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H. Artes, Letras e Lingüística - 4. Lingüística - 4. Sociolingüística

CRENDICES POPULARES PARANAENSES E SUA REPRESENTAÇÃO NO ATLAS LINGÜÍSTICO DO PARANÁ.

Ariane Cardoso dos Santos  1
Vanderci de Andrade Aguilera 2
(1. Iniciação Científica - UEL; 2. Profa. Dra. Departamento de Letras Vernácula e Clássicas – UEL )
INTRODUÇÃO:
O presente trabalho apresenta o resultado dos estudos desenvolvidos no subprojeto de iniciação científica: “Crendices populares paranaenses e sua representação no Atlas Lingüístico do Paraná” - ALPR-. Foi desenvolvido no período de julho de 2004 a junho de 2005, pela bolsista Ariane Cardoso dos Santos, sob orientação da professora Doutora Vanderci de Andrade Aguilera. Tal subprojeto está vinculado ao projeto interinstitucional Atlas Lingüístico do Brasil, doravante ALiB, que busca suprir a “inexistência de dados que apontem, de maneira geral e ampla, as características do português no território nacional”.
METODOLOGIA:
O corpus utilizado para pesquisa foi extraído das entrevistas do ALPR (AGUILERA-1994) que compõe-se de 191 cartas lexicais e fonéticas elaboradas a partir dos dados coletados entre os anos de 1985 a 1990 em 65 localidades paranaenses, junto a 130 informantes. No entanto, a autora não cartografou todas as respostas dadas às 325 questões que compunham o Questionário, principalmente as que se referiam a lendas e superstições, de nº. 319 a 324 e que indagavam sobre o boitatá ou baetatá, o saci, o lobisomem o caipora, o curupira ou currupira e a mula sem cabeça. Desse modo, para a presente pesquisa foi necessário recorrer às entrevistas, que compõem o acervo impresso de 13 volumes do ALPR já digitados e às gravações em cassete. Este trabalho preliminar de audição das entrevistas para a constituição do corpus possibilitou a revisão do material transcrito e a apuração de outros detalhes que pudessem contribuir para a análise das narrativas, tais como a ênfase, a entonação da voz, as hesitações, os silêncios. Para a consecução dos objetivos foi necessário percorrer todas as etapas que precedem a elaboração de cartas para um atlas lingüístico, tais como: revisão das narrativas digitadas que compõem o acervo impresso do ALPR; organização de um arquivo das narrativas sobre o capora/caipora; análise dos depoimentos dos informantes sobre a lenda ou mito do capora/caipora; tabulação dos dados de acordo com critérios sobre: (i) existência ou não do mito no imaginário do informante, (ii) contato direto ou indireto com o ser sobrenatural, (iii) descrição física do capora/caipora, (iv) a forma de atuação deste ente sobrenatural e, finalmente, (v) discussão sobre os signos capora e caipora.
RESULTADOS:
Como as variantes fonéticas capora/caipora passaram a se alternar na fala dos diversos informantes das regiões paranaenses, consideramos importante verificar como a literatura específica – dicionários e enciclopédias - trata esses dois signos capora e caipora. A busca em dicionários revelou que ambas as denominações caipora/capora apontam para significados distintos, isto é, remetem a seres diferenciados. Essas variantes, no entanto, no Paraná, remetem ao mesmo ser, de tal modo que alguns informantes chegam a denominá-lo das duas maneiras.
CONCLUSÕES:

Buscamos, igualmente, compreender melhor a história da ocupação do solo paranaense em seus três séculos de povoamento. O levantamento da fala de cada um dos cento e trinta informantes, sobre a questão 320, “O senhor conhece o caipora? Já ouviu ou conhece alguma história sobre ele?” demonstrou tratar-se de uma crendice bastante difundida no meio rural paranaense uma vez que 57% dos informantes fizeram alguma referência ao mito. Este trabalho teve como objetivos verificar a vitalidade do mito no imaginário popular, mapear as ocorrências e registrar as formas pelas quais o caipora ou capora se preserva na linguagem rural paranaense.

Instituição de fomento: CNPq
Trabalho de Iniciação Científica  
Palavras-chave: Atlas Lingüístico; sociolingüística; crendices populares.
Anais da 58ª Reunião Anual da SBPC - Florianópolis, SC - Julho/2006