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F. Ciências Sociais Aplicadas - 11. Educação Física e Esportes - 1. Educação Física e Esportes
EFEITOS DE EXERCÍCIOS DE AQUECIMENTO NA RELAÇÃO FLEXIBILIDADE X PERFORMANCE DE CORREDORES
Fernando Gabe Beltrami 1
Marcelo Castiel Ruas 2
Leonardo Rossato ribas 3
Alecsandra Pinheiro Vendrusculo 4
Luiz Fernando Martins Kruel 5
(1. Graduando pela Escola de Educação Física da UFRGS; 2. Graduando em Ciências da Computação pela UFRGS; 3. Prof. Treinador de Atletismo da SOGIPA; 4. Mestre em Ciências do Movimento Humano pela Escola de Educação Física de UFRGS; 5. Professor Doutor (UFRGS) (Orientador))
INTRODUÇÃO:
Existe um crescente interesse por parte dos cientistas do esporte em descobrir novos parâmetros da composição corporal ou de condicionamento físico nas mais diversas valências que se associem com a performance desportiva de alto nível. No campo da corrida, diversos estudos já foram desenvolvidos, porém recentemente começou a se buscar relações entre a flexibilidade de corredores e o seu rendimento. Alguns estudos têm apontado para uma relação inversa entre economia de corrida (ou seja, o consumo de oxigênio necessário para se manter em uma determinada velocidade sub-máxima) e a flexibilidade de corredores de meio fundo. No entanto, outros trabalhos mostram que a economia de corrida pode não ter uma boa relação com a performance, o que prejudica a extrapolação de dados obtidos em situações sub-máximas. A esse quadro se adiciona o fato de que a maioria dos estudos realiza seus testes de flexibilidade sem permitir ao atleta a realização de seu aquecimento tradicional, o que pode influenciar tanto o resultado dos testes de flexibilidade quanto a performance de corrida. Dessa forma, o objetivo deste trabalho foi analisar o efeito de exercícios de aquecimento na relação da flexibilidade de corredores com performance de corrida (PC).
METODOLOGIA:
A amostra foi composta de doze meio-fundistas: 6 homens (H) e 6 mulheres (M). A massa corporal média foi 61,83 ±7,5 e 54,3 ±7,6 (kg); idade 19,3 ±2,42 e 15,3 ±1,63 (anos); altura 174,16 ±8,7 e 163,3 ±5,78 (cm), para homens e mulheres respectivamente. Os atletas foram submetidos a testes de flexibilidade antes (PRE) e após (POS) seu ritual de aquecimento pré-competição. O ritual de aquecimento consistia em quinze a vinte minutos de corrida leve; aproximadamente 15 minutos de alongamentos; exercícios educativos para corrida, (saltitos), sendo realizado um total de 12 séries de 20m e ainda quatro repetições de sprints de 50 metros em ritmo progressivo. Os testes de amplitude de movimento (ADM) realizados foram: flexão passiva de quadril, dorsiflexão passiva de tornozelo e rotação externa ativa de quadril com quadril flexionado a 90°. Foram colados pontos marcadores na pele dos indivíduos nos locais que marcariam os ângulos articulares. A máxima ADM de cada articulação foi fotografada, a imagem analisada em um software desenvolvido pelos autores para cálculo dos ângulos articulares. Esses dados foram correlacionados com o melhor tempo nas provas de 1500m e 3000m no ano pelo teste de coeficiente de correlação de Pearson. Os dados pré e pós-aquecimento foram comparados com o teste t de Student, todos com nível de significância de p<0,05.
RESULTADOS:
Os valores dos testes de flexibilidade foram: flexão passiva de quadril PRE 85,17°±14,9 e 90,83°±4,31 para H e M, respectivamente; flexão passiva de quadril POS 95,58°±16,7 e 95,86°±3,18 para H e M respectivamente; dorsiflexão passiva de tornozelo PRE –14,23°±3,0 e –21,03°±1,33 para H e M respectivamente; dorsiflexão passiva de tornozelo POS –16,28°±3,56 e –21,92°±2,77, para H e M respectivamente; rotação externa de quadril 70,18°±4,78 e 75,43°±1,38 para H e M respectivamente e rotação externa de quadril POS 68,71°±5,9 e 77,85°±2,08 para H e M respectivamente. Não houve diferença significativa entre as condições pré e pós-aquecimento para ambos os sexos, tampouco diferanças significantes entre os sexos. A performance de corrida foi, para H e M: 1500m- 4’11’’±13’’ e 5’17’’±9’’; 3000m- 9’10’’±32’’ e 11’45’’±17’’, sendo os homens significativamente mais rápidos que as mulheres nos dois eventos (p<0,001). Nenhuma das correlações realizadas entre ADM e PC apresentou significância de p<0,05.
CONCLUSÕES:
Os corredores não apresentaram diferenças estatísticas de flexibilidade antes e após seu aquecimento. Possivelmente, o relaxamento causado pelo aquecimento e alongamento possa ser desfeito com o estímulo proporcionado pelos saltitos e sprints, por serem gestos de potência muscular. Dessa forma, quando analisada a flexibilidade de um atleta em condições laboratoriais, possivelmente não se está perdendo a condição real do atleta num evento esportivo. Os testes de ADM realizados no estudo tiveram por objetivo reproduzir protocolos utilizados por outros autores que encontraram uma relação inversa entre esses testes e a economia de corrida de meio-fundistas. Neste estudo não foi avaliada a economia de corrida dos sujeitos, mas utilizada como parâmetro a performance dos mesmos em seus eventos específicos, que são o alvo central de seu treinamento. No entanto, não foram constatadas relações estatisticamente significantes entre variáveis de flexibilidade e a performance de corrida. Concluímos que a ADM das articulações analisadas não interfere na performance da população estudada.
Instituição de fomento: PIBIC/CNPQ
Trabalho de Iniciação Científica  
Palavras-chave: Flexibilidade; Corrida; Alto-rendimento.
Anais da 58ª Reunião Anual da SBPC - Florianópolis, SC - Julho/2006