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C. Ciências Biológicas - 10. Microbiologia - 2. Microbiologia Aplicada

AVALIAÇÃO DA CAPACIDADE DE DEGRADAÇÃO DE 2,4 DICLOROFENOL POR PLEUROTUS.

Camila Carminatti Cherubini 1
Andréa Lima Schneider  1
Sandra Aparecida Furlan  1
Teodoro Marcel Wagner  1
Gianini Apatti  1
(1. Departamento de Engenharia Ambiental / UNIVILLE )
INTRODUÇÃO:

A indústria de papel e celulose é uma das que mais contribuem ao processo de contaminação do meio ambiente por compostos organoclorados, principalmente, com uma grande gama de compostos originados nos processos de branqueamento da polpa. Por muito tempo os compostos organoclorados têm sido considerados como grandes responsáveis pelos problemas de contaminação ambiental, principalmente porque estes compostos são, em geral, altamente tóxicos, de difícil degradação natural e tendem a se bioacumular no meio ambiente. Embora muitos esforços tenham sido dedicados à substituição do cloro como insumo de branqueamento, com o objetivo de minimizar o teor de compostos organoclorados nos efluentes, o seu impacto ambiental continua bastante preocupante. Com a finalidade de reduzir o impacto ambiental causado pelos compostos organoclorados, uma série de modificações no processo de branqueamento da polpa têm sido propostas. Na busca de tecnologias mais limpas e menos onerosas, os basidiomicetos saprófitas, do gênero Pleurotus, têm se mostrado capazes de degradar compostos xenobióticos. Sendo assim, este trabalho teve como objetivo estudar a capacidade das espécies Pleurotus ostreatus e Pleurotus sajor caju em degradar diferentes concentrações de 2,4, diclorofenol (DPC), importante poluente encontrado nos resíduos da indústria de papel e celulose.

METODOLOGIA:

As linhagens de Pleurotus utilizadas neste trabalho foram Pleurotus ostreatus DSM 1833 e Pleurotus sajor-caju CCB 019.  Os experimentos foram conduzidos em frascos de Erlenmeyer de 500 mL, contendo 100 mL de extrato de trigo acrescido de glicose nas concentrações 0 g/L, 5 g/L e 10 g/L e 2,4 diclorofenol (DCP) nas concentrações 5 mg/L, 17,5 mg/L e 30 mg/L e então foram autoclavados a 121°C por 15 minutos. Após resfriamento do meio, os frascos foram inoculados com um disco de ágar contendo micélio fúngico da região periférica da placa de Petri e incubados, em triplicata, a 30ºC por 14 dias, em agitação recíproca. As amostras foram retiradas periodicamente para determinação do consumo de substrato (pela técnica de DNS ácido 3,5 dinitrosalicílico) e 2,4 DCP. A determinação da concentração de 2,4 diclorofenol será realizada utilizando um sistema de cromatografia líquida – HPLC. Essas análises estão em andamento. No 14º dia o crescimento micelial foi determinado filtrando-se todo volume em papel Whatmann n° 1, previamente seco por 24 h a 60°C e pesado, para determinação do peso seco. Os resultados estão sendo analisados pelo programa Statistica.

RESULTADOS:

O crescimento celular de Pleurotus sajor caju foi inferior ao crescimento de Pleurotus ostreatus independente da condição de cultivo. A velocidade de consumo de substrato mostra que o consumo foi mais rápido para a espécie Pleurotus ostreatus. Além disto, esta espécie foi capaz de utilizar todo substrato durante o tempo de cultivo, enquanto que após 14 dias ainda foi possível encontrar glicose nos ensaios onde Pleurotus sajor caju foi inoculado. O maior consumo de substrato ocorreu entre os dias 4 e 8 para ambas as espécies. As espécies foram capazes de crescer, independente da concentração de 2,4 DCP. O que é definitivo para determinar o crescimento é a presença de glicose. Embora menor, houve crescimento na ausência de glicose, indicando que ambas as espécies são capazes de utilizar o 2,4 DCP como fonte de carbono.

CONCLUSÕES:

De acordo com os resultados obtidos, verifica-se que as espécies Pleurotus ostreatus e Pleurotus sajor caju são capazes crescer em presença de 2,4 DCP. Contudo, a capacidade de degradação só poderá ser confirmada após as análises em HPLC. A quantidade de biomassa formada por essas espécies de fungos está mais relacionada à presença de glicose do que a presença de 2,4 DCP. Nos ensaios contendo glicose houve crescimento significativo para as duas espécies, sendo que a espécie Pleurotus ostreatus apresentou melhor resultado quanto ao crescimento celular. O consumo de substrato (glicose), também foi significativo para ambas as espécies, porém a espécie Pleurotus ostreatus foi capaz de consumir todo o substrato em 14 dias, mostrando sua melhor capacidade de crescer nessas condições.

Instituição de fomento: Os autores agradecem ao CNPq pela concessão da bolsa de iniciação científica.
Trabalho de Iniciação Científica  
Palavras-chave: Pleurotus; Biorremediação; Organoclorado.
Anais da 58ª Reunião Anual da SBPC - Florianópolis, SC - Julho/2006