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D. Ciências da Saúde - 1. Enfermagem - 7. Enfermagem

ASPECTOS CULTURAIS SOBRE A DOR NO CUIDADO DE ENFERMAGEM

Carla da Silveira Dornelles 1
Sídia De Mari 1
Tiago da Silva Machado 1
Maria de Lourdes Denardin Budó 1
(1. Universidade Federal de Santa Maria - UFSM )
INTRODUÇÃO:
A dor tira a liberdade do ser humano trazendo sofrimento e angústia para quem a sente, voltando para si não só a realidade de sua fragilidade como, por vezes, sua impotência frente ao corpo. Dizer, somente, que a dor é uma reação química e sensorial não atinge o conceito subjetivo que todas as pessoas adquirem através de sua cultura, experiência pessoal e condição social.
METODOLOGIA:
Conhecer a percepção e o significado da dor para os membros da equipe de enfermagem que trabalham nas Clínicas Médicas I e II do Hospital Universitário de Santa Maria (HUSM) é o objetivo do projeto de pesquisa: A perspectiva cultural da dor e das práticas de cuidado na ótica da equipe de enfermagem que se encontra na fase de análise dos resultados. Este estudo caracteriza-se por uma pesquisa da área humano-social, do tipo exploratório-descritiva, estruturada a partir de uma abordagem qualitativa. A população-alvo deste estudo é composta pela equipe de enfermagem que trabalha no HUSM nas duas clínicas supracitadas. Para o instrumento da coleta de dados foi utilizada a entrevista semi-estruturada que contém 14 questões onde são abordadas tanto aspectos técnicos-científicos como culturais. Foram entrevistados 13 enfermeiros, 25 técnicos de enfermagem e 6 auxiliares de enfermagem, totalizando 44 pessoas, do total de 60 profissionais
RESULTADOS:
Na análise da questão: “Em sua família, quais os costumes para tratar as situações de dor?” As respostas foram agrupadas em três categorias: somente fármacos, fármacos e métodos alternativos e somente chás. Do total de entrevistados, 18 foram incluídos na categoria somente fármacos e refere-se àquelas pessoas que em sua família identificam apenas o uso de medicamentos industrializados para tratar a dor. Em fármacos e métodos alternativos, foram incluídos 19 profissionais, pois além de algum medicamento industrializado, outra prática é efetuada como uso de chás, compressas, repouso, conversa, massagem, entre outros. Na categoria somente chás, 4 pessoas afirmam que em sua família, para alívio da dor, é utilizado apenas chás. Além destes, outros 15 entrevistados que usam medicação e métodos alternativos mencionam o uso de chás caseiros, mostrando que a influência cultural relacionada ao seu uso é marcante entre os profissionais. Em relação à questão “Você acha que a origem (etnia) influencia nos cuidados perante a dor?”, 17 pessoas responderam que sua origem influencia nos seus cuidados perante a dor e 16 pessoas que não influencia. Na questão “Quando necessário, com seus familiares, você realiza alguns cuidados para aliviar a dor? Quais são eles?” 21 responderam somente utilizar fármacos e métodos alternativos, 12 responderam métodos alternativos e 8 somente fármacos, assim, todos os entrevistados referiram que realizam algum cuidado para aliviar a dor de seus familiares. Quando indagados se eles aplicam estas práticas nos pacientes que assistem, 63% referem que sim e 37% que não.
CONCLUSÕES:

Constatou-se com análise das entrevistas realizadas, que os indivíduos entrevistados sofrem forte influência cultural nas reações e nos cuidados em relação a dor, mas nem sempre percebem esta prática em suas ações diárias. Portanto as interferências culturais irão influenciar no processo de cuidado para o alívio do quadro álgico, tanto de quem cuida quanto de quem é cuidado.

Instituição de fomento: Fundação de Amparo à Pesquisa do Rio Grande do Sul (FAPERGS)
Trabalho de Iniciação Científica  
Palavras-chave: dor; cultura; enfermagem.
Anais da 58ª Reunião Anual da SBPC - Florianópolis, SC - Julho/2006