espaços sociais antes destinados aos homens. Os estudos sobre gênero – masculino e feminino – têm dado contribuição para o estudo do ser humano, do mundo em que vivemos e dos valores que regem a conduta humana. Esta pesquisa, além de contribuir para a compreensão do texto jornalístico e de sua relação com a linguagem, objetiva contribuir para o aprimoramento do senso crítico dos leitores envolvidos. O comportamento masculino, que durante séculos brilhou como padrão, atualmente tornou-se alvo de olhares atentos e passou a interessar pesquisadores de diversas áreas.

Estudamos o novo homem e a construção de sua imagem em um gênero textual (a carta) publicado em um veículo dedicado à figura masculina. Examinamos as cartas da redação e as cartas dos leitores em doze exemplares (de 2005 a 2006) de uma publicação segmentada, a revista UM – Universo Masculino, da Editora Símbolo, de tiragem mensal, sob o suporte teórico da Análise do Discurso de linha francesa. Delineamos o perfil do leitor da revista, masculino, por meio da análise da correspondência que envia ao periódico, bem como pelas marcas observadas no diálogo estabelecido com ele nas cartas da redação.

A crise de identidade por que passam os homens, hoje, vai sendo amenizada pela cumplicidade da mídia, pois os homens estão falando de assuntos antes considerados femininos, como beleza e moda, ao mesmo tempo em que expõem suas dúvidas sobre o relacionamento com o sexo oposto. Há, também, aqueles que preferem tratar de assuntos como automóveis e mulheres nuas, mostrando que convivem os dois tipos de modelo masculino: o tradicional e o moderno.

Mesmo assim, as características do homem contemporâneo são diferentes em relação às do passado. Hoje, ele é mais sensível e menos autoritário. O universo masculino está repleto de novidades, os homens estão saindo do silêncio sobre seus anseios e interesses e transformando as relações entre os gêneros.