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C. Ciências Biológicas - 7. Fisiologia - 5. Fisiologia
DOR NEUROPÁTICA COMO UM POSSÍVEL INDUTOR DE ESTRESSE OXIDATIVO NA MEDULA ESPINAL DE RATOS
Camila Menegon Teixeira  1
Lidiane Dal Bosco  1
Renata Padilha Guedes  1
Maria Flávia Marques Ribeiro 1
Adriane Belló-Klein  1
Wania Aparecida Partata  1
(1. Universidade Federal do Rio Grande do Sul)
INTRODUÇÃO:
A dor tem sido tema de interesse da humanidade desde o início dos tempos, representando ainda hoje um dos principais problemas de saúde. A lesão de um nervo periférico, que constitui um dos modelos de dor neuropática, provoca alterações neuroquímicas e morfológicas no sistema nervoso periférico. Uma dessas modificações é a produção de radicais livres no local do trauma, que tem sido citada como um evento relacionado à hiperalgesia. Entretanto, é desconhecido se isto ocorre em outros níveis do sistema nervoso central (SNC) envolvidos na nocicepção. Assim, este trabalho teve como objetivo relacionar a dor neuropática com o possível desenvolvimento de estresse oxidativo no SNC mediante a determinação da atividade das enzimas antioxidantes superóxido dismutase (SOD) e catalase (CAT), bem como da concentração de metabólitos do óxido nítrico (NO) e de TBARS, na medula espinal de ratos submetidos à injúria axonal periférica.
METODOLOGIA:
Foi realizada secção do nervo ciático direito de ratos adultos, machos, da raça Wistar, com peso entre 200-250g. Este grupo de animais foi denominado desnervado. Como controle foram empregados dois grupos experimentais: sham, no qual o nervo foi isolado, porém não seccionado; e controle, que não sofreu qualquer manipulação. Cada grupo foi composto por 5 animais. Para análise do limiar nociceptivo foi utilizado o teste da placa quente. Os animais foram sacrificados 3, 5 e 7 dias após a lesão e a medula espinal lombossacral retirada e homogeneizada para a realização das determinações bioquímicas: a atividade da CAT foi obtida pela medida do consumo de H2O2 na amostra (pmol/mg de proteína); a atividade da SOD (USOD/mg de proteína) pelo método de autoxidação do Pirogalol; a medida de danos a lipídeos foi feita por TBARS; a concentração dos metabólitos do óxido nítrico NO2/NO3 (umol/L) foi determinada pelo método descrito por Granger et al., 1999. Para NO2/NO3 houve ainda um outro grupo experimental, o qual foi sacrificado 1 dia após a axotomia. Foi realizada ainda a técnica de Western blot, utilizando os anticorpos policlonais anti-catalase e anti-CuZnSOD (Chemicon). Nesta técnica a revelação foi feita por quimioluminescência, sendo os valores obtidos em % da média de pixels. A dosagem das proteínas foi feita pelo método de Lowry. Os dados foram analisados através de ANOVA de uma via seguida de Student-Newman-Keuls.
RESULTADOS:
A medida do limiar nociceptivo indicou que os ratos desnervados desenvolveram hiperalgesia apenas aos 3 (2,9s±0,3) e 7 (5,4s±0,3) dias após a lesão. Não houve mudança significativa na expressão das enzimas CAT e SOD. No entanto, a atividade da CAT reduziu em 30% aos 3 dias e 40% aos 7 dias após a injúria axonal periférica, enquanto a atividade da SOD reduziu 30% somente aos 7 dias. Aos 15 dias não foi observada variação estatisticamente significativa nas atividades das enzimas SOD e CAT. Os valores de TBARS não apresentaram modificações significativas. Os nitratos por sua vez, estavam aumentados aos 7 dias no grupo desnervado (10,84 ± 0,36) quando comparado aos grupos sham (9,24 ± 0,42) e controle (8,13 ± 0,51). No primeiro dia, esse aumento (11,36 ± 0,05) foi significativo apenas em relação ao grupo controle (10,23 ± 0,28). Os valores entre parênteses representam a média ± erro padrão.
CONCLUSÕES:
Após o desenvolvimento da dor neuropática, observou-se uma diminuição na atividade da SOD e da CAT, indicando que esta situação experimental provoca queda das defesas antioxidantes primárias na medula espinal de ratos. A redução da CAT ocorreu nos mesmos períodos em que estava diminuído o limiar nociceptivo. Portanto, esta enzima pode estar relacionada ao desenvolvimento de hiperalgesia. Já os períodos de diminuição da SOD mostraram correlação com o aumento de NO2/NO3. Assim, é possível que, nas situações de dor neuropática, esta redução da defesa antioxidante e o aumento de NO permitiria a formação de peróxido nitrito, que é altamente nocivo aos constituintes celulares. Como não foi verificada lesão em lipídios nesta condição experimental, nossa hipótese é que provavelmente o alvo do possível peróxido nitrito formado seja as proteínas celulares. Este é o nosso atual tema de trabalho.
Instituição de fomento: FAPERGS, CNPq, CNPq-PIBIC.
Trabalho de Iniciação Científica  
Palavras-chave: nocicepção; antioxidantes; óxido nítrico.
Anais da 58ª Reunião Anual da SBPC - Florianópolis, SC - Julho/2006