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A. Ciências Exatas e da Terra - 4. Química - 4. Química de Produtos Naturais
IDENTIFICAÇÃO E CARACTERIZAÇÃO DOS COMPOSTOS ATIVOS DOS EXTRATOS VEGETAIS DAS FOLHAS DA GRAVIOLA (Annona muricata) E DOS EXTRATOS VEGETAIS DA CASCA DO PAU D’ARCO (Tabebuia avellanedae)
Claudia de Jesus Aguiar Avanzi  1
Adriana Mendes Aleixo  1
Lúcia Helena Brito Baptistella  2
(1. UNIMEP; 2. UNICAMP)
INTRODUÇÃO:

Nos últimos anos, tem sido objeto de grande interesse a pesquisa por agentes antioxidantes naturais, tanto para fins terapêuticos, como na conservação de alimentos. Há evidencias consistentes da ação protetora dos antioxidantes naturais contra os efeitos deletérios do estresse oxidativo decorrente do ataque dos radicais livres aos sistemas celulares (HALLIWELL; 1990).

A graviola (Annona muricata), espécie cultivada em regiões tropicais das Américas, apresenta uma nova classe de fitoquimicos, as acetogeninas anonáceas (GLEYE; et al, 1999). Compostos bioativos e fitoquímicos têm mostrado atividade anti-tumoral, pesticida, inseticida, antibacteriana, antiparasitário e efeito imunossupressor (ALALI; et al., 1999).

A Tabebuia avellanedae, é uma árvore de grande porte nativa das florestas tropicais da América do Sul, conhecida popularmente como Pau d’arco. Vários compostos ativos do pau d’arco já foram identificados, sendo o principal constituinte o lapachol, que demonstrou atividade significativa contra diferentes tipos de tumores cancerosos e demonstrou ainda, atividade antiinflamatória (MULLER; et al, 1999) e antiviral (STEINERT; et al, 1994).

Os mecanismos de ação dos antioxidantes são objeto de inúmeras pesquisas. O objetivo desse trabalho é a caracterização e determinação da composição química dos compostos ativos dos diferentes extratos hidroalcoólicos e orgânicos das folhas da graviola (Annona muricata) e das cascas do Pau D’arco (Tabebuia avellanedae) que mostraram atividade antioxidante.
METODOLOGIA:

Os diferentes extratos orgânicos das folhas da Annona muricata (graviola) e das cascas da Tabebuia avellanedae (Pau d’arco) foram obtidos através da técnica de maceração e percolação, nas frações hexânica, acetato de etila e metanólica para a graviola, e nas frações hexânica, clorofórmica e metanólica para o pau d’arco. Através dessa mesma técnica prepararam-se os extratos hidroalcoólicos (70 %) das duas plantas.

Os componentes ativos dos extratos hexânico (1,015g) e clorofórmico (2,071 g) do Pau dárco, foram isolados em coluna cromatográfica utilizando-se sílica gel 60 (70-230 mesh) com  diferentes sistemas de eluentes.

Na seleção do sistema de eluentes empregou-se a técnica de cromatografia em camada delgada (CCD), utilizando-se as misturas de hexano/acetato de etila 5% e 10%, para o extrato hexânico, e 20% e 30% na purificação do extrato clorofórmico.

As placas de vidro foram recobertas com sílica gel G e Si-60 GF254 da Merck e para visualização dos componentes, as placas secas foram vaporizadas com anisaldeído sulfúrico e após eluição, foram carbonizadas à temperatura de 150 °C.

A identificação dos compostos isolados efetuou-se mediante técnicas de cromatografia gasosa acoplada ao espectrômetro de massa em aparelho QP 5000 CG-17 Shimatzu, com coluna DB 5% (5% fenil metilpolisiloxano) e análise orgânica instrumental de ressonância magnética nuclear de próton (RMN1H) e de carbono (RMN13C) em aparelhos espectrômetros Brucker AC-300 P e Gemini 300 BB utilizando 300 MHz para 1H e 75,5 MHz para 13C.

RESULTADOS:

As análises para avaliação da capacidade antioxidante foram iniciadas pelos extratos hidroalcoólicos e os resultados preliminares permitiram conclusões a respeito do mecanismo de ação desses extratos.

Tentativas de separação dos extratos hidroalcoólicos referente as duas plantas com solventes orgânicos de diferentes polaridades  foi efetiva apenas na fração hexânica. A extração com os solventes orgânicos de polaridade intermediária (clorofórmio ou acetato de etila) tornou-se inviável, com formações de emulsões em todas as tentativas.

Os extratos orgânicos da casca do ipê roxo (hexânico e clorofórmico) foram escolhidos para o fracionamento com base nos resultados obtidos de projetos anteriores, visto que esses apresentaram grande capacidade antioxidante.

O extrato hexânico da casca do pau d’arco forneceu três compostos puros nas frações T4, T6, e T14-22. Os deslocamentos químicos (d) dos sinais observados nos espectro de RMN1H e RMN13C para os dois compostos menos polares (T4 e T6) foi possível verificar a presença de hidrocarboneto de carbonos saturados (T4) e de hidrocarboneto insaturado (T6).

Através dos deslocamentos químicos (d) dos sinais observados nos espectro RMN1H e RMN13C foi verificado a presença de dois compostos para as frações T14-22.

O extrato fluido clorofórmico do ipê forneceu um composto na fração T53-T67 A análise de  RMN 1H e RMN13C apresentou sinais relativos a um único composto, com deslocamentos coerentes de  estruturas de terpenos oxigenados.

CONCLUSÕES:

Os extratos hidroalcoólicos das folhas da graviola (Annona muricata) e da casca do pau d’ arco (Tabebuia avellanedae) mostraram resultados promissores quando submetidos à avaliação da capacidade antioxidante. Assim sendo, estes extratos foram fracionados com solventes orgânicos de diferentes polaridades para efeito de comparação dos princípios ativos com os extratos orgânicos obtidos.

Devido a dificuldades encontradas no processo de separação, efetuou-se apenas a extração dos extratos hidroalcoólicos das duas plantas na fração hexânica.

A análise cromatográfica (CCD) feita com a fração hexânica proveniente da separação do extrato hidroalcoólico da casca do pau d’arco e do extrato orgânico hexânico bruto dessa mesma planta, mostrou a presença dos mesmos componentes ativos, observados através dos tempos de retenção (Rf), porém em menores quantidades.

Os compostos isolados dos extratos brutos hexânico (três compostos) e clorofórmico (um composto) da casca do pau d’arco foram submetidos a análise de RMN 1H e RMN 13C, e tiveram parte de sua estrutura elucidada. O composto isolado a partir do extrato bruto clorofórmico sugere estrutura característica de terpenos oxigenados.

Estudos bidimensionais de COSY e HETCOR para os dois compostos estão sendo feitos na tentativa de elucidação total dos mesmos.
Instituição de fomento: FAPIC - UNIMEP
Trabalho de Iniciação Científica  
Palavras-chave: fitoquímicos; estresse oxidativo; antioxidantes.
Anais da 58ª Reunião Anual da SBPC - Florianópolis, SC - Julho/2006