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E. Ciências Agrárias - 1. Agronomia - 4. Fitotecnia

PADRÃO DE EMERGÊNCIA DE PLÂNTULAS DE Anacardium humile A. St.-Hil. (ANACARDIACEAE)

Maristela Pereira Carvalho 1
Denise Garcia de Santana 1
(1. Universidade Federal de Uberlândia, Instituto de Ciências Agrárias / UFU)
INTRODUÇÃO:

Algumas espécies nativas apresentam problemas de compatibilidade nos cruzamentos e na polinização, sazonalidade na produção de frutos e sementes e ainda podem sofrer ações antrópicas, principalmente na fase reprodutiva. Essas limitações dificultam o estabelecimento de métodos para experimentos de germinação e emergência de plântulas, principalmente no que se refere ao número de sementes ou unidades de dispersão por amostra ou tratamento. Acrescenta-se a isso, as limitações inerentes aos modelos experimentais, como os delineamentos inteiramente casualizados e de blocos casualizados, que exigem no mínimo 20 parcelas e 10 graus de liberdade para o resíduo ou para o erro experimental, para garantirem a representatividade dos dados obtidos. Espécie nativa, Anacardium humile A. St.-Hil., apresentam baixa capacidade de produção de frutos e sementes, ocorrendo devido à alta proporção entre flores estaminadas e monóclinas (4:1). Associam-se a essas características, limitações na polinização, como a tendência dos grãos de pólen de se manterem aderentes à antera, mesmo depois da deiscência, e a incapacidade de algumas flores monóclinas em se transformarem em fruto, apesar do grande número de flores por inflorescência. Diante do exposto, o presente trabalho teve por objetivos introduzir a teoria estatística de amostras pequenas ao estudo da emergência de plântulas de Anacardium humile e discutir o efeito dos reguladores de crescimento na emergência das plântulas da espécie.

METODOLOGIA:

As núculas foram aleatoriamente coletadas de diferentes indivíduos em duas épocas distinta, sendo que, para o experimento com amostras pequenas (I), as núculas foram submetidas à escarificação do tegumento, na região oposta à radícula; escarificação na mesma região, com lavagem em água corrente por 24 horas e núculas intactas como controle. As núculas foram semeadas a 1cm de profundidade, em bandejas de plástico contendo vermiculita umedecida à capacidade de campo. O teste de emergência foi conduzido sob luz branca fluorescente contínua (mmol m-2s-1), a 24,8 ± 2ºC. As contagens foram a cada 24 horas, tendo critério de emergência o surgimento de qualquer parte da plântula acima do solo. O experimento (II) o teste de emergência foi montado em delineamento experimental de blocos casualizados, em função do tamanho e cor das núculas, com quatro repetições e seis tratamentos como a testemunha (semeadura direta); reguladores de crescimento (KNO3 a 0,2%, ácido giberélico e citocinina, ambos a 10 mg mL-1); embebição das núculas em água destilada por 24 h; escarificação e embebição das núculas em água destilada por 24 h. A semeadura foi feita em bandejas multicelulares® contendo vermiculita e Plantmax® na proporção de (1:1) a 2cm de profundidade. O teste de emergência foi conduzido na estufa da agronomia, (39,5 ºC ± 4,4 ºC e 20,6 ºC ± 1,2 ºC). As contagens foram a cada 24 horas, tendo critério de emergência o primeiro folíolo expandido.

RESULTADOS:
No experimento I, os percentuais de emergência não diferiram significativamente (entre 70 e 76%) pelo teste t de “Student”. Núculas escarificadas apresentaram menor tempo médio (16,3 dias), conseqüentemente, maior velocidade média de emergência (0,0613 dia-1). No experimento II, a emergência das plântulas não variou significativamente entre os tratamentos (entre 40 e 59%), entretanto, com a escarificação as plântulas emergiram com menor tempo médio (12,21 dias), quando comparado com a testemunha, como conseqüência emergiram com maior velocidade (0,0821 dias-1). Núculas escarificadas com posterior embebição por 24 h em GA3 proporcionaram emergência de plântulas mais homogênea (baixo coeficiente de variação e alto coeficiente de uniformidade). Os valores de incerteza distantes de zero no experimento I (I ³ 3,28 bits) e no experimento II (I ³1,655 bits) e sincronização próximos a zero no experimento I (Z £ 0,095) e no experimento II (Z £ 0,250) indicaram baixa sincronia de emergência.
CONCLUSÕES:
O percentual de emergência das plântulas da espécie Anacardium humile, no experimento I foi alto sem qualquer pré-tratamento, e no experimento II constatou que mesmo utilizando reguladores de crescimento a espécie não aumentou o percentual de emergência, indicando que a espécie não contém inibidores de germinação. Núculas escarificadas e lavadas por 24 h em água corrente emergiram com maior velocidade e menor tempo médio (experimento I). A maior velocidade de emergência indicada com o tratamento do ácido giberélico, detectado no experimento II, demonstra a eficiência dos reguladores no processo de germinação, auxiliando na promoção da germinação. Os altos valores de incerteza e os baixos valores de sincronia de emergência nos dois experimentos indicaram uma freqüência muito baixa de plântulas que emergem ao mesmo tempo. Os resultados do experimento I mostraram que, mesmo com o pequeno número de núculas disponíveis em cada tratamento, o percentual de emergência apresentou distribuição normal aproximada, característica das medidas provenientes de amostras grandes, justificando a aplicação da estatística t de “Student”. Este resultado amplia as possibilidades de análise estatística para testes de germinação e emergência de plântulas de espécies com baixa produção de sementes ou produção sazonal, sem violação dos princípios e pressuposições estatísticas.
Instituição de fomento: Fundação de Amparo a Pesquisa em Minas Gerais - FAPEMIG.
Trabalho de Iniciação Científica  
Palavras-chave: Cajuí; medidas de emergência; reguladores de crescimento.
Anais da 58ª Reunião Anual da SBPC - Florianópolis, SC - Julho/2006