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E. Ciências Agrárias - 1. Agronomia - 4. Fitotecnia

MEDIDAS DE EMERGÊNCIA DE PLÂNTULAS DE Kielmeyera coriacea MART. (CLUSIACEAE)

Marcela Bueno de Mattos 1
Denise Garcia de Santana 1
(1. Universidade Federal de Uberlândia/UFU)
INTRODUÇÃO:

Kielmeyera coriacea (Spreng) Mart., conhecida popularmente como pau-santo, tem caducifolia, é típica de áreas mais abertas de Cerrado, endêmica da América do Sul, mais freqüente no cerrado do Centro Oeste do Brasil e distribuída no cerrado sentido restrito, cerradão e campo sujo. Tem a capacidade de crescimento secundário do caule, com acúmulo de espessas camadas de células, denominada de súber ou cortiça. O polimorfismo entre indivíduos é visível e este é, em parte, justificado pela xenogamia do seu sistema reprodutivo, pelo forte grau de auto-incompatibilidade e pela ausência de barreiras reprodutivas nos cruzamentos intra e inter-varietais. Assim, a análise do processo de emergência com amostras formadas pela mistura de indivíduos pode superestimar ou subestimar os valores médios do processo e dificultar a identificação da variabilidade entre indivíduos. Portanto, o objetivo do trabalho foi quantificar a variabilidade intraespecífica de indivíduos de K. coriacea por meio de medidas associadas ao processo de emergência de plântulas oriundas de sementes recém-colhidas.

METODOLOGIA:

O teste de emergência das plântulas foi realizado em outubro de 2003, em delineamento de blocos casualizados, com três repetições. Quatro indivíduos (1, 2, 3 e 4), três reguladores de crescimento (nitrato de potássio a 0,2%, ácido giberélico (GA3) e citocinina a 10 µg mL-1) e a testemunha (água destilada) foram arranjados num esquema fatorial 4 x 4, com parcelas constituídas de 32 sementes. As sementes de cada indivíduo permaneceram embebidas no escuro por 24 horas, em 50 mL das soluções dos reguladores de crescimento e em água destilada para a testemunha. Após a embebição, as sementes foram dispostas em bandejas multicelulares® (128 células) contendo mistura de substrato comercial (Plantmax®) e vermiculita (volume de expansão de 0,1 m3) na proporção 1:1. O teste foi conduzido em estufa entre médias de temperatura mínima e máxima de 21,0 ± 1,55 oC e 38,6 ± 4,12 oC, respectivamente. A contagem das plântulas emergidas foi feita diariamente, iniciada 24 horas após a instalação do experimento, sendo adotado como critério de emergência o surgimento dos cotilédones acima do solo.

RESULTADOS:

Os percentuais de emergência das plântulas de K. coriacea mostraram-se elevados e nenhuma diferença significativa foi encontrada entre os indivíduos e entre os reguladores de crescimento, incluindo a testemunha. O início da emergência foi tardio e se estendeu por muitos dias, com tempos médios que variaram entre 16 e 22 dias. Independente dos tratamentos, plântulas oriundas das sementes do indivíduo 3 apresentaram os menores tempos médios de emergência, e quando embebidas em GA3 a 10 m g mL-1 dispersaram mais a emergência em torno do tempo (CVt=39,9%) em relação às demais. Valores do coeficiente de variação do tempo acima de 20% para os indivíduos dentro de cada tratamento indicam que os indivíduos são heterogêneos quanto a essa característica e tendem, de maneira diferenciada, dispersar a emergência ao longo do tempo. Ao considerar que velocidade média é o inverso do tempo médio de emergência, plântulas originadas das sementes do indivíduo 3 apresentaram emergência mais rápida, e portanto, plântulas mais vigorosas independente dos reguladores de crescimento. O mesmo ocorreu quando mediu-se pela velocidade de emergência. Baixos valores encontrados para o índice de sincronização (Z<0,104) na emergência de plântulas de K. coriacea indicam uma baixa freqüência de plântulas emergidas num mesmo dia.

CONCLUSÕES:

Plântulas de K. coriacea, obtidas a partir de sementes recém-colhidas, apresentam alta capacidade de emergência, porém esta é lenta e desuniforme. O tempo médio e a velocidade média de emergência variaram significativamente apenas entre indivíduos, com grande dispersão do processo, que demonstram a variabilidade entre os indivíduos e a capacidade da espécie de se estabelecer no ambiente, mesmo com sementes de reservas limitadas. Outras medidas como os baixos valores de sincronia (Z) são também indicativos da dispersão, com sementes de K. coriacea apresentando uma emergência assíncrona.

Instituição de fomento: Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico-CNPq.
Trabalho de Iniciação Científica  
Palavras-chave: variabilidade; pau-santo; reguladores de crescimento.
Anais da 58ª Reunião Anual da SBPC - Florianópolis, SC - Julho/2006