O estudo sobre a atuação do assistente social no interior de Alagoas faz parte do Projeto de Pesquisa O Mercado de Trabalho do Serviço Social na Sociedade Contemporânea: Investigação da Realidade do Estado de Alagoas, com o objetivo geral de investigar o mercado de trabalho do Serviço Social na realidade alagoana, particularmente sobre as tendências no interior do Estado, já que este vem ampliando consideravelmente o mercado de trabalho do Serviço Social em meio às políticas municipalizadas locais.

Para esta analise realizamos uma pesquisa bibliográfica e outra empírica. Na bibliográfica procuramos entender sobre a política de descentralização do governo, assim como a gestão e organização dessas políticas e as mudanças ocorridas nos governos com sua implantação, em que os municípios tiveram que arcar com responsabilidades que antes eram da União em uma gestão levada ao âmbito democrático e universalizador de direitos, de acordo com a Constituição Federal de 1988. A pesquisa empírica foi realizada através da sistematização de dados sobre o Serviço Social nessas instituições do interior, cuja fonte de dados foram os formulários de fiscalização do CRESS 16° Região no período de 2001-2003 e os formulários da pesquisa de campo de 2003.

Em nossa pesquisa contatamos que a atuação do assistente social nos municípios do interior é um campo que vem se abrangendo muito nos últimos anos e que essa atuação está mais concentrada na área da saúde e na área da assistência social (53,77% e 24,53% respectivamente). Nessa inserção do assistente social nos municípios do interior, observamos que o mesmo é convidado a trabalhar principalmente com encaminhamentos (13,21%) e orientações sobre os serviços à população (9,06%) que são práticas já tradicionais de nossa profissão, a atividade de gerência dos programas sociais também é uma pratica que vem ganhando destaque (8,29%). Identificamos ainda que os usuários mais característicos do Serviço Social no interior são muito variados, mas a população em geral ainda é o usuário principal (15,22%), assim como os programas e projetos mais desenvolvidos são aqueles relacionados à área da saúde (15,84%). A precarização salarial desses profissionais é algo também bastante evidente, estando em sua maioria com remuneração entre 3 a 6 salários mínimos (59,77%). As dificuldades encontradas pelos assistentes sociais no interior de Alagoas revelam-se basicamente na falta de condições de trabalho, tanto no que se refere ao espaço físico e condições materiais, quanto ao sigilo profissional, faltando sala de permanência em 38,75% e o sigilo profissional em 38,58% das respostas.

A analise feita levou-nos a observar a grande importância que o Serviço Social vem tendo diante das políticas públicas nos municípios, pois no trabalho com essas políticas os assistentes sociais procuram concretizar direitos dentro de uma política de desenvolvimento social, através de administrações locais mais próximas das realidades da população. Tal importância não esconde as dificuldades demonstradas nas difíceis condições de trabalho e de remuneração desses profissionais, bem como a diversidade de demandas, muito amplas para a pequena quantidade de assistentes sociais por instituição.