IMPRIMIR VOLTAR
E. Ciências Agrárias - 5. Medicina Veterinária - 5. Reprodução Animal

REDUÇÃO DO ANESTRO PÓS-PARTO EM OVELHAS SANTA INÊS ATRAVÉS DA UTILIZACAO DA ESTIMULAÇÃO HORMONAL PRECOCE

Isadora Machado Teixeira Lima  1
Aline Lima de Souza  1
Iracelma Julião de Arruda  1
Edilson Soares Lopes Júnior  1
Vicente José de Figueirêdo Freitas  1
Davide Rondina  1
(1. Faculdade de Veterinária (FAVET), Universidade Estadual do Ceará (UECE))
INTRODUÇÃO:

Nas duas últimas décadas, a exploração de ovinos no Nordeste do Brasil vem adquirindo, de forma exponencial, o caráter de uma atividade econômica de grande magnitude. Este fato é decorrente da maior conscientização do criador sobre o aperfeiçoamento das práticas de manejos alimentares, sanitários e reprodutivos. O processo reprodutivo em pequenos ruminantes compreende uma série de eventos fisiológicos que podem ter vários níveis de influência na fertilidade desses animais. Dentre outros fatores, as influências metabólicas modulam claramente o desempenho reprodutivo, refletindo, sobretudo, na duração de extensos períodos de inatividade sexual após a parição, também denominados de anestro pós-parto. O anestro pós-parto corresponde a um dos fatores que influenciam negativamente a produtividade numa exploração ovina. Assim, a redução desse período traz, como vantagem, um significativo aumento da rentabilidade econômica, por promover um maior número de partos durante o ano e, conseqüentemente, uma maior oferta de cordeiros para o abate em um curto espaço de tempo. Nesse sentido, diversos protocolos de sincronização do estro têm sido utilizados com a finalidade de reduzir esse período, através da indução do estro durante o anestro pós-parto inicial. Dessa forma, o objetivo desse trabalho foi verificar a eficácia de um tratamento de sincronização de estro à curto prazo sobre a retomada da atividade sexual de ovelhas da raça Santa Inês durante o anestro pós-parto.

METODOLOGIA:

O experimento foi conduzido na Faculdade de Veterinária da Universidade Estadual do Ceará. Foram utilizadas 13 ovelhas Santa Inês, gestantes e de (média ± e.p.) 2,6 ± 0,2 anos de idade. Após o parto, os animais foram alojados em boxes de aprisco suspenso, recebendo Pennisetum purpureum e uma suplementação com concentrado comercial. As mães permaneceram amamentando seus cordeiros durante os primeiros sete dias, sendo, logo após, separadas de suas crias. Os pesos das matrizes foram acompanhados semanalmente, do parto até 35 dias depois. Os animais tiveram o estro sincronizado 58 dias após o parto, através do uso de esponjas vaginais impregnadas com 60 mg de acetato de medroxiprogesterona por cinco dias, recebendo, intramuscularmente, 50 μg de cloprostenol no momento da colocação da esponja. Durante a retirada desta, as ovelhas receberam uma aplicação intramuscular de 300 UI de eCG. As detecções de estro iniciaram-se 12 h após o término do tratamento progestágeno, e foram mantidas numa freqüência de quatro horas. Adotou-se o procedimento de monta natural no início do estro e 24 h depois, utilizando um carneiro da mesma raça. Colheitas de sangue foram realizadas nos dias de colocação e retirada da esponja, no início do estro e nos dias 14 e 28 após o início do tratamento progestágeno, para posterior dosagem de progesterona e glicose. Para verificar a fertilidade, foi realizado um diagnóstico de gestação 60 dias após o início do estro, através de ultra-sonografia transabdominal.

RESULTADOS:

A recuperação dos pesos vivos, induzida pela ausência do efeito da amamentação do cordeiro, estimulou um significativo aumento das ovelhas em estro durante os primeiros 58 dias após o parto (10 vs. 3; P<0,05). Tal resultado foi confirmado pela taxa de glicose plasmática que permaneceu constante e dentro dos limites a partir do sétimo dia pós-parto (62,03 ± 5,90 mg/dL). As concentrações de progesterona nos primeiros 35 dias após a parição apresentaram valores abaixo de 1 ng/mL, confirmando a ausência de ovulações não acompanhadas de estro neste período. Os dados referentes à exibição de estro demonstraram que as fêmeas com baixo peso vivo ao parto (< 40 kg) tiveram uma reduzida ou ausente resposta ao longo do período pós-parto. Dos animais sincronizados (11/13), cerca de 88% de todas as fêmeas que, durante o pós-parto manifestaram estro, responderam ao protocolo de sincronização (7/8), enquanto, das três ovelhas em anestro, mostrou-se receptiva aquela que apresentou o maior peso ao parto. O diagnóstico de gestação evidenciou uma taxa de fertilidade de 62% (5/8).

CONCLUSÕES:

Os resultados mostram como o tratamento de sincronização do estro à curto prazo pode ser usado de forma eficaz na redução do anestro pós-parto em ovelhas Santa Inês, reduzindo substancialmente o anestro médio racial (58,0 ± 5,57 vs. 70,9 ± 4,51 dias).

 

Instituição de fomento: CNPq
Trabalho de Iniciação Científica  
Palavras-chave: ovelhas Santa Inês; anestro pós-parto; sincronização do estro.
Anais da 58ª Reunião Anual da SBPC - Florianópolis, SC - Julho/2006