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G. Ciências Humanas - 2. Arqueologia - 2. Arqueologia Pré-Histórica

A UTILIZAÇÃO DO AMBIENTE PELOS GRUPOS PRÉ-COLONIAIS NO MUNICÍPIO DE MARACAJÁ - SC. UM ENFOQUE NA GEOLOGIA E GEOMORFOLOGIA DA REGIÃO DA AMESC.

Suelen Dias 1
Deisi Scunderlick Eloy de Farias 1
(1. Universidade do Sul de Santa Catarina - UNISUL)
INTRODUÇÃO:
A finalidade do presente trabalho é caracterizar a geologia e a geomorfologia da região da AMESC (Associação dos Municípios do Extremo Sul de Santa Catarina), que é constituída pelos municípios de Araranguá, Balneário Gaivota, Balneário Arroio do Silva, Ermo, Jacinto Machado, Meleiro, Maracajá, Morro Grande, Praia Grande, Passo de Torres, Santa Rosa do Sul, São João do Sul, Sombrio, Turvo e Timbé do Sul. Enfocamos o município de Maracajá. A partir dos nove sítios arqueológicos encontrados nesse município, surge a necessidade de fazer um levantamento detalhado do ambiente físico vinculando-o ao ambiente habitado pelos grupos pré-coloniais. Com este objetivo desenvolvemos a avaliação dos aspectos geológicos enfocando a identificação dos recursos que estariam sendo utilizado para confecção dos artefatos líticos. Geologicamente a região da AMESC situa-se na borda sul da Bacia do Paraná, litologicamente esta região é representada por unidades que se diferenciam, enquadradas em Grupos e Formações. A pesquisa geomorfológica indica um ambiente diversificado, onde duas principais unidades de relevo se destacam, planícies litorâneas e os patamares da serra geral.
METODOLOGIA:

A fim de tornar nossa pesquisa um instrumento de informação científica realizamos pesquisa bibliográfica e de campo. As bibliografias consultadas serviu para identificar as faces do relevo e hidrografia, foram utilizados manuais do DNPM (Departamento Nacional de Produção de Minérios), mapa geológico de Santa Catarina, na escala de 1:500.000 (1986); para o levantamento geomorfológico o mapa de  Santa Catarina na escala de 1:1.000.000 (1986) desenvolvido pela Secretaria do Estado, bem como imagem de satélite (Landsat 3.2) do município de Maracajá. As cartas geográficas do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) foram utilizadas tanto para avaliação da área em laboratório quanto para orientar os trabalhos em campo. Esse material serviu para construirmos uma análise detalhada do processo da formação geológica e classificação dos elementos geomorfológicos da área em estudo. Os caminhamentos foram direcionados para a procura de material arqueológico e afloramentos de rochas e minerais. Realizamos a metodologia proposta por Fish e Kowalewisk (1992) Full coverage survey que sugere os caminhamentos em amplas áreas passíveis de ocupação. Em laboratório catalogamos as rochas e minerais coletados no campo, a partir da metodologia proposta por Leinz (1977). Essa metodologia auxiliou na análise das matérias-primas presentes nos artefatos líticos encontrados.

RESULTADOS:

A partir do estudo sistemático do ambiente, foram mapeados nove sítios pré-coloniais. A maioria dos sítios apresentou médio e baixo grau de conservação. Durante a pesquisa foram encontradas 136 peças, sendo 109 nas prospecções e 27 doadas pela comunidade local. Quanto aos recursos geológicos podemos salientar que parte das rochas que estavam sendo utilizadas para confecção dos artefatos líticos, como siltito e argilito, não era de boa qualidade, já que o processo de formação delas é sedimentar de granulação finíssima com poucos mícrons. A pesquisa nos mostrou um outro tipo de rocha, que também era utilizada pelos grupos pré-coloniais. Trata-se do diabásio cuja característica mineralógica e processo de formação se diferencia das demais que ocorrem no município; é uma rocha ígnea de textura grosseira, que forma o dique presente no município. O mineral que encontramos nos artefatos líticos foi o quartzo, que apresenta boa condição para o lascamento devido ao seu coeficiente de dureza. Sobre a geomorfologia da região inferimos que a mesma é marcada por feições antigas cujo ambiente é formado por condições climáticas glaciais; processos recentes como seqüências eruptivas basálticas do Mesozóico e fácies mais atuais do quaternário que se alteram por terraços marinhos, deposição eólica e deposição aluvionar, também estão presentes na área da pesquisa.

CONCLUSÕES:
O trabalho realizado revelou importantes informações acerca do espaço em análise. Inferimos que os morros testemunhos e a extensa planície fluvial do município de Maracajá estavam sendo utilizados pelos grupos pré-coloniais como espaço de moradia e de extração de matéria-prima, além disso, a geomorfologia da região não apresenta elementos que teriam dificultado o deslocamento dos grupos pelo espaço a procura dos recursos que eram de seu interesse. Os materiais arqueológicos encontrados estavam (em sua maioria) confeccionados nas rochas de baixa qualidade, mesmo existindo oferta de matéria-prima de média a alta qualidade. Os sítios estavam implantados nas mais diversas unidades de relevo (colina, encosta, meia-encosta, planície e várzea). O ambiente estava sendo utilizado de forma geral visto que todos os elementos tanto geológicos quanto geomorfológicos apresentaram vestígios materiais que indicam a utilização. Os sítios apresentaram baixo grau de conservação, este fato está ligado às práticas agrícolas realizadas em quase toda á área pesquisada.
Instituição de fomento: UNISUL/Prefeitura Municipal de Maracajá-SC
Trabalho de Iniciação Científica  
Palavras-chave: caçadores-coletores; artefato lítico; ambiente.
Anais da 58ª Reunião Anual da SBPC - Florianópolis, SC - Julho/2006