H. Artes, Letras e Lingüística - 4. Lingüística - 2. Lingüística Histórica |
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Construções causativas em documentos eclesiásticos do século XVIII, em Vila Boa de Goiás, Goiás. |
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Dalmo Vinícius Coalho Borges 1 |
Heloisa Salles 1 |
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(1. IL - Departamento de Lingüística, Línguas Clássicas e Vernácula (LIV)) |
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INTRODUÇÃO: |
O estudo examina aspectos da história do português brasileiro no Centro-Oeste, mediante análise de orações completivas, em particular construções causativas, em documentos do século XVIII, produzidos nessa região. São utilizados textos eclesiásticos compilados do documento “Goiás 1734-1824. Termos das visitas pastorais, cartas pastorais, provisões, certificados, editais etc”, que integra o acervo do Instituto de Pesquisa e Estudos Históricos do Brasil Central (da Universidade Católica de Goiás). Faz-se, também, contextualização histórica em relação à ocupação da Capitania de Goiás no referido período a fim de identificar aspectos do contato de línguas na região. |
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METODOLOGIA: |
A metodologia consiste dos seguintes procedimentos: Levantamento de material bibliográfico acerca do tema gramatical e da história social da região Centro-Oeste no século XVIII; Constituição do corpus diacrônico, mediante recolhimento de documentos em arquivos da cidade de Goiás e no Instituto de Pesquisa e Estudos Históricos do Brasil Central (IPEHBC) em Goiânia; Coleta de dados referentes ao objeto da pesquisa (orações completivas finitas e infinitivas) e subseqüente tabulação das características estruturais e morfossintáticas encontradas; Análise e sistematização das propriedades das construções relevantes. |
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RESULTADOS: |
Em relação aos resultados obtidos, verifica-se o seguinte: construções causativas ocorrem com orações subordinadas infinitivas e finitas. Nas orações infinitivas, identifica-se a ausência de flexão no infinitivo, seja no caso em que o sujeito lógico do verbo é nulo, sendo a interpretação arbitrária, seja no caso em que o sujeito lógico do verbo é um sintagma nominal (SN) pleno, realizado sintaticamente como um dativo. Nas orações finitas, o verbo da oração subordinada ocorre no subjuntivo, e o sujeito da oração subordinada, por sua vez, pode ser nulo, com uma interpretação arbitrária ou correferencial com o objeto da matriz; pode ainda ser realizado lexicalmente por um SN pleno. Observamos ainda a elipse da conjunção ‘que’ nos contextos em que a oração subordinada ocorre na voz passiva pronominal, ou seja, nos contextos em que o sujeito lógico é apagado ou ocorre como agente da passiva. A respeito da história social de Goiás, verifica-se o contato entre a Língua Geral Paulista, levada à região pelos bandeirantes a partir do século XVIII, e as línguas indígenas dos povos autóctones, em particular línguas do tronco Macro-Jê. Posteriormente, com a descoberta de jazidas de ouro, chegam à região os portugueses trazendo consigo escravos africanos, especialmente falantes de línguas banto, os quais, mais tarde, com o declínio da produção aurífera, passam a trabalhar na atividade pecuarista, juntamente com os imigrantes da região sul e sudeste, que ocupam a região no século XIX. |
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CONCLUSÕES: |
Nas construções causativas examinadas, verifica-se: (i) ocorrência da oração finita (diferentemente do português do Brasil atual, em que a infinitiva é preferencialmente usada); (ii) ocorrência da oração infinitiva com o infinitivo sem flexão (diferentemente do português atual do Brasil e de Portugal, em que o infinitivo ocorre com ou sem flexão). A mudança lingüística, bem como a manifestação de diferentes padrões de complementação são questões que nos dispomos investigar em pesquisa futura. |
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Instituição de fomento: CNPq/Pibic
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Trabalho de Iniciação Científica
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Palavras-chave: Subordinação; Causativa; Oração Finita/Infinitiva. |
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Anais da 58ª Reunião Anual da SBPC - Florianópolis, SC - Julho/2006 |
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