A formação de professores de línguas estrangeiras tem sido guiada, nos últimos anos, pela abordagem reflexiva. Esta compreende, fundamentalmente, uma rejeição de modelos de aplicação de teorias, ou "racionalidade técnica". Na abordagem reflexiva a aprendizagem com a própria experiência é componente importante no desenvolvimento do conhecimento sobre ensino. Entretanto, são ainda poucos os estudos que se concentram no modo como formadores de professores refletem sobre suas práticas e como aprendem colaborativamente.Este estudo tem como objetivo analisar uma possível instância desse aprendizado, isto é, transcrições de reuniões de educadores envolvidos com a disciplina Prática de Ensino de Língua Inglesa, de modo a detectar os padrões interacionais assumidos e o papel dos interagentes na construção de novos conhecimentos sobre formação de professores de inglês em estágios iniciais.

Os dados foram coletados através da gravação em áudio e transcrição de quatro reuniões  de planejamento semestral, as quais foram analisadas seguindo a metodologia proposta por Farrell (1999), ou seja, o papel dos interagentes e o tipo de atmosfera criado foram avaliados de acordo com cinco perguntas:(Quem recebeu mais comunicação?);(Quem pouco se comunicou?);(Quem estava ausente?);(Quem fez mais questionamentos ao grupo);(Quem falou para quem?).

Em uma perspectiva global, observou-se o papel de uma líder potencial no grupo, a qual foi dominante em três das reuniões. Essa também foi a participante que mais recebeu comunicação. A participante que menos se comunicou foi a mesma em quase todas as reuniões. Isto, no entanto, não significou que as suas participações nas reuniões não tenham sido relevantes. Os pares de comunicação se mantiveram de forma alternada. Além dos dados quantitativos, foram observados indícios de reflexão coletiva, entendida como a colocação de problemas e propostas de solução.

Em meio a análises quantitativa e qualitativa dos dados, observa-se que, as reuniões de planejamento proporcionaram oportunidades para redefinição de problemas e encaminhamento de soluções, caracterizando um diálogo colaborativo. Verificou-se que a reflexão pode ocorrer, mesmo em reuniões não estruturadas; desde que os interagentes tenham oportunidade de expor os problemas encontrados na prática profissional e submeter-se à opinião do outro, na tentativa de encontrar possíveis soluções para os problemas. Dessa forma, este estudo proporcionou uma visão de como os formadores podem estar refletindo em suas práticas profissionais de forma colaborativa