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H. Artes, Letras e Lingüística - 4. Lingüística - 6. Lingüística

USO DE PREPOSIÇÕES ESSENCIAIS NA INTERLÍNGUA

DE SURDOS APRENDIZES DE PORTUGUÊS L2


 
Aline Camilla Romão Mesquita 1
Heloísa Salles 1
(1. IL- Departamento de Lingüística, Línguas Clássicas e Vernácula (LIV))
INTRODUÇÃO:

O presente trabalho tem por objetivo examinar o uso de preposições essenciais na interlíngua de surdos aprendizes de português como segunda língua. Levando-se em consideração que a língua desses indivíduos é a língua de sinais (no caso do Brasil, a LIBRAS), a classe das preposições coloca dificuldades para esses aprendizes.

METODOLOGIA:

A metodologia consiste dos seguintes procedimentos: definição da classe das preposições pela Gramática Tradicional e a indicação de contextos em que tais categorias podem ocorrer; enfoque da dicotomia lexical versus gramatical, que distingue preposições que ocorrem como predicados, selecionando argumentos, daquelas que não selecionam argumentos, apresentando apenas função de elo sintático; exposição sobre a Língua Brasileira de Sinais e sua gramática; estabelecimento de contrastes com os contextos em que preposições são usadas em português; apresentação dos resultados da análise de textos escritos por indivíduos surdos, identificando-se convergências e divergências no uso das preposições em relação à norma gramatical do português.

RESULTADOS:

Em relação aos resultados obtidos verifica-se o seguinte: A interferência da primeira língua – ou língua materna – na aquisição de segunda língua é reconhecida nos estudos voltados para os estágios do desenvolvimento da interlíngua. Vimos que a LIBRAS apresenta poucas preposições. No texto analisado, pode-se perceber o uso de algumas preposições, sendo que a maioria delas pertencem à categoria lexical. Uma explicação plausível para tal fato é que, em alguns casos, a preposição ocorre em LIBRAS. Outro aspecto relevante em relação à ocorrência da preposição lexical é o fato de tais preposições apresentarem maior conteúdo semântico, o que provavelmente facilita o processo de aquisição das propriedades sintático-semânticas que determinam o uso dessa categoria na língua-alvo. Apesar de as preposições gramaticais, teoricamente, apresentarem maior dificuldade para o surdo, pela ausência dessa categoria em LIBRAS, há casos em que elas ocorrem de forma convergente com a língua-alvo, especialmente nas chamadas relações fixas, isto é, em construções cristalizadas.

CONCLUSÕES:

Este trabalho procurou fazer uma análise preliminar do uso de preposições essenciais na interlíngua (português L2) de surdo que tem LIBRAS como língua materna. Na análise, partimos de estudo sobre as propriedades da preposição, em que foi demonstrado o contraste entre preposições lexicais e gramaticais/ funcionais. Verificou-se que, na interlíngua do surdo, existe tendência ao uso da preposição lexical, o que se explica pelo fato de o elemento lexical apresentar maior conteúdo semântico, além de que, em alguns casos, a preposição utilizada tem um sinal equivalente em LIBRAS. Na maioria dos casos, entretanto, a preposição não ocorre. Verificou-se ainda o uso convergente da preposição em relação à língua alvo nas relações fixas.

Trabalho de Iniciação Científica  
Palavras-chave: Língua Brasileira de Sinais - LIBRAS; preposições essenciais; lexical / gramatical.
Anais da 58ª Reunião Anual da SBPC - Florianópolis, SC - Julho/2006