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B. Engenharias - 1. Engenharia - 8. Engenharia Elétrica

AVALIAÇÃO DA IMUNIDADE HUMORAL EM RATOS SUBMETIDOS À RADIAÇÃO ELETROMAGNÉTICA NÃO-IONIZANTE NA FREQÜÊNCIA DA TELEFONIA CELULAR

Aline de Araújo Cavalcante  1, 2
Marcelo Sampaio de Alencar  1, 2
Isabele A. Campos de Araújo  1, 2
Marcella Alves de Farias 1, 2
Talita R. de Medeiros Araújo  1, 2
Viviane Bandeira de Carvalho  1, 2
(1. Universidade Federal de Campina Grande; 2. Instituto de Estudos Avançados em Comunicações)
INTRODUÇÃO:

O crescimento exponencial do uso de telefones móveis, nos últimos anos, leva milhares de pessoas a serem expostas à radiação eletromagnética (EM). Essa crescente exposição à radiofreqüência (RF) levanta questões a respeito das possíveis conseqüências à saúde (AHEBOM et al, 2004).Desde as investigações iniciais sobre os efeitos biológicos deste tipo de radiação, principalmente aquele relacionado com a da RF, médicos e cientistas têm se mostrado preocupados com os possíveis perigos à saúde provocados por estas radiações e começaram a investigar os modos de interação desta energia com os sistemas biológicos (POLK et al, 1996).Dessa forma, durante a última década as interações entre ondas EM e organismos ou células isoladas se tornaram uma área de crescente interesse entre os estudos em ciências biológicas. Alterações na função imune podem representar um mecanismo pelo qual a exposição à RF poderia estar associada com o desenvolvimento de doenças. Vários estudos vêm abordando este tema por meio da análise de diversos parâmetros imunológicos como a sinalização do cálcio nas células imunes, proliferação de células imunológicas, resposta celular na formação de anticorpos, hipersensibilidade tardia e a atividade de células exterminadoras naturais (LYLE et al, 1997).Desse modo, neste estudo foram estudados os possíveis efeitos da radiação EM não-ionizante na imunidade humoral, por meio da dosagem de imunoglobulinas, de ratos submetidos à radiação utilizada na telefonia celular.

METODOLOGIA:

Os experimentos foram realizados no Laboratório de Comunicações (LABCOM) da UFCG. Foram incluídos 60 ratos machos da espécie Rattus novergicus, com 8 semanas de idade. A amostra foi dividida em grupos experimentais I e II, cada um com 20 ratos que foram submetidos à radiação de microondas e o grupo controle, composto por 20 ratos, que não sofreram irradiação. O gerador de microondas foi ajustado para operar numa faixa de freqüência de 864-894MHz e intensidade de potência de 1,6 mW/cm². O segundo aparelho opera na freqüência de 2,45 GHz e intensidade de potência de 0,4mW/cm². Os equipamentos são compostos de transmissor analógico, de antena transmissora e de fonte de alimentação da corrente contínua. Foi efetuada a monitoração do consumo de água e ração. Todos os animais foram submetidos a uma coleta de 1,5 ml de sangue intra-cardíaco antes da irradiação. Os experimentos I e II foram realizados por um período de irradiação de 1 hora diária por 90 dias consecutivos, sendo no Experimento I utilizada a freqüência de 869 a 894 MHz; e no Experimento II a freqüência de 2,45 GHz. Após o período de irradiação, todos os ratos foram submetidos a uma segunda coleta de sangue intra-cardíaco e as amostras enviadas para dosagem de imunoglobulinas IgA, IgG e IgM.  No grupo controle, foi efetuada a primeira coleta e após um período de 90 dias sem irradiação, foi realizada a segunda coleta. Foi efetuada a análise estatística das dosagens de imunoglobulinas por meio do teste de Wilcoxon.

RESULTADOS:

Após a análise estatística, foram encontrados aumentos significativos quando comparadas as dosagens de imunoglobulinas antes e após 90 dias em todos os grupos analisados (com exceção da IgA no grupo experimental II).No grupo controle, a média de IgA antes e após 90 dias foi de 0,0 (±0,0) mg/dL e 0,53 (±0,51)mg/dL, respectivamente (p=0,002). Para os valores de IgM, as médias foram 5,05 (±1,61) mg/dL e 10,79 (±1,9) mg/dL antes e após 90 dias (p<0,001). Em relação à IgG, as médias foram de 397,74 (±113,08) mg/dL e 592,16 (±19,12) mg/dL antes e após 90 dias, respectivamente (p<0,001).Em relação à dosagem de imunoglobulinas no grupo experimental I antes e após 90 dias, respectivamente, os valores de IgA foram de 0,0 (±0,0) mg/dL e 0,3 (±0,47) mg/dL (p=0,014), para IgM 5,9 (±3,29) mg/dL e 13,10 (±2,9) mg/dL (p<0,001) e para IgG 302,15 (±86,16) mg/dL e 577,15 (±21,24) mg/dL (p<0,001). No grupo experimental II, as médias de dosagem inicial e após 90 dias para a IgA foram respectivamente de 0,25 (±1,12) mg/dL e 0,20 (±0,41) mg/dL (p=0,48), para IgM de 7,0 (±2,1) mg/dL e 11,35 (±2,54) mg/dL (p<0,001), para IgG foram de 358,35 (±54,58) mg/dL e 585,55 (±19,94) mg/dL (p<0,001).

CONCLUSÕES:

Obtivemos aumento significativo dos valores das imunoglobulinas IgG e IgM nos grupos controle e experimentais I e II. Quanto aos valores da IgA, também houve aumento, no entanto, devemos ressaltar que os valores iniciais da maioria dos ratos de todos os grupos foram indetectáveis, o que pode ter influenciado na análise estatística desta imunoglobulina, com o resultado da comparação do grupo experimental II sendo não significativo, além disso, não foi observada elevação dos valores iniciais neste grupo.Múltiplos fatores podem influenciar a resposta imunológica. As principais influências constitucionais são provenientes da composição genética e da idade. Outros fatores externos podem estar associados como o estresse, estado nutricional e doenças infecciosas (ROBINSON e HUXTABLE, 1993). Neste estudo, houve aumento das imunoglobulinas em decorrência de elevações fisiológicas, talvez devido à progressão da idade, uma vez que o aumento foi significativo também no grupo controle, que não foi exposto à radiação. Fatores ambientais parecem não ter influenciado no aumento, uma vez que os ratos se encontravam sob ambiente controlado, onde não foram evidenciados sinais de estresse ou infecções. Além disso, não houve alterações no controle de peso, nem no consumo de água e ração, não ocorrendo alterações nutricionais. Comparando os três grupos entre si, observa-se que os valores são semelhantes, mostrando não haver influência da radiação nem diferenças entre as freqüências utilizadas.

Instituição de fomento: Universidade Federal de Campina Grande;Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico;Instituto de Estudos Avançados em Comunicações
Trabalho de Iniciação Científica  
Palavras-chave: efeitos biológicos; imunoglobulinas; radiação não-ionizante.
Anais da 58ª Reunião Anual da SBPC - Florianópolis, SC - Julho/2006