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E. Ciências Agrárias - 5. Medicina Veterinária - 3. Medicina Veterinária Preventiva

AVALIAÇÃO DA OCORRÊNCIA DE RESISTENCIA EM Oryctolagus cuniculus FRENTE A INFESTAÇÕES SUCESSIVAS PELOS DIFERENTES ESTÁGIOS EVOLUTIVOS DE Amblyomma cajennense

Francisco Fernández de Carvalho 1
Gustavo Dinardi Ellian Auad 1
Carolina Maria Vieira de Freitas 1
Romário Cerqueira Leite 1
(1. Universidade Federal de Minas Gerais)
INTRODUÇÃO:

Amblyomma cajennense é um ixodídeo trioxeno que parasita primariamente os eqüinos. O A. cajennense é um dos principais elos de ligação entre os animais domésticos, silvestres e o homem e, conseqüentemente, como potencial vetor dos patógenos que são transmitidos entre esses hospedeiros.

Verificando-se a especificidade parasitária de A. cajennense, observou-se que roedores e lagomorfos apresentaram-se como hospedeiros eficientes dos estágios larval e ninfal desse carrapato e sugeriram que tal fato poderia contribuir com a manutenção e dispersão desses instares no ambiente.

Resistência adquirida em infestações por ixodídeos é um fenômeno indiscutível e que se encontra bem documentada na literatura. Carrapatos que se alimentam em hospedeiros resistentes apresentam uma menor taxa de fixação, menor peso após o ingurgitamento com períodos de alimentação relativamente maiores, menor porcentagem de ecdise, menor produção de ovos e redução na viabilidade da postura e na eclodibilidade das larvas. Desta forma, o conhecimento do “status” imune das relações parasito-hospedeiro em animais infestados por A. cajennense, pode ajudar na compreensão do seu papel como vetor de patógenos ao homem e aos animais. 

O presente trabalho teve por objetivo, avaliar o desenvolvimento de resistência em coelhos (Oryctolagus cuniculus) mediante as infestações artificiais por larvas, ninfas e adultos de Amblyomma cajennense.

METODOLOGIA:

Os coelhos foram submetidos a três infestações consecutivas por larvas, ninfas ou adultos de A. cajennense, em intervalos de quinze dias. Nos animais do grupo GL foram inoculadas em média 740 larvas recém-eclodidas por infestação. Essas larvas foram obtidas de lotes de 50mg de ovos/seringa de A. cajennense. As infestações foram alternadamente realizadas no pavilhão auricular dos animais, iniciando-se na orelha direita. Para inibir a dispersão dos ixodídeos, um saco de tecido de algodão, com 16 cm de comprimento e 7 cm de largura, foi colocado vestindo a orelha do animal e fixado à sua base através da utilização de cola Brascoplast e fita adesiva. Além disso, foi colocado no animal um colar de plástico rígido, com a circunferência interna ajustável à largura do pescoço deste.  Seguindo esta mesma metodologia, os animais do grupo GN receberam um total de 50 ninfas por infestação que foram aplicadas alternadamente no pavilhão auricular externo. Os coelhos pertencentes ao grupo GA foram infestados com adultos virgens e não alimentados de A. cajenense. os animais tiveram a região lombo-sacra tricotomizada e uma câmara de alimentação de formato retangular (7 x 8 cm) foi fixada à pele do local, utilizando-se adesivo colante (Brascoplast). Um total de dez fêmeas e sete machos foi inoculado por animal em cada infestação, no interior da câmara de alimentação.

Após a inoculação nos hospedeiros, os carrapatos foram examinados diariamente por inspeção visual do interior das câmaras de alimentação. Durante o período de parasitismo foi registrado o tempo de alimentação dos ixodídeos que se fixaram e o número de parasitas que foram recuperados em cada animal

 

RESULTADOS:

As taxas de recuperação de larvas ingurgitadas foram de 44,03%, 70,54% e 17,32%, respectivamente, na primeira, segunda e terceira infestação. Com relação às ninfas, essas taxas foram de 80,67%, 81% e 47,67%, respectivamente, nas sucessivas infestações. O período de parasitismo das larvas e ninfas recuperadas nos grupo GL e GN, aumentou com o decorrer das infestações. Além disso, as ninfas ingurgitadas recuperadas apresentaram uma redução significativa (p≤ 0,01) no peso corporal entre a primeira e terceira infestação.

A taxa de recuperação oscilou significativamente durante as infestações, apresentando um tendência crescente a partir da segunda infestação e retornando ao nível inicial na terceira infestação. Contudo, a partir da segunda infestação observou-se nas teleóginas recuperadas, uma redução significativa no peso corporal, peso da postura e eclodibilidade das larvas. 

CONCLUSÕES:

Os dados sugerem a ocorrência de resistência em coelhos à infestação  por A. canjennense que foi mais evidente contra o estágio adulto desse ixodídeo.

Trabalho de Iniciação Científica  
Palavras-chave: Amblyomma cajennense ; Oryctolagus cuniculus; resistência.
Anais da 58ª Reunião Anual da SBPC - Florianópolis, SC - Julho/2006