Este trabalho faz parte de um projeto maior sobre assistência humanizada no nascimento e parto. O desenvolvimento tecnológico alcançado na prática obstétrica teve uma inegável contribuição na melhoria da assistência à mulher no ciclo gravídico puerperal. Entretanto, o uso indiscriminado de tecnologia transformou o parto num evento que envolve riscos e imprevisibilidade, medicalizado e freqüentemente cirúrgico. A mulher perde a condição de agente ativo no processo.
O deslocamento do parto do ambiente doméstico para o hospital apresenta-se como garantia de segurança e redução de riscos o que por sua vez, afasta a família de participar do evento, caracterizando o contexto da parturição em frio e impessoal.
A institucionalização do parto subestima a capacidade da mulher em dar conta da situação ficando alheia a todo o processo que se desenvolve no seu próprio corpo. A pouca autonomia e a escassa participação da parturiente e da família, bem como a exposição a procedimentos invasivos a sua privacidade e a desconsideração dos hábitos, costumes e valores, podem causar desequilíbrio emocional, podendo inclusive proporcionar o desenvolvimento de intercorrências desfavoráveis para um parto saudável .
Como Graduanda, realizei estágio em uma Maternidade que atende a clientela SUS (Sistema Único de Saúde) e que é adepta a filosofia da assistência humanizada no nascimento e parto. Observação não sistematizada tem nos conduzido a refletir sobre a efetividade destas ações, particularmente a relacionada a participação do acompanhante no parto, de modo que a mulher possa sentir-se mais segura e apoiada.
Em um estudo desenvolvido nesta mesma Maternidade sobre as ações educativas nos cursos de gestantes verificou-se que, a participação masculina é limitada por situações de horário de trabalho, impossibilitando-o de freqüentar os cursos, além de que, por critério, a escolha do acompanhante ideal e desejado deva ser da mulher. Entre as mulheres estudadas, há um desejo declarado de terem seus companheiros acompanhando-as no momento do parto. Nas observações realizadas durante a coleta de dados, os acompanhantes independente de ser ou não marido ou ter outro tipo de vínculo com a parturiente, estes eram recebidos pelos profissionais de saúde com uma certa indiferença, passavam desapercebidos e em raras situações os profissionais dirigiam-se aos acompanhantes para comunicar-se com eles.
Tais situações mostram-se dissonantes com o que se concebe por uma assistência humanizada, requerendo ajustes. Nesse sentido, acreditamos ser necessário, primeiramente, dar voz aos sujeitos envolvidos no processo de parturição.
Particularmente, neste estudo temos por objetivo: Compreender o significado da participação do acompanhante no processo de parturição, sob o olhar da parturiente.
Acreditamos que os resultados deste estudo trarão subsídios na elaboração de estratégias que viabilizem a efetiva prática do princípio de humanização, a começar pelas relações humanas.