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AVALIAÇÃO DA INFLUÊNCIA DA CINZA DE CASCA DE ARROZ PRODUZIDA NO ESTADO DO TOCANTINS NAS PROPRIEDADES DO CONCRETO NOS ESTADOS PLÁSTICO E ENDURECIDO

Fábio Henrique de Melo Ribeiro  1
Jaqueline Arante  1
Valter Cassol  1
(1. Centro Universitário Luterano de Palmas/ CEULP/ULBRA)
INTRODUÇÃO:

Seguindo a evolução natural do setor, a indústria da construção civil tem buscado, a passos não tão rápidos quanto se gostaria, sua inserção no hall de mercados de ponta, através da utilização de novas tecnologias e materiais alternativos. Porém, estas novas tendências devem ser acompanhadas por uma devida preocupação ambiental.

Autilização de resíduos materiais na construção civil deve ser pautada, por parte das empresas construtoras, não somente visando a redução de custos, mas também sobre as óticas ambientais e sociais, através da utilização de sistemas de reciclagem e da busca da sustentabilidade dos processos de produção. 

No Brasil, são produzidas 2.098.921 toneladas/ano de palha de casca de arroz, o que gera uma preocupação a mais por parte dos ambientalistas, uma vez que este material pode se tornar um poluente em potencial, de difícil decomposição.(IBGE, 2003).

O emprego de cinza de casca de arroz (CCA) produzida sem controle de temperatura, na confecção de concreto, tem como objetivo diminuir custos e impactos ambientais, além de melhorar certas propriedades mecânicas e de durabilidade.

Este trabalho visa colaborar para as discussões técnicas e ecológicas, debatendo sobre a utilização destes resíduos na fabricação de concretos com desempenhos satisfatórios.

METODOLOGIA:

O programa experimental teve como objetivo avaliar o comportamento de concretos com relação água/aglomerante de 0,4, 0,5 e 0,6, confeccionados com teores de substituição, em massa, de cimento por CCA em 0%, 5% e 10%.

 

2.1 Obtenção e queima da CCA:

 

A coleta da casca de arroz foi realizada diretamente do depósito do beneficiador, no município de Porto Nacional/TO. O processo de queima foi realizado na caldeira (DOMEL, modelo VSVL 300) da Fazenda Experimental do CEULP/ULBRA, PALMAS-TO, sem  controle de temperatura.

 

2.2 Moagem e peneiramento da CCA:

 

Após a queima, a dimensão da CCA foi praticamente a mesma da casca, sendo então necessário a moagem que fora realizada em um moinho utilizado para a moagem de resíduos de entulho proveniente da construção civil (moinho de rodas), obtendo um rendimento satisfatório quanto ao aproveitamento dos resíduos utilizados.

Antes do uso a CCA passou por um processo de peneiramento para eliminar eventuais resíduos provenientes da etapa de queima.

 

2.3 Avaliação dos concretos com a CCA obtida:

 

Para a caracterização dos concretos  foram realizados os seguintes ensaios:

 

-  Consistência pelo abatimento do tronco cone (slump test NBR MN 67/92);

-  Compressão Axial: os corpos-de-prova foram ensaiados aos 3, 7, 28 e 90 dias (NBR 5739/94);

-  Absorção de água: os corpos-de-prova foram ensaiados à absorção aos 91 dias (NBR 9778/87).

- Carbonatação: o ensaio de carbonatação foi realizado com idade de 115 dias expostos a carbonatação natural. (indicador fenoftaleína);

RESULTADOS:

3.1Trabalhabilidade:

 

Através dos resultados foi possível constatar que a utilização de CCA para o mesmo fator água/aglomerante resulta em valores de slump mais baixos, pois a CCA absorve maior quantidade de água devido à sua alta superfície específica.

 

3.2 Resistência à Compressão Axial:

 

O concreto com fator água/aglomerante 0,4 e 10% de substituição de CCA foi o que mais se destacou em termos de resistência à compressão.

Para os concretos com fator água/aglomerante 0,5 o resultado praticamente se manteve, sendo que o concreto mais resistente foi o que tem 10% de substituição de CCA.

Como caso específico, o concreto com 5% de substituição de CCA superou os demais quanto à resistência a compressão.

 

3.3 Absorção de Água:

 

Os ensaios de absorção de água foram executados aos 91 dias de idade em 03 corpos-de-prova para cada traço. Os corpos-de-prova sofreram secagem em estufa por 72 horas e depois ficaram submersos em água por mais 72 horas.

No final, realizou-se a média dos valores encontrados em cada traço. Os resultados, em porcentagem foram obtidos através da fórmula: Msat – Ms * 100/Ms

 

 

3.4 Carbonatação:

 

Este ensaio foi realizado com corpos-de-prova com idade de 115 dias, utilizando-se de fenolftaleína como indicador da profundidade.

Não houve nenhum ponto, nem mesmo isolado, onde tenha ocorrido profundidade de carbonatação superior a 6mm nos concretos com adição de CCA. Já no concreto referência foram constatados pontos em que esta profundidade chegou a medir 8mm.

CONCLUSÕES:

Neste contexto e perante a análise dos resultados dos ensaios apresentados, é evidente a vantagem de utilização de CCA como substituto parcial do cimento Portland na medida em que se obtém aumentos de resistência à compressão.

A CCA é de fato um dos materiais que, além de substituir parcialmente o cimento com benefícios econômicos, energéticos e ecológicos, parece contribuir de uma forma decisiva para a durabilidade da construção em concreto.

 

4.1 Resistência à Compressão:

 

Pode-se concluir que a CCA foi de fundamental importância no ganho de resistência à compressão dos corpos-de-prova.

De acordo com os resultados obtidos nos traços, pode-se concluir que para fatores de a/agl elevados os concretos que tiveram uma maior substituição de CCA (10%) não tiveram rendimento satisfatório em relação ao concreto referência.

 

4.2 Absorção de Água:

 

Segundo os resultados dos ensaios de absorção de água podemos afirmar que os traços analisados possuem características de desempenho consideráveis e que, como a maioria dos bons concretos, tem absorção abaixo de 10% em massa.

           

4.3 Carbonatação:

 

Embora a diferença entre a profundidade de carbonatação dos concretos (referência e com substituição de CCA) tenha sido pequena, ficou provado que a adição de CCA reduziu a carbonatação em todos os corpos-de-prova. A granulometria da CCA pode ser um benefício neste caso, pois por ser muito fina preenche melhor os poros diminuindo a permeabilidade e, conseqüentemente, diminuindo a profundidade de carbonatação.

Trabalho de Iniciação Científica  
Palavras-chave: CINZA DE CASCA DE ARROZ; POZOLANA; PROPRIEDADE DO CONCRETO.
Anais da 58ª Reunião Anual da SBPC - Florianópolis, SC - Julho/2006