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E. Ciências Agrárias - 6. Zootecnia - 2. Nutrição e Alimentação Animal
FARELO DE GÉRMEN DE MILHO DESENGORDURADO COMO FONTE DE ÁCIDO FÍTICO: EFEITOS NO DESEMPENHO, NAS CARACTERÍSTICAS DE CARCAÇA E NA QUALIDADE DA CARNE SUÍNA
Piero da Silva Agostini 1
Mara Cristina Ribeiro da Costa 1
João Waine Pinheiro 1
Nilva Aparecida Nicolao Fonseca 1
Caio Abércio da Silva 1
(1. Universidade Estadual de Londrina)
INTRODUÇÃO:

Nas carnes, os lipídios são um dos principais responsáveis pelas características sensoriais. Na gordura intramuscular da carne suína observa-se maior presença de ácidos graxos insaturados, que a expõe a maiores chances de reações de oxidação, principal causa de deterioração da carne, levando a rancidez oxidativa e com isso à diminuição da vida útil dos produtos industrializados. Na oxidação lipídica há formação de substâncias tóxicas, que provocam processos deteriorativos em humanos. Uma forma de diminuir e minimizar os efeitos da oxidação lipídica envolve o uso de substâncias antioxidantes. O ácido fítico apresenta-se como um importante antioxidante natural, presente nos cereais. Pela propriedade de formar quelatos, o ácido fítico é considerado um antinutriente por interferir na biodisponibilidade de minerais em suínos. Entretanto, ao quelatar o ferro, o ácido fítico age como antioxidante, inibindo a oxidação em produtos alimentares. O farelo de gérmen de milho desengordurado (FGMD), um co-produto da industria de milho, apresenta elevado teor de ácido fítico, e este poderia ser utilizado tanto como ingrediente primário na formulação de rações animais como fonte de antioxidante endógeno. Diante do exposto, o presente trabalho teve por objetivo avaliar o uso do farelo de gérmen de milho desengordurado na alimentação de suínos, na fase de terminação sobre o desempenho, as características de carcaça e a qualidade da carne.

METODOLOGIA:

Foram utilizados 24 suínos mestiços (Landrace X Large White), sendo 12 fêmeas e 12 machos castrados, com peso médio inicial de 70,870±3,90kg, mantidos em baias individuais onde receberam água e ração à vontade durante todo o período experimental. Os tratamentos foram quatro rações (isoprotéicas, isolisínicas e isoenergéticas) com 0, 10, 20 e 40% de inclusão de FGMD. O FGMD utilizado neste experimento apresentou 2985 kcal de energia digestível, 2773 kcal de energia metabolizável e 2,86% de ácido fítico na matéria seca. No desempenho foi avaliado o ganho diário de peso, o consumo diário de ração e a conversão alimentar. Com 91,10±6,07 kg de peso médio, os animais foram abatidos e as carcaças avaliadas. Foram coletadas amostras do músculo Longissimus dorsi (lombo) para análise da qualidade da carne e estabilidade lipídica e amostras do músculo semitendinoso (pernil) para análise da estabilidade lipídica, utilizando-se o método indicativo de substâncias reativas ao ácido tiobarbitúrico (TBARS). O delineamento experimental utilizado foi em blocos ao acaso, num modelo fatorial 4x2 (4 níveis de FGMD e 2 sexos) com 3 repetições por unidade experimental. Para formação dos blocos foi levado em consideração o peso inicial dos animais. Os resultados foram analisados através de análise de regressão e as de médias foram submetidas ao teste de Tukey, utilizando-se o programa SAEG.

RESULTADOS:

Não foi verificada diferença significativa entre os parâmetros avaliados com a inclusão de FGMD no desempenho zootécnico. O aumento nos níveis de inclusão do FGMD nas rações dos suínos levou ao aumento no rendimento de carcaça e na profundidade do músculo Longissimus dorsi (P<0,05). Em relação à qualidade da carne, houve efeito de regressão linear crescente (p<0,05) para o marmoreio. Para a oxidação lipídica, segundo os valores de TBARS, houve efeito de regressão linear decrescente (p<0,05) no lombo refrigerado e no pernil congelado. A maior estabilidade lipídica foi verificada para os tratamentos com maior nível de inclusão do FGMD, e, conseqüentemente, com maiores níveis de ácido fítico, sugerindo que este foi efetivo como antioxidante no lombo refrigerado e no pernil congelado, diminuindo a oxidação lípidica em 57,71 e 27,60%, respectivamente, nos tratamentos com inclusão de 40% de FGMD, em relação ao tratamento controle. Pode-se sugerir que o ácido fítico presente no FGMD (2,86% na matéria seca) atuou como antioxidante na carne ao ser fornecido nas dietas dos animais.

CONCLUSÕES:

O FGMD pode ser utilizado como ingrediente na alimentação de suínos na fase de terminação e como fonte endógena de ácido fítico para preservação da oxidação lipídica na carne.

Instituição de fomento: CNPq
Trabalho de Iniciação Científica  
Palavras-chave: Antioxidante; Fitato; Oxidação lipídica.
Anais da 58ª Reunião Anual da SBPC - Florianópolis, SC - Julho/2006