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F. Ciências Sociais Aplicadas - 1. Gestão e Administração - 2. Cultura Organizacional

AVALIAÇÃO DO POTENCIAL INTRAEMPREENDEDOR: UMA ANÁLISE COMPARATIVA DAS METODOLOGIAS TRADICIONAIS

Guipson Fontes Pinheiro Neto 1
Priscylla Dayse Almeida Gonçalves 1
Anderson de Barros Dantas 1
(1. Departamento de Administração e Contabilidade, Curso de Administração/UFAL)
INTRODUÇÃO:

A nova configuração do cenário organizacional caracteriza-se por profundas e constantes transformações. As empresas que desejem sobreviver no mercado precisam vencer a acirrada concorrência,buscando estratégias competitivas baseadas na inovação. Nesse contexto, emerge o termo empreendedorismo atrelado à idéia de inovação. O empreendedor está presente dentro e fora das organizações, porém é comum associarmos o empreendedorismo apenas à criação de novas empresas. Novas idéias podem surgir também a partir do corpo funcional da organização. Gifford Pinchot, um estudioso do assunto, ratifica essa idéia e cria um outro termo, intraempreendedorismo, afirmando que não é preciso sair da empresa onde se trabalha para ser empreendedor. Pinchot é o primeiro a formular um teste para avaliar o perfil intraempreendedor na empresa. Com a necessidade de se analisar mais profundamente esse potencial, outras metodologias foram criadas e aperfeiçoadas por outros autores, em épocas e contextos diferentes. Cada um refletia sua visão sobre o intraempreendedor e suas principais características. Dessa forma, os resultados dos testes podem não ser convergentes. Baseado nesse pressuposto, a presente pesquisa vem analisar algumas metodologias existentes na literatura sob os constructos que formam a característica intraempreendedora nas pessoas. Buscou-se avaliar o alcance de tais metodologias através de uma comparação desses elementos, enfatizando em que grau eles estão correlacionados.

METODOLOGIA:
A pesquisa realizada caracterizou-se por ser de cunho exploratório e descritivo. A área de estudo selecionada para a etapa de coleta de dados foi a Universidade Federal de Alagoas (UFAL), pela facilidade de acesso e diversidade que apresenta em sua população. Esta é composta por professores, alunos-bolsistas, estagiários e funcionários técnico-administrativos. Por acessibilidade, os questionários foram aplicados em uma amostra de 115 (cento e quinze) pessoas, incluindo aleatoriamente todas as categorias da população descritas acima. O objeto de estudo utilizado foram testes criados por três autores: Gifford Pinchot (1989), José Carlos Assis Dornelas (2003) e Luiz Ricardo Uriarte (2000). Inicialmente, identificou-se as características abordadas pelos autores nos testes, agrupando-as em cinco categorias por afinidade e por autor simultaneamente. Após a aplicação dos questionários, tabulamos os dados e obtemos os resultados do perfil intraempreendedor da amostra em três níveis/graus de intensidade (baixo, médio e alto). Por grupo/categoria, comparamos os resultados dos testes de Dornelas e Uriarte. Como o teste de Pinchot não apresentava uma estrutura definida, ele foi comparado em seu resultado total com os resultados finais dos testes dos outros autores. Através de uma análise estatística, pode-se quantificar com mais acurácia a correlação entre as três metodologias.
RESULTADOS:
Demonstrando que, apesar de ter sido utilizada a mesma amostra para todos os testes, os resultados apontam para diferentes tendências a ter um baixo, médio ou alto perfil intraempreendedor. Os resultados do questionário de Dornelas apontam que a maioria dos respondentes possui uma razoável tendência ao médio perfil intraempreendedor. Bem similar aos resultados do teste de Pinchot, que tendem  também ao médio perfil, porém com maior intensidade.  Contrário à tendência apresentada no teste de Uriarte, que segue em direção ao mais alto grau desse perfil. Considerando o método estatístico do Coeficiente de Correlação de Spearman, a correlação entre os instrumentos de Uriarte e Dornelas foi moderada (ρ=0,490), entre Uriarte e Pinchot a correlação foi a mais fraca (ρ= 0,249) e entre Dornelas e Pinchot foi relativamente fraca (ρ= 0,318). De modo geral, considerando um nível de significância de 1%, as correlações apresentam-se fracas em todas as situações, sendo o instrumento de Pinchot o que mantém a relação mais fraca com os outros instrumentos e o de Dornelas o que mantém a relação menos fraca.
CONCLUSÕES:
O objetivo deste trabalho foi o de verificar se as metodologias tradicionais de avaliação do potencial intraempreendedor convergiam em seus resultados, considerando que elas possuem maneiras muito peculiares de avaliar tal potencial. Verificou-se que as metodologias adotadas apresentam consideráveis diferenças, ou seja, possuem pequeno nível de relação. Pelo fato de cada autor ter atribuído diferentes constructos (ou características) e de como abordou o tema, houve reflexos nas respostas dos entrevistados e conseqüentemente nos resultados finais de cada questionário. Não podemos afirmar se os resultados apresentados pelos testes são verídicos ou não, porém são, em certo grau, divergentes entre si. Nesse contexto, cabe propor para futuras pesquisas uma análise mais detalhada da estrutura das metodologias tradicionais que mensuram o potencial intraempreendedor das pessoas e compará-las a uma observação direta do ambiente no qual essas pessoas atuam. Dessa forma, os dados obtidos podem ser mais bem fundamentados e analisados empiricamente.
Instituição de fomento: CNPq
Trabalho de Iniciação Científica  
Palavras-chave: Intraempreendedorismo; Metodologias Tradicionais; Análise Comparativa.
Anais da 58ª Reunião Anual da SBPC - Florianópolis, SC - Julho/2006