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H. Artes, Letras e Lingüística - 2. Letras - 3. Línguas Estrangeiras Modernas

PRÁTICAS PEDAGÓGICAS QUE PRIVILIGIAM AS MÚLTIPLAS INTELIGÊNCIAS NO ENSINO DE LÍNGUA ESTRANGEIRA

Gisele Feuser 1
Marly Krüger de Pesce 1
(1. Universidade da Região de Joinville - Univille)
INTRODUÇÃO:

Como incentivar os alunos para o aprendizado da língua estrangeira? Essa é uma pergunta que certamente muitos professores se fazem na hora de preparar sua aula. Quando um aluno se sente motivado porque seu professor, alguma situação ou outra pessoa o incentivou, é porque ele encontra um objetivo para aprender determinado assunto e esse aprendizado irá trazer alguma recompensa/benefício a longo prazo ou a curto prazo. Existem várias técnicas que um professor pode utilizar como recurso para incentivar os alunos, uma delas seria através da teoria de Howard Gardner. Foi na década de 80 que este psicólogo e pesquisador propôs a teoria das múltiplas inteligências. Gardner afirma que existem sete tipos de inteligências: lingüística, lógico/matemática, espacial/visual, corpóreo/cinestésica, musical, interpessoal, intrapessoal. Pesquisas continuam sendo feitas e outros teóricos já estão cogitando a existência de outros tipos de inteligência. Nessa perspectiva, este projeto objetivou observar se a identificação, pelo professor, do tipo de inteligência dos alunos, pode facilitar o incentivo através de atividades que enfoquem determinada inteligência, uma vez que, muitos professores encontram dificuldades para incentivar seus alunos.

 

 

METODOLOGIA:

Esta pesquisa de caráter qualitativo desenvolveu-se em uma instituição de ensino particular, com dois professores de língua inglesa, sendo um do ensino fundamental e outro do ensino médio, e duas turmas de cada um dos professores envolvidos. Para a escolha dos dois professores, que se mostravam mais familiarizados com a teoria das múltiplas inteligências de Gardner, fez-se um diagnóstico com trinta e oito professores de língua inglesa de várias escolas de Joinville. O instrumento continha quatorze diferentes atividades privilegiando um tipo de inteligência. Os dados tabulados e analisados serviram de base para a seleção dos dois professores que mais consideravam a teoria de Gardner. Após aceite dos dois professores escolhidos, os alunos (oitava série e segundo ano do ensino médio) responderam o “Questionário para identificação das aptidões dominantes” (MIRANDA, 1997, p.105), a fim de verificar que tipo de inteligência era dominante em cada turma. A opção por este instrumento foi devido à clareza das questões e a forma de agrupar as características dominantes. Em seguida, dois professores foram entrevistados com o intuito de verificar se consideravam o tipo de inteligência da maioria dos alunos ao preparar as atividades. Depois disso, aplicou-se o mesmo questionário proposto por Miranda para verificar a inteligência dominante dos professores. A análise do corpus considerou a relação entre os dados obtidos nos questionários e os registros das entrevistas dos professores.

RESULTADOS:

O diagnóstico mostrou que 61% conhecem de forma satisfatória e 26% têm bom conhecimento da teoria. Esse dado aponta que a maioria dos professores parece levar em conta alguns aspectos da teoria, mesmo de forma inconsciente, ao privilegiar atividades variadas onde diferentes aptidões se sobressaem. O resultado  do questionário dos alunos apontou que há uma predominância da inteligência criativa/interpessoal que pode ser justificada pela idade em que se encontram. Na fase da adolescência, a amizade e a aceitação do grupo são fundamentais. Todavia também se percebe que os demais tipos de inteligência apresentaram um resultado equilibrado. Isso significa que se o professor pode planejar as atividades levando em conta os diversos tipos de inteligências. O questionário dos professores indica uma predominância da inteligência operacional, o que pode levá-lo a proporcionar atividades que tenham características que contemplem a sua característica dominante. As respostas nas entrevistas dos professores confirmaram que ambos conhecem a teoria das múltiplas inteligências e acreditam que a internalizaram de forma que ao selecionar um tipo de atividade já estão privilegiando algumas delas inconscientemente. Um dos professores admite que sua abordagem é mesclada com o tradicional de dar aula. Já o professor comenta que, no ensino médio, as atenções são voltadas para o vestibular, então a leitura e compreensão de texto se sobressaem.

CONCLUSÕES:

Através das respostas dos dois professores, percebemos que as atividades que despertam o lado criativo não são muito desenvolvidas. Isso pode ser explicado pelos resultados do teste dos professores que apontam um outro tipo de inteligência dominante diferente da dos alunos. Outro aspecto a ser considerado é que os dois professores, embora conhecendo a teoria das múltiplas inteligências, desconheciam o seu próprio tipo de inteligência dominante e também de seus alunos. Isso tudo pôde fazer com que o professor não conseguisse  planejar atividades que pudessem incentivar/ motivar seus os alunos para a aprendizagem da língua inglesa. Portanto, é significativo que o professor saiba qual é o seu tipo de inteligência dominante e de seus alunos, já que dessa forma pode trazê-los mais próximos de uma motivação mais completa e não afastá-los na hora de tentar incentivá-los/ motivá-los para a aprendizagem. Estar consciente da existência da teoria e considerá-la na preparação das aulas poderá ajudar o professor a buscar novas formas de conseguir se libertar da maneira tradicional de ensinar.

Trabalho de Iniciação Científica  
Palavras-chave: Múltiplas inteligências; Prática pedagógica; Motivação.
Anais da 58ª Reunião Anual da SBPC - Florianópolis, SC - Julho/2006