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D. Ciências da Saúde - 5. Farmácia - 5. Farmacognosia

AVALIAÇÃO DA BIOATIVIDADE NO MODELO DE Artemia salina DE SOLUÇÕES EXTRATIVAS HIDROETANÓLICAS 70% DE Agaricus blazei MURILL PREPARADAS EM FEVEREIRO/2004 E AGOSTO/2005.

Marcos Rodrigues 1
Gustavo de Almeida Chagas Fernandes 1
Mayara Medeiros Doile 1
Luciano Soares 2
(1. Acadêmico, Departamento Farmácia, Universidade da Região de Joinville/UNIVILLE; 2. Orientador, Departamento Farmácia, Universidade da Região de Joinville/UNIVILLE)
INTRODUÇÃO:

 O Agaricus blazei Murill, da família Agaricaceae, é conhecido popularmente como Cogumelo de Deus e Cogumelo do Sol, recebendo a denominação de Cogumelo princesa. Desde o final dos anos 80 é cultivado no Brasil para fins terapêuticos e como alimento funcional, sendo comercializado de maneira desidratada, na forma de pó ou fatiado. Estudos farmacológicos têm comprovado atividade hipoglicemiante, vasorelaxante, antitumoral, tumoricida, antimutagênico, antiinflamatória e imunomodulatória. Visandoa monitoração de estudos químicos e farmacológicos, testes biológicos como a bioatividade no modelo de Artemia salina têm sido aplicados, não exigindo técnicas assépticas e com baixo custo. Este estudo propõe um parâmetro para avaliar a qualidade de preparações de A. blazei, demonstrando se o tempo de preparação influencia na bioatividade de soluções extrativas deste insumo natural, além de proporcionar o monitoramento simples de estudos químicos e biológicos. O objetivo do trabalho foi avaliar a bioatividade de soluções extrativas (SE) hidroetanólicas 70% preparadas, sob condições semelhantes, em fevereiro/2004 (SE I) e agosto/2005 (SE II) sobre larvas de Artemia salina, visando o monitoramento da qualidade das preparações de A. blazei, bem como, o seu perfil químico.

METODOLOGIA:

As amostras de A. blazei adquiridas de fornecedores comerciais da região de Joinville, foram processadas e avaliadas quanto ao teor de umidade (PD), teor de extrativos (TE) e teor de cinzas sulfatadas (CS). As soluções extrativas hidroetanólicas 70% foram preparadas em fevereiro-2004 (SE I) e agosto-2005 (SE II) por maceração (8 dias, proporção droga:líquido extrator 1:20). Estas SE foram concentradas em evaporador rotatório e avaliadas quanto ao teor de resíduo seco (RS) e por cromatografia em camada delgada (CCD).

Para realização das CCD utilizou-se cromatofolha (base de alumínio), gel de sílica (200 µm) e percurso de 8 cm. A placa foi revelada sob luz visível, nos comprimentos de onda de 254 e 360 nm, e posteriormente com anisaldeído sulfúrico 0,5% (AS), calculando-se os Rfs das manchas observadas.

Para avaliação biológica realizou-se o modelo de A. salina, no qual soluções estoque (5mg/mL) de SE foram preparadas de acordo com o RS desta, diluindo-se com água marinha artificial (4 g de sal marinho/L). Os ovos foram incubados por 48 horas (tempo de eclosão), e as larvas incubadas por mais 24 horas, sob ao abrigo da luz, em tubos de ensaio (10 larvas/tubo), contendo SE nas concentrações de 0,6-2,1 mg/mL, com volume completado para 5 mL. As larvas não viáveis foram contadas após o período de incubação. O experimento foi realizado em sextuplicata. As análises estatísticas dos resultados obtidos foram realizadas por Teste t, análise de variância (ANOVA) e Teste de Tukey.

RESULTADOS:

O resultado da avaliação das matérias-primas usadas em SE I e II foram, respectivamente: PD=9,20% e 11,40%, CS=9,30% e 8,53% e TE=53,72% e 48,08%.

As SE, comparadas por CCD (Clorofórmio:Metanol 9:1), apresentaram perfis cromatográficos diferentes. A SE I apresentou 8 manchas: I–amarela após AS, Rf 0,04; II–amarela à 360 nm, Rf 0,08; III–verde após AS, Rf 0,10; IV–roxa após AS, Rf 0,21; V–vermelha após AS, Rf 0,29; VI–roxa após AS, Rf 0,72; VII-roxa após AS, Rf 0,84; VIII–visível a 254 nm, azul a 360 nm, Rf 0,91. A SE II apresentou um perfil de 9 manchas: I–roxa após AS, Rf 0,05; II–visível a 254 nm, amarela a 360 nm, verde após AS, Rf 0,09; III–azul a 360 nm, Rf 0,15; IV–vermelha após AS, Rf 0,30; V-roxa após AS, Rf 0,36; VI-roxa após AS, Rf 0,60; VII-roxa após AS, Rf 0,72; VIII–azul a 360 nm, Rf 0,79; IX–visível a 254 nm, azul a 360 nm, Rf 0,91.

No teste de bioatividade, apenas a concentração de 1,0 mg/mL apresentou diferença significativa entre as SE (gl=10; P=0,01; t crit.=2,23; t calc.=3,16); a SE I foi mais letal (78%) que a SE II (55%). Observou-se diferença significativa entre a atividade nas diferentes concentrações da SE I (gl=6; P=1,33x10-5; F crit.=2,37; F=8,25) e SE II (gl=6; P=2,5x10-8; F crit.=2,37; F=14,76).

CONCLUSÕES:

Observou-se diferenças no perfil cromatográfico das duas SE avaliadas, visto que algumas manchas apareceram em apenas um dos cromatogramas. Desta forma, as diferenças químicas entre os insumos podem ter influenciado na bioatividade das SE.

Apenas a concentração de 1,0 mg/mL da SE I apresentou letalidade significativamente maior que a SE II. Este fato indica que o tempo de preparação não influenciou consideravelmente na bioatividade das SE, visto que a SE I, preparada cerca de 18 meses antes do experimento, apresentou bioatividade semelhante ou superior a SE II, demonstrando certa estabilidade, quando este parâmetro é considerado. Entretanto, o maior período de armazenamento da SE I em relação a SE II pode ter provocado a formação de produtos de degradação ativos sobre o metabolismo das artemias, o que pode ter levado à maior atividade larvicida da SE I.
Instituição de fomento: Fundo de Âmparo à Pesquisa / UNIVILLE
Trabalho de Iniciação Científica  
Palavras-chave: Agaricus blazei; Artemia salina; bioatividade.
Anais da 58ª Reunião Anual da SBPC - Florianópolis, SC - Julho/2006