*Pode-se entender o tempo-ritmo de uma peça como a configuração dos tempos de duração das ações cênicas, sejam elas produzidas pelos atores, sejam por outros elementos do espetáculo, como a luz ou a movimentação de cenário. Apropriando-se conscientemente do tempo-ritmo teatral como instrumento produtor/reforçador de signos e sugestões, o artista pode contar com a utilização de mais uma ferramenta de construção e manutenção de materiais cênicos.
*A distinção entre os diferentes termos técnicos, empregados nos estudos de tempo-ritmo, promoveu um entendimento mais amplo das questões envolvidas na exploração consciente do tempo na cena. Além disso, ficou entendido que é necessária a apropriação específica de noções de musicalidade no teatro, para que o trânsito no âmbito de tempo-ritmo cênico seja fluente e eficaz no trabalho teatral. A utilização rítmica no teatro deve procurar uma apropriação sempre orgânica de suas funções, buscando essa assimilação de forma prática. A atuação pode ser orientada por noções musicais, mas não deve estar sujeita somente a ela.
*O trabalhou apontou para a possibilidade do desenvolvimento de treinamentos das percepções rítmicas e temporais dos artistas, de modo que sua execução em cena aconteça cada vez com maior domínio das dinâmicas de aceleração, duração e articulação da sucessão de ações. O estudo dos "princípios de montagem" trabalhados por Meierhold e Eisenstein pode fornecer elementos para a construção consciente de articulações rítmicas nas ações e nas cenas.
*Durante toda a pesquisa, foram confirmadas as propriedades do tempo-ritmo teatral, descritas no capítulo XII de "A construção da personagem", de Constantim Stanislavski: “a configuração de padrões rítmicos pode alimentar e reforçar sugestões dramatúrgicas, criando imagens e trazendo sensações que são identificadas como análogas a padrões rítmicos correspondentes”. Dessa forma, o artista pode articular o uso de configurações rítmicas para o seu trabalho atoral de apropriação das circunstâncias dadas e construção das ações. Esse efeito semiótico da articulação de configurações rítmicas também pode ser usado para criar imagens e sensações no espectador, assim como pode reforçar a construção dramatúrgica na cena.