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C. Ciências Biológicas - 8. Genética - 2. Genética de Microorganismos
ESTUDO DA PRESENÇA DE GENES DE PATOGENICIDADE EM ISOLADOS DE Aeromonas sp.

Manuela Peletti-Figueiró 1
Ana Paula Longaray Delamare 1
Sergio Echeverrigaray 1
(1. Universidade de Caxias do Sul)
INTRODUÇÃO:
 

As Aeromonas são bastonetes gram-negativos de ampla distribuição na natureza. Como possuem a água como habitat natural, são consideradas patógenos convencionais de peixes e animais de sangue frio. No entanto, nos últimos anos, houve um acréscimo na incidência desses organismos como causadores de infecções em humanos, fato o qual justifica o interesse potencial em elucidar os mecanismos patogêncios desse microrganismo. Assim, dentre as infecções mais comumente associadas a Aeromonas encontram-se: infecções intestinais, endocardites, meningites, abcessos intra-abdominais, peritonites, infecções do trato respiratório e urinário, além de septicemia. Dessa forma, vários fatores têm sido reportados como indicadores de patogenicidade nesse gênero, como a produção de endotoxinas, exotoxinas e biofilme. Porém, muitos estudos demonstram que parece ser a associação conjunta entre todos esses caracteres que favorece a virulência de Aeromonas sp.

METODOLOGIA:
 

Nesse sentido, o presente trabalho avaliou a presença de genes de patogenicidade em quarenta e cinco amostras de Aeromonas sp. isoladas clínicas e não clínicas (com linhagens de referência devidamente incluídas no grupo de estudo) pelo marcador molecular Polymerase Chain Reaction (PCR). Para essa análise, as culturas foram diretamente submetidas a amplificação, procedendo-se somente uma diluição prévia do material celular (1:20) após um cultivo de dezoito horas. Assim, os genes avaliados foram: Aerolisina/Hemolisina (Aer – 431pb) Serina Protease (asp – 350pb), GCAT (Enzima proteolítica extracelular – 237pb), Lipase (lipA – 247pb) e Elastase (ahyB – 450pb). Posteriormente, os produtos de amplificação foram submetidos a eletroforese horizontal em gel de agarose 1,5% corado com Brometo de Etídeo. Em seguida, os mesmos amplicons foram visualizados sob UV e fotografados para análise dos dados quanto a presença dos genes que caracterizam a virulência de Aeromonas.

RESULTADOS:
 

Dessa forma, a análise da presença dos genes de patogenecidade em Aeromonas permitiu-nos avaliar que o gene da Lipase (lipA) possui uma incidência de 98% nas quarenta e cinco amostras discriminadas, possuindo dentre essas somente uma linhagem negativa de Aeromonas caviae para tal segmento gênico. Ainda foram possíveis as determinações das freqüências de 78,5% ( isolados clínicos) e 67% (assintomático) em relação ao gene Aerolisina/Hemolisina (Aer); e 78,5% (isolados clínicos) contra 83% (assintomáticos) para o gene da Elastase(ahyB), sem diferenças significativas quanto a procedência das amostras, mesmo possuindo esse porção genética elevada incidência no gênero (88%). Além disso, obteve-se uma alta freqüência do gene GCAT em isolados clínicos (64%) em relação aos isolados não clínicos (25%), demosntrando ser um gene de relevância para essa bactéria.

CONCLUSÕES:
 

Assim, por meio da análise dos genes via PCR foi possível o discernimento de um gene exclusivo para o gênero de Aeromonas (Lipase – lipA), o qual teve elevada taxa de incidência (98%) nas amostras estudadas, caracterizando dessa forma, tal porção gência como uma potencial ferramenta de caracterização e identificação dessas bactérias em controles de qualidade alimentícia. Além disso, constatou-se que o gene Aerolisina/Hemolisina, por possuir uma eqüidadde de freqüências em relação as amostras analisadas em comparação as linhagens de referência, demonstrou não ser um fator genético determinante da capacidade patogênica desse microrganismo. Bem como o gene ahyB (Elastase), o qual apresentou elevada incidência no gênero (88%), porém sem diferenças significativas entre isolados clínicos (78,5%) e não clínicos (83%). No entanto, o gene Serina Protease (GCAT), enzima proteolítica extracelular, mostrou-se como indicativo de mecanismos de virulência, uma vez que demonstrou elevada incidência em isolados clínicos (64%) contra 25% em assintomáticos). Nesse sentido, foi possível concluir com o presente trabalho, que a determinação do gene GCAT em Aeromonas pode ser indicativo da patogencidade das espécies, além de inferir que o gene lipA parece ser característico e específico para esse gênero de bactérias, fato importante quando aplicado em programas de segurança alimentar.

Instituição de fomento: CAPES, FAPERGS,UCS
Trabalho de Iniciação Científica  
Palavras-chave: PCR; Aeromonas; patogenicidade.
Anais da 58ª Reunião Anual da SBPC - Florianópolis, SC - Julho/2006