A família Bromeliaceae, típica da região neotropical, abrange cerca de 3.270 espécies, sendo o seu centro de diversidade o leste do Brasil. A espécie em questão restringe-se, no Rio Grande do Sul, ao litoral norte (Floresta Ombrófila Densa), possuindo hábito epífito e fruto tricarpelar, seco e deiscente – do tipo cápsula. Em relação à embriologia de seus representantes, a família possui poucos estudos expressivos. Quanto ao desenvolvimento de fruto, os estudos nessa família são ainda mais escassos. Dessa forma, os dados existentes relativos à embriologia são insuficientes para uma classificação taxonômica mais consistente, havendo dificuldades de delimitação dos táxons dentro da família. Com o objetivo de contribuir com dados embriológicos para as bromeliáceas e auxiliar na classificação taxonômica das mesmas, foi iniciado um estudo do desenvolvimento do fruto em Vriesea carinata Wawra.

Os frutos foram coletados em saídas a campo no município de Dom Pedro de Alcântara, no litoral norte do Rio Grande do Sul. O material foi fixado em glutaraldeído e formaldeído, sofrendo, após, passagem em tampão fosfato de sódio e desidratação em série alcoólica. A inclusão do material foi feita em hidroxietilmetacrilato. Foram realizados cortes semi-finos do material, os quais foram corados em Azul de Toluidina e, então, analisados em microscopia fotônica, utilizando o microscópio Leica – modelo DMR. Os frutos, de acordo com seus comprimentos, foram divididos em três estádios: 0,5 a 1cm (estádios iniciais), 1 a 2cm (estádios intermediários) e 2 a 3cm (estádios tardios).

A parede do ovário possui epiderme com faces externa e interna uniestratificadas e mesofilo parenquimático pluriestratificado, dividido em dois tipos celulares. Nos estádios iniciais do fruto, seu desenvolvimento é caracterizado apenas pelo espessamento do pericarpo, principalmente do mesocarpo. Tal espessamento, caracterizado pelo aumento do volume celular, em vez do aumento de camadas celulares, ocorre até a maturidade do fruto. Também é observada, através de divisões anticlinais, uma forte proliferação da parte interna do mesocarpo. No estádio intermediário, o endocarpo começa a diferenciar-se, modificando a forma e o  tamanho de suas células e mostrando-se estruturalmente indefinido. Nos estádios tardios (ainda carnosos), observa-se o espessamento em “u” da parede, com forte lignificação no epicarpo e no endocarpo, sendo que apenas o último modifica a forma de suas células. Adicionalmente, foram observadas compressões no tecido da parte externa do mesocarpo, provavelmente resultantes da anterior proliferação da parte interna não acompanhada pelo tecido externo. A linha de deiscência apresenta-se visível desde a formação do ovário e está localizada nas laterais dos carpelos, como uma continuação das faces externas da epiderme de carpelos adjacentes.