Percebendo a dificuldade a nível de solidariedade e cooperação dos moradores do assentamento Massangano – Maragogi/AL nos trabalhos realizados anteriormente pelo Grupo de Pesquisa Cultura, Identidade e Movimentos Sociais, tentamos trabalhar esta perspectiva junto ao grupo de jovens. Entendendo a formação cooperativista como meio de fomentar a visão crítica da realidade, pela construção de novos valores, tentamos despertar o interesse do Grupo de Jovens pelo cooperativismo, através da união, buscando a superação dos problemas da produção e da sustentabilidade do Assentamento. Nosso objetivo Geral foi identificar os fatores objetivos e subjetivos propiciadores e impeditivos ao incremento teórico-prático do cooperativismo agro-industrial junto ao Assentamento Massangano. Quanto aos objetivos específicos definimos: 1) cadastrar os jovens interessados em desenvolver pequenas atividades produtivas no Assentamento Massangano; 2) sensibilizar os jovens do Assentamento Massangano para o conhecimento e a prática do cooperativismo agro-industrial como forma de proporcionar um maior contato com a realidade, através do desenvolvimento de uma visão crítica, gerando novos valores de solidariedade e coletividade; 3) contribuir para que os jovens percebam a importância do cooperativismo como uma forma organizativa e produtiva para a superação do insuficiente desenvolvimento socioeconômico do Assentamento Massangano.  

Utilizamos a metodologia da pesquisa-ação, em um processo de investigação comprometido com a realização da transformação social, através de uma pesquisa em que ambos, pesquisador e pesquisado, são ativos na inserção crítica da realidade a ser estudada. Inicialmente, procuramos observar os fatores subjetivos e objetivos que permeiam os membros do Grupo de Jovens no Assentamento Massangano. Assim, buscamos identificar as dificuldades e possibilidades de construir uma organização proporcionadora de valores socialistas através da educação cooperativista. Foi partindo da necessidade prática que emergiu a importância de se trabalhar a cooperação como forma, não apenas de melhor sobreviver no sistema capitalista, mas de desenvolver novas concepções de relações sociais baseadas na solidariedade nos valores coletivos. No desenvolvimento do nosso projeto buscamos trabalhar através de uma metodologia participante a mobilização destes jovens no que se refere aos valores coletivos, bem como a prática de uma educação popular problematizadora.  Os instrumentos da pesquisa foram: estudo exploratório; estudo bibliográfico; observação participativa; entrevistas individuais e coletivas; análise documental; seminários de estudo, avaliação e planejamento. relatórios e divulgação da pesquisa.

As dificuldades de implementação oriundas das concepções culturais individualistas não foram superadas. Embora, historicamente, o Massangano tenha em sua base a formação político-ideológica do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra, não conseguiu, desde o princípio, desenvolver na prática coletiva as concepções socialistas propostas pelo Movimento. No processo de conquista da terra, muitos dos assentados eram trabalhadores locais, que sem estar ligados à luta pela Reforma Agrária não tiveram a formação política de base do MST. A divisão da terra em lotes, feita pelo Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária, também fortalece o conceito de propriedade privada pregada pelo capitalismo. O Grupo de Jovens embora perceba a necessidade da união para superar as dificuldades de sobrevivência, como nos foi evidenciado nas entrevistas, encontrou-se submetido às situações de opressão e miséria, que os impediram de possuir motivação e autonomia quanto às decisões internas. A migração de membros do grupo em busca de oportunidades na capital; as divergências políticas por parte da prefeitura e da associação; as brigas internas envolvendo a questão de gênero; a falta de política agrária por parte do governo e Movimentos Sociais; a influência das lideranças da associação; foram fatores que contribuíram para que o Grupo se desentendesse e não conseguisse efetivar suas propostas, culminando no seu desfacelamento.

A partir da análise dos fatos vivenciados pelo Grupo de Pesquisa no Assentamento Massangano, pudemos perceber que os jovens deste Assentamento permanecem com as concepções culturais individualistas profundamente arraigadas. As dificuldades financeiras que os remete a busca de recursos  destinados apenas a sobrevivência, dificulta as ações a nível de conscientização. Desta forma, a manipulação, envolvida por uma política assistencialista é considerada de forma extremamente positiva pela maioria dos jovens. A dificuldade prática de união, contraposta pelo discurso da necessidade  da coletividade para a superação dos problemas, nos fez concluir que o Grupo de Jovens do Massangano consegue chegar a compreensão da necessidade da cooperação, porém sem conseguir visualizar na prática sua possibilidade. É preciso ter o conhecimento da relação contraditória em que se encontram inseridos estes jovens, em que a ambiquidade da situação existencial vivenciada, impede uma ação rápida. Compreendendo que a mudança ocorre por etapas, através de uma modificação nas estruturas micro e macro sociais, podemos acreditar que o Grupo de Jovens funcionou como um espaço de reflexão e união para possíveis trabalhos futuros. Visando a transformação social a nível objetivo e subjetivo deste Grupo estudado, é importante um trabalho de educação popular, junto à uma condição material que possibilite trazer as questões subjetivas referentes à cooperação para a prática produtiva.