A introdução de um novo fármaco no mercado, além de levar vários anos de pesquisa, envolve custos altíssimos. A alternativa encontrada para contornar os altos custos da introdução de novos fármacos, bem como atender os preceitos dos estudos de biodispolibilidade, é o desenvolvimento sistema de liberação controlada de fármaco. Estes sistemas têm permitido o aumento da eficiência de fármacos utilizados na terapêutica atual, a re-introdução de outros anteriormente descartados por suas propriedades indesejáveis e o aprimoramento de novos fármacos antes que sejam utilizados na terapêutica. Tensoativos têm sido muito utilizados no desenvolvimento de sistemas de liberação de fármacos. As moléculas de tensoativos se auto-agregam em água ou em óleo, levando a formação de estruturas bem definidas - emulsão, microemulsão e mesofases cristalinas líquidas liotrópicas, dependendo de parâmetros, como o conteúdo de água ou óleo e a temperatura. O objetivo deste trabalho foi avaliar o efeito do ácido oléico em sistemas obtidos a partir da mistura de álcool cetílico etoxilado e propoxilado e água, empregando o estudo do comportamento reológico e a microscopia de luz polarizada.

O diagrama de fase foi construído pela titulação de uma mistura de tensoativo e óleo com água. O comportamento reológico e microscopia de luz polarizada foram executados em amostras selecionadas no diagrama ternário em temperatura ambiente. Estas técnicas permitiram o estudo da evolução estrutural dos sistemas. Diferentes razões entre fase oleosa/água podem formar estruturas diferentes que podem levar a comportamentos diferentes de liberação de fármacos.

Os resultados mostraram que algumas amostras se comportaram como líquido Newtoniano e isotrópico, típico de dispersões líquidas compostas de micelas coloidais. A presença de cruz de Malta e estrias são características de fases lamelar e hexagonal, respectivamente. As microemulsões apresentaram comportamento Newtoniano enquanto que as mesofases líquido-cristalinas se comportaram como sistemas plástico ou pseudoplástico.

Empregando o estudo reológico e a microscopia de luz polarizada foi possível definir o tipo de estruturação de cada sistema. As microemulsões foram caracterizadas como sistemas isotrópicos com baixa viscosidade. Os sistemas anisotrópicos com viscosidade intermediária e com viscosidade semelhante à de um gel foram definidos como sistemas lamelares e hexagonais, devido à presença  de “cruzes de Malta” e estrias, respectivamente. As microemulsões apresentaram comportamento Newtoniano e as fases líquido-cristalinas se comportaram como sistemas plásticos e pseudoplásticos. Quando comparados com os sistemas contendo miristato de isopropila como fase oleosa, os sistemas microemulsionados empregando o ácido oléico foram estabilizados com concentrações menores de tensoativo.