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D. Ciências da Saúde - 2. Medicina - 2. Cirurgia
AVALIAÇÃO COMPARATIVA DO RITMO DE PISCAR ENTRE RECÉM-NASCIDOS E CRIANÇAS EM IDADE PRÉ-ESCOLAR
Marcelo Mendes Lavezzo 1
Silvana Artioli Schellini 1
Carlos Roberto Padovani 2
(1. Departamento de OFT/ORL/CCP - Faculdade de Medicina de Botucatu - UNESP; 2. Departamento de Bioestatística - Instituto de Biociências de Botucatu - UNESP)
INTRODUÇÃO:
O piscar involuntário é dividido em piscar espontâneo e reflexo. Diversos fatores influenciam o ritmo de piscar, como idade, aumentado à noite, maior em mulheres, dependente do nível de atenção e existência de alterações oculares. Adultos normais piscam 2 a 50 vezes por minuto e recém-nascidos, 2 a 3 por minuto. O piscar espontâneo é baixo em bebês e aumenta rapidamente durante o primeiro ano de vida, o que pode ocorrer por imaturidade do circuito neural ou por diferenças no filme lacrimal de crianças e adultos, provavelmente porque a camada lipídica do filme lacrimal de crianças é mais espessa, resultando em menor evaporação da lágrima, auxiliada pela menor área ocular exposta em recém-natos. Pouco se conhece a respeito do piscar espontâneo em crianças, tendo-se desenvolvido o presente estudo com o objetivo de avaliar comparativamente o tempo de fechamento e de abertura palpebral e o ritmo de piscar de recém-nascidos e de crianças em idade pré-escolar.
METODOLOGIA:
Foram avaliados na Faculdade de Medicina de Botucatu – UNESP, 50 recém-nascidos com até 30 dias de vida, e no Colégio La Salle ou o CEPLASB (Centro de Educação e Promoção La Salle de Botucatu) 200 crianças em idade pré-escolar, de 4 a 6 anos, no período de maio de 2004 até julho de 2005. A avaliação foi feita em crianças sadias, sem cirurgias (oculares ou palpebrais) prévias, tomando-se imagens digitais, nos planos frontal e lateral, em estado de vigília, em posição primária do olhar, estando o objeto de observação localizado na altura da pupila, a um metro de distância, durante 3 minutos, sempre pelo mesmo observador, em uma mesma sala dos locais de pesquisa, sob as condições fixas de iluminação. As imagens foram tomadas com uma filmadora Sony Lithium, gravadas em fitas 8mm, transferidas para um computador MacIntosh G4 e processadas pelo programa iMovie. O piscar espontâneo foi avaliado em frames (1/30 de segundo), estudando-se o tempo de fechamento e de abertura palpebral e o tempo de piscar completo, escolhendo-se um movimento completo em cada minuto, para comparação dos valores de piscar nos 3 momentos de observação. Também foram avaliados o número (ritmo) de movimentos palpebrais completos e incompletos por minuto, nos 3 minutos de gravação. Os resultados obtidos foram submetidos a estudo estatístico e foram apresentados segundo: estatística descritiva e teste não paramétrico para comparação dos grupos de estudo.
RESULTADOS:
Em ambos os grupos de estudo, o piscar completo foi mais freqüente que o incompleto e o tempo de fechamento palpebral foi superior ao de abertura. O ritmo de piscar completo dos recém-nascidos foi semelhante ao das demais crianças, sendo que, para estas, verificou-se diferença estatística apenas entre as de 4 e 6 anos. Com relação ao piscar incompleto, os recém-nascidos tiveram menor ritmo de piscar que os pré-escolares, com diferença significativa. O tempo de fechamento e de abertura palpebral foi maior nos bebês que nos pré-escolares, em todos os momentos de observação. O tempo de piscar completo para todas as crianças do estudo foi significativamente superior nos recém-natos, em todos os momentos de observação. O ritmo de piscar completo foi superior ao do incompleto. Desta forma foi possível constatar que o piscar completo foi menor nas crianças menores (4 anos), com tendência ao aumento até a idade de 6 anos e o piscar incompleto foi significativamente menor nos bebês. O tempo de fechamento palpebral em crianças, independente da idade, foi superior ao tempo de abertura palpebral, o que também ocorre em adultos. O tempo de fechamento, assim como o de abertura palpebral foram significativamente superiores nos bebês, nos 3 momentos de observação, reforçando que realmente existe diferença do ritmo de piscar relacionada com a idade. Este fato influenciou também o ritmo de piscar completo, já que este compreende a somatória do tempo de abertura e fechamento da pálpebra.
CONCLUSÕES:
Em crianças, o piscar completo é mais freqüente que o incompleto. O tempo de fechamento palpebral foi sempre maior que o de abertura, em todas as idades estudadas. Os recém-natos apresentaram tempo de fechamento, tempo de abertura e de piscar completo maior que os pré-escolares. Ou seja, os recém-natos piscam menos que as crianças maiores.
Instituição de fomento: PIBIC/CNPq
Trabalho de Iniciação Científica  
Palavras-chave: Ritmo de piscar; Recém-nascidos; Pré-escolares.
Anais da 58ª Reunião Anual da SBPC - Florianópolis, SC - Julho/2006