IMPRIMIR VOLTAR
E. Ciências Agrárias - 1. Agronomia - 1. Ciência do Solo

EFICIÊNCIA DE RESÍDUOS INDUSTRIAIS COMO FONTE DE MICRONUTRIENTES NA CULTURA DA SOJA EM SOLOS DE CERRADOS DE GOIÂNIA, GOIÁS

Ananda Helena Nunes Cunha 1
Júlio César da Cunha Gobo 2
Huberto José Kliemann 3
(1. Departamento de Agricultura / UFG; 2. Departamento de Engenharia Rural / UFG; 3. Departamento de Agricultura / UFG)
INTRODUÇÃO:

A região Centro-Oeste apresenta participação de destaque na produção de grãos, em especial para a cultura da soja. A região dos cerrados assume importância estratégica para o desenvolvimento dessa cultura no Brasil. Sua contribuição para a produção nacional é crescente e determinante para a posição alcançada no cenário internacional.

As indústrias siderúrgicas produzem vários resíduos que podem causar problemas ambientais, dependendo da forma e do local onde são descartados. Além disso, a disposição desses resíduos pode ser dispendiosa, elevando os custos da empresa. O aproveitamento de alguns desses materiais como fertilizante é uma forma de reduzir custos, bem como o impacto no ambiente. Entretanto, a presença das substâncias tóxicas no solo e águas subterrâneas está normalmente associada ao uso inadequado das mesmas, à incorreta manipulação e armazenamento durante sua produção, assim como os acidentes ocorridos no seu transporte entre as unidades de produção ou para os consumidores finais.

O presente trabalho objetivou avaliar a eficiência agronômica de resíduos industriais de siderurgia como fonte de micronutrientes nas culturas do milho e soja em diferentes níveis de calagem.

METODOLOGIA:

Amostragem: Os resíduos industriais foram diluídos e enriquecidos com micronutrientes para formar o produto IQF, composição semelhante a do FTE-BR12. Além de 1,30 % Pb, 0,22 % Cr e 0,080 % de Cd. Utilizou-se o delineamento de blocos casualizados, fatorial 4 x 4, com 4 repetições, sendo 4 doses de calcário e 4 doses de IQF. Cada unidade experimental apresentou área total de 25,2 m2 (6,3m x 4,0 m). As doses de calcário foram: C0 - sem aplicação de calcário; C1 - ½ da dose recomendada para elevar V%=60; C2 - dose recomendada para elevar V%=60 e C3 - 2x a recomendada para elevar V%=60. Foi empregado o calcário dolomítico com PRNT de 140%. As doses de IQF foram: D1 - 0 kg/ha; D2 – 25 kg/ha; D3 - 50 kg/há e D4 - 100 kg/há.

Determinação produtividade: Os grãos colhidos tiveram a umidade corrigida a 13% e calculou-se a produtividade de grãos por hectare. A produtividade de grãos por planta foi obtida a partir da produtividade de grãos/ha dividido pela população final de plantas.

Determinação da análise foliar: Foram coletadas amostras de folhas de soja na fase de crescimento, retirando-se de 15 a 30 folhas por parcela, e foram analisadas para as variáveis N, P, K, Ca, Mg, S, Cu, Fe, Mn, Zn e B.

Determinação da análise de solo: A coleta de amostra ocorreu na fase de florescimento. Foi feita uma amostragem em cada parcela de 0-20 cm e 20-40 cm. Os teores de micronutrientes e metais fitodisponíveis foram determinados pelo Mehlich 1 e analisadas no Laboratório de Solos da EA-UFG.

RESULTADOS:

Determinação da produtividade: Os dados obtidos indicam que o efeito residual, após três anos de aplicação, não foi expressivo, havendo necessidade de novas aplicações após três anos de cultivo.

Determinação de teores foliares: Nos teores foliares houve efeito significativo do teste F para todas as variáveis com exceção do N, Ca e Mn para as doses de corretivo; P, Ca e Pb para as doses de IQF e Cu e Zn para a interação Calagem x IQF.

A análise foliar demonstrou que o teor nutricional dos micronutrientes fornecidos pelo IQF já se encontrava em níveis satisfatórios explicando a baixa resposta do adubo na produção. O nutriente mais limitante na produção foi o N e Cu, provavelmente devido à lixiviação de nitratos.

Determinação da análise de solo e metais Cr, Cd e Pb fitodisponiveis: Houve efeito das doses de calcário na variável pH na camada de 0-20 cm de profundidade. Os valores de pH e V% tenderam a aumentar com as doses de calcário. A calagem foi mais eficiente que o IQF para aumentar o teor de Zn no solo. Os teores de Ca, Fe e Mn enquadraram-se na classe baixa; e o de Mg e Cu na classe média, proposta na literatura. Os teores de Zn tenderam a aumentar com as doses de calcário. Tais resultados foram relacionados com a mineralização da matéria orgânica. Na camada de 20-40 cm só houve efeito nos teores de Pb fitodisponíveis. Não houve efeito das doses de IQF nas variáveis do solo na profundidade de 0-20 e 20-40 cm e os valores de metais tóxicos (Cr, Cd e Pb) foram muitos baixos.

CONCLUSÕES:

Para a soja o incremento máximo já foi de 19% no ano de aplicação do IQF. Tais resultados indicam que é mais indicado, no sistema de rotação de culturas, aplicar o IQF na soja e esperar seus efeitos residuais nas culturas de rotação.

Na cultura da soja o maior incremento (12%) foi obtido no 2º ano de cultivo na maior dose de calcário. Porém, no 3º ano, já houve diminuição dos incrementos na dose C3 (indicativo de excesso de calagem).

Não houve aumento nos teores de metais tóxicos com o uso do fertilizante IQF no solo e nas folhas.

O monitoramento do efeito residual de produtos de baixa solubilidade como o calcário e IQF são necessários para avaliar a sua eficiência agronômica.

Instituição de fomento: FUNAPE – Hebert & Hegert Johanssen Recuperadora de Resíduos Ltda
Trabalho de Iniciação Científica  
Palavras-chave: Resíduo Industrial; Soja; Micronutrientes.
Anais da 58ª Reunião Anual da SBPC - Florianópolis, SC - Julho/2006