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D. Ciências da Saúde - 5. Farmácia - 5. Farmacognosia
INVESTIGAÇÃO FITOQUÍMICA DA SOLUÇÃO EXTRATIVA ÉTER DE PETRÓLEO OBTIDA POR SOXHLET DE FOLHAS DE Ocimum basilicum L.
Mayara Medeiros Doile 1
Gustavo de Almeida Chagas Fernandes 1
Marcos Rodrigues 1
Luciano Soares 2
(1. Acadêmico, Departamento Farmácia, Universidade da Região de Joinville/UNIVILLE; 2. Orientador, Departamento Farmácia, Universidade da Região de Joinville/UNIVILLE)
INTRODUÇÃO:

A espécie Ocimum basilicum L., conhecida popularmente como manjericão, manjerona e basílico, é amplamente usada como carminativa, ansiolítca, antiinflamatória e anticonvulsivante. Estudos farmacológicos demonstraram atividade antioxidante e antiulcerogênica. Em trabalhos anteriores do Núcleo de Pesquisa de Produtos Naturais “Prof. RICARDO ALESSANDRO VIEIRA” – NUPRAV (UNIVILLE) verificou-se que a solução extrativa (SE) hidroetanólica 70% de folhas de O. basilicum apresentou atividade anticonvulsivante em testes pré-clínicos. A fração de partição éter de petróleo inibiu a convulsão mais intensamente que outras frações mais polares. A investigação das substâncias fixas presentes no O. basilicum é relevante, a fim de estabelecer o perfil fitoquímico para a espécie. O isolamento de uma ou mais substâncias presentes na fração éter de petróleo, que podem estar relacionadas à atividade anticonvulsivante encontrada em trabalhos anteriores, possibilitaria a identificação de um marcador químico bioativo. O objetivo do trabalho foi purificar a solução extrativa éter de petróleo (FEP) e caracteriza-la, bem como a suas sub-frações derivadas.

METODOLOGIA:

As folhas de O. basilicum foram coletadas no horto medicinal da UNIVILLE e cominuídas em moinho de facas. A solução extrativa éter de petróleo (FEP) foi obtida por meio de Soxhlet (líquido extrator éter de petróleo - EP, proporção droga:líquido extrator 1:30). O rendimento foi calculado e comparado com a fração éter de petróleo obtida de uma partição líquido-líquido (EPP), a partir de uma solução extrativa (SE) macerada por 8 dias (proporção droga:líquido extrator 1:20; solução hidroetanólica 70%). O perfil cromatográfico da FEP e suas sub-frações foi avaliado frente a diferentes sistemas cromatográficos. Utilizou-se cromatofolha em base de alumínio, com gel de sílica (200 µm) como adsorvente, com percurso de 8 cm, em cuba de vidro. A placa foi revelada sob luz visível e ultravioleta (254 e 360 nm), e com anisaldeído sulfúrico 0,5% (AS). Os Rfs das substâncias foram calculados e descritos em conjunto com a cor da mancha. A FEP foi purificada utilizando-se 245,9 g de gel de sílica 60 Å, 63-200 µm, resultando em uma coluna de 29,5X5 cm, utilizando eluente Éter de petróleo (EP):Diclorometano (DM) 1:1. A subfração originada destas colunas (denominada FLEP) foi purificada com 55,1 g de gel de sílica 60 Å, 0,05-0,02 mm, 34X2,5 cm, utilizando eluente Acetona:Etanol (EtOH):Água (H2O) 1:1:0,5.

RESULTADOS:

O rendimento da FEP foi 1,75% e da EPP foi 1,04%. A utilização de Soxhlet incrementou o rendimento da FEP, foi mais rápido e também reduziu o volume de solvente utilizado. A comparação cromatográfica entre estas frações foi realizada por CCD (eluente Diclorometano-DM), sendo que o perfil não apresentou diferenças marcantes (EPP:14 manchas; FEP:11 manchas). No eluente EP:DM 1:1, o cromatograma da FEP apresentou 9 manchas: I–verde após revelação com anisaldeído sulfúrico 0,5% (AS), Rf=0,04; II-254 nm e roxa após AS, Rf=0,08; III–roxa após AS, Rf=0,12; IV–azul após AS, Rf=0,16; V–vermelha após AS, Rf= 0,21; VI–254 nm e marrom após AS, Rf=0,28; VII–azul após AS, Rf=0,69; VIII–roxa após AS, Rf=0,75; IX–amarelo na luz visível e roxa após AS, Rf=0,84. O eluente EP:DM 1:1 foi utilizado para separar as frações de menor tempo de retenção, denominadas FLEP (565,2 mg), que apresentou 3 manchas (eluente EP:DM 1:1). Após uma otimização de sistemas, o eluente acetona:EtOH:H2O 1:1:0,5 demonstrou ser o mais efetivo para a caracterização desta fração, identificando-se 5 manchas: I–amarela na luz visível e roxa após AS, Rf=0,26; II–roxa após AS, Rf=0,4; III–roxa após AS, Rf=0,59; IV–roxa após AS, Rf=0,75; V–roxa após AS, Rf=0,88. A purificação da FLEP resultou em 5 subfrações, sendo que a fração denominada FLEPa (33,5 mg), apresentou 8 manchas na CCD (benzeno:EP:etanol:água 10:10:2:1).

CONCLUSÕES:
A extração por meio de Soxhlet foi eficiente para incrementar o rendimento da solução extrativa éter de petróleo, viabilizando a continuidade dos estudos fitoquímicos. Com isso, obteve-se FLEP em maior quantidade, a qual foi caracterizada e purificada. Esta purificação resultou na FLEPa, uma subfração mais purificada, porém obtida ainda em pequena quantidade. A análise cromatográfica apresentou um perfil compatível com substâncias de natureza terpênica, ou seja, os componentes fixos das folhas da espécie O. basilicum parecem ser majoritariamente substâncias terpênicas.
Instituição de fomento: Fundo de Amparo à Pesquisa/UNIVILLE
Trabalho de Iniciação Científica  
Palavras-chave: Ocimum basilicum; Investigação fitoquímica; Cromatografia em coluna.
Anais da 58ª Reunião Anual da SBPC - Florianópolis, SC - Julho/2006