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D. Ciências da Saúde - 1. Enfermagem - 2. Enfermagem de Saúde Pública

ALUMÍNIO COMO FATOR DE RISCO PARA A DOENÇA DE ALZHEIMER

Pricilla Costa Ferreira  1
Kamila de Almeida Piai  1
Orfa Yineth Galvis-Alonso  2
Angela Maria Magosso Takayanagui  3
Susana Inés Segura-Muñoz  4
(1. Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto, Universidade de São Paulo/EERP-USP ; 2. Profa. Dra., da Faculdade de Medicina de São José do Rio Preto /FAMERP); 3. Profa. Dra., da Universidade de São Paulo/EERP/USP; 4. Orientadora. Profa. Dra., da Universidade de São Paulo/EERP/USP)
INTRODUÇÃO:

O alumínio (Al) é um metal comum no meio ambiente e um dos mais abundantes da crosta terrestre. Sais de Al são amplamente utilizados como coagulantes para redução da matéria orgânica, turvidez e presença de microrganismos durante o tratamento de água superficial, que apresenta maior quantidade de partículas em suspensão. Essa utilização, apesar de necessária para o tratamento de água em muitos municípios, pode aumentar a concentração de Al no ponto final de consumo. A Doença de Alzheimer (DA) é uma desordem neurodegenerativa, predominante na população senil, caracterizada clinicamente pela perda progressiva da memória e de outras habilidades cognitivas e patologicamente por perda neuronal severa, proliferação glial e placas amilóides compostas da proteína β-amilóide (Aβ) rodeadas de terminações nervosas degeneradas e de emaranhado neurofibrilar. A DA é provavelmente o resultado de um processo multifatorial no qual estão inclusos componentes genéticos e ambientais. Dentre os fatores de risco ambientais, relacionados com o desenvolvimento da DA, encontra-se a exposição ao Al, um dos potenciais fatores de risco ambientais mais estudados. O trabalho teve como objetivo condensar a evidência científica existente entre a exposição ao Al e risco para o desenvolvimento da DA, a partir dos resultados de pesquisas publicadas entre 1990 e 2004, utilizando uma técnica de revisão bibliográfica reprodutível, denominada Revisão Sistemática de Literatura (RSL).

METODOLOGIA:

Para o presente estudo foi definido como problema a relação existente entre a exposição ao Al e o risco de desenvolvimento da DA. A busca de literatura foi conduzida com publicações entre 1990 e 2004, em duas bases de dados, MEDLINE e LILACS, os artigos foram identificados utilizando os unitermos: Aluminium Exposure and Alzheimer Disease e Aluminium and Risk for Alzheimer Disease. Para a seleção dos estudos foram utilizados os critérios definidos no Teste de Relevância (TR). Fizeram parte da RSL, unicamente os estudos que responderam afirmativamente a todos os critérios de inclusão, descritos a seguir: a. O estudo trata da DA e/ou da toxicidade do Al?; b. O estudo aborda potenciais agentes etiológicos ou fatores de risco para o desenvolvimento da DA?; c. O estudo foi publicado de janeiro de 1990 a dezembro 2004?; d. O estudo foi publicado em inglês, espanhol, português ou francês?. A busca nas bases de dados e a aplicação do TR, tanto nos resumos quanto nos trabalhos na íntegra, foram realizadas por dois pesquisadores de maneira independente, com a finalidade de garantir a objetividade do método. O TR foi aplicado duas vezes, a primeira aplicação foi nos resumos, após essa aplicação foram relacionados os artigos que preliminarmente fariam parte da pesquisa. Em seguida foram captados todos os artigos na íntegra para a segunda aplicação do TR; lido o trabalho completo foi feita à confirmação de sua inclusão ou exclusão na pesquisa.

RESULTADOS:

No presente levantamento foram obtidos 169 estudos relacionados com a temática. Após a primeira aplicação do TR foram selecionados 69 trabalhos; foram excluídos 16 por não possuírem resumos, 39 por não responderem afirmativamente a todas as perguntas do TR, 40 por se tratarem de artigos de revisão e 5 por serem comentários. Dos 69 trabalhos selecionados com a primeira aplicação do TR, foram obtidos na íntegra 44 artigos. Os 44 estudos obtidos na íntegra foram revisados e analisados visando-se identificar o tipo de relação existente entre o Al e DA. Após a segunda aplicação do TR, foram selecionados 34 estudos, foram excluídos 15 artigos, 4 por serem comentários, 6 por não responderem afirmativamente a todas as perguntas do TR e 5 por serem revisões. Dos 34 artigos selecionados para a pesquisa 70,5% (23 estudos) estabeleceram relação entre o Al e a DA, 23,5% (8 estudos) não apresentaram dados conclusivos e 6% (2 estudos) não estabeleceram nenhuma relação entre o Al e DA.

CONCLUSÕES:

Os resultados demonstram que 70,5% dos trabalhos analisados apresentam o Al como um dos fatores de risco para a DA, comprovando e descrevendo os mecanismos toxicológicos através dos quais o Al afeta o tecido nervoso. Diante dessas evidências científicas, faz-se necessário avaliar a exposição ao Al, evitando-se favorecer a absorção desse elemento pela via oral, para minimizar os possíveis riscos para a saúde da população, principalmente para o grupo geriátrico. Pelo presente estudo destaca-se a necessidade de compreender a importância dos fatores ambientais, em especial a exposição ao Al, como determinantes no processo saúde-doença da população, realçando seu potencial para afetar, positiva ou negativamente, os processos naturais de envelhecimento. Ao se fazer uma avaliação geral dos trabalhos verificou-se que segundo um importante grupo de pesquisadores, o Al intervém em diversos processos neurofisiológicos responsáveis pela degeneração característica da DA. Apesar da polêmica existente em todo o mundo sobre o papel do Al como fator de risco para a DA é necessário compreender que a evidência científica demonstra ao longo dos últimos anos que o Al está associado com o desenvolvimento da DA. Assim, a prevenção à exposição a certos fatores ambientais como o Al, dentre outros, poderia diminuir a incidência de doenças crônico-degenerativas como a DA, que nos últimos anos adquiriram grande importância para a saúde coletiva em todo o mundo.

Instituição de fomento: Este trabalho contou com o apoio financeiro do Conselho Nacional de Pesquisa (CNPq) através da concessão de bolsa de Iniciação Científica CNPq/PIBIC.
Trabalho de Iniciação Científica  
Palavras-chave: Doença de Alzheimer; Exposição ao Alumínio; Fatores de risco.
Anais da 58ª Reunião Anual da SBPC - Florianópolis, SC - Julho/2006