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G. Ciências Humanas - 7. Educação - 6. Educação Especial

O DESAFIO DA INCLUSÃO DE PESSOAS COM DEFICIÊNCIA NO MERCADO DE TRABALHO: O PAPEL DO PEDAGOGO

Andréa Lopes de Freitas 1
Maria Teresa Moreno Valdés 1
(1. Universidade de Fortaleza-UNIFOR)
INTRODUÇÃO:

O trabalho, diante da proposta de inclusão social, representa o exercício da cidadania e a expressão ativa de participação. Esse direito é reconhecido na legislação internacional e brasileira, porém as pessoas com deficiência têm dificuldades para usufruí-lo. Diferentes experiências e pesquisas demonstram que trata-se de uma área conflitante e com resultados ainda incipientes, mas promissores. Em alguns países, inclusive o Brasil, existem leis de cotas e outras iniciativas que facilitam a entrada no mercado de trabalho, mas também há obstáculos, fundamentalmente, na sua permanência. Esse fato fez que surgira o emprego com apoio que adota formas distintas segundo o país que o aplique, mas que destaca a necessidade de diferentes fases para a preparação, incluindo o acompanhamento durante, no mínimo, seis meses depois de obtido o emprego por um profissional considerado "Preparador". Nesse contexto, o objetivo geral da pesquisa foi investigar a inclusão de pessoas com deficiência no mercado de trabalho como base para uma estratégia favorecedora desse processo. Como objetivos específicos estabeleceram-se os seguintes: a) determinar as possíveis facilidades e barreiras ao acesso e permanência, b)analisar o processo de educação profissional na preparação para sua inserção laboral e, c) verificar a influência na qualidade de vida.

METODOLOGIA:

Trata-se de uma pesquisa descritiva e exploratória, realizada de agosto de 2004 a maio de 2005, com um enfoque qualitativo, mediante aplicação de entrevista como técnica de coleta de dados, tendo como amostra 39 funcionários de uma Instituição de Ensino Superior de Fortaleza, de ordem privada, que apresentassem algum tipo de deficiência, dos quais foram entrevistados 6, aqueles considerados como informantes-chave. Os participantes foram convidados a assinar um termo de consentimento livre e esclarecido, baseado na Resolução 196/96 do Ministério da Saúde para pesquisa com seres humanos. As questões foram elaboradas a partir de um levantamento bibliográfico, utilizando-se a análise de conteúdo de Bardin para o processamento dos discursos dos entrevistados. As questões foram divididas em quatro blocos com até duas perguntas-chave, na tentativa de fazer uma identificação das informações mais importantes que interpretariam cada perspectiva, subdivididas por categorias, na qual uma determinou as possíveis facilidades e barreiras diante do acesso das pessoas com deficiência ao mercado de trabalho, outra visou à permanência, verificando a vivência de cada uma destas, correspondendo a segunda categoria. A terceira, averiguou a influência do trabalho na qualidade de vida dessas pessoas, tornando-se sugestões que serviriam de base para a elaboração de uma estratégia de ação, complementando a quarta e última.

RESULTADOS:

Os resultados mostraram que apesar das limitações, o acesso e permanência ao mercado de trabalho é facilitado pela legislação e dificultado pelo preconceito, falta de informação e acessibilidade. A sua permanência restringe-se pela falta de qualificação e adaptação, pois as pessoas com deficiência recebem um treinamento geral que não leva em conta as limitações nas atividades e restrições na participação social ocasionadas pela deficiência nesse contexto de trabalho. Também não existe um acompanhamento que contribua ao desempenho de determinada função. O trabalho influiu positivamente na qualidade de vida, mas foi percebida a necessidade de inclusão de propostas nos projetos das empresas que promovam ambientes favoráveis, preparados para melhorar o bem estar físico, social e emocional. Observou-se a necessidade de uma preparação para o emprego, onde o profissional responsável articule meios e estratégias para essa inclusão, mediante informação, viabilizando práticas que acolham a diversidade e proporcionem o direito à cidadania. Percebeu-se que essa reduzida oferta de emprego às pessoas que apresentam algum tipo de deficiência se deve às empresas que apoiam-se nas leis, agindo como uma responsabilidade social e não como um ato democrático e de benefício, além de desinformação social e a ausência de suportes para o emprego com apoio, quando necessário.

CONCLUSÕES:

Verificou-se a disponibilidade da Lei 8.213 que prevê cotas como elemento facilitador no acesso e permanência ao mercado de trabalho. Como barreiras, foram encontradas questões relacionadas a acessibilidade em sentido amplo, desinformação e ao estigma da deficiência. Foi considerado insuficiente o processo de educação profissional fundamentalmente em aspectos referentes à habilidades de sobrevivência no emprego. As pessoas com deficiência valorizam, positivamente, a influência do trabalho na sua qualidade de vida. Diante dos resultados, foi elaborada uma "estratégia de ação" que inclui organização de métodos, ferramentas e instrumentos a serem utilizados para o processo de inclusão laboral das pessoas com deficiência, a qual está constituída por três fases: Preparação, a Qualificação e Colocação, todas com a Informação como eixo central. A Preparação está formada por dois passos, recrutamento e seleção. A Qualificação deve proporcionar programas que possibilitem a formação, atualização e capacitação, promovendo Treinamentos. A Colocação tem como centro o Acompanhamento sendo necessário avaliar continuamente para perceber as potencialidades e habilidades do trabalhador. Recomenda-se que a estratégia de ação seja assumida pelo Pedagogo enquanto preparador profissional e promotor da inclusão social, propiciando uma maior qualidade de vida.

Trabalho de Iniciação Científica  
Palavras-chave: Inclusão; Pessoas com deficiência; Qualidade de vida.
Anais da 58ª Reunião Anual da SBPC - Florianópolis, SC - Julho/2006