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G. Ciências Humanas - 3. Filosofia - 2. Filosofia
LÓGICA E ARGUMENTAÇÃO NO DISCURSO FILOSÓFICO DO RACIONALISMO
Maicon Bohnenberger 1
Jorge Alberto Molina 1
(1. UNISC (Universidade de Santa Cruz do Sul))
INTRODUÇÃO:

 Dentro de nosso projeto de pesquisa, que é o de analisar a Lógica e a Argumentação filosófica na idade moderna, tendo em vista uma investigação sobre o discurso filosófico do racionalismo, buscamos caracterizar inicialmente a época que antecedeu a modernidade enquanto discurso filosófico, para assim poder situar aquela frente à tradição escolástica, visto ser esta combatida mais tarde pela modernidade. Em nossas análises vimos a critica desenvolvida por autores modernos como Descartes e Espinosa à silogística e ao método das disputas, já que o primeiro apresentaria meramente um conteúdo já conhecido enquanto o segundo mostraria apenas conclusões prováveis, fato que não contribuiria para com o conhecimento científico. Para Descartes e Espinosa quem deveria reger o conhecimento era a matemática, devendo por isso a Filosofia adotar o método daquela ciência. Enquanto Descartes inspirou-se no método de análise da geometria grega, Espinosa deteve-se na exposição sintética da geometria elementar que encontramos nos Elementos de Euclides. Os dois filósofos acima mencionados acreditavam que o discurso filosófico deveria partir de premissas necessárias, enquanto que a arte das disputas partia de opiniões prováveis ou de lugares comuns reconhecidos nos Tópicos de Aristóteles. Vamos, por conseguinte desenvolver parte da história da Lógica e da argumentação filosófica na Idade Moderna, visto ser tema relevante para a compreensão da Filosofia Moderna.

METODOLOGIA:

Realizamos o presente trabalho por meio de pesquisa bibliográfica, analisando fundamentalmente a bibliografia primária e textos de filósofos do século XVII. Também em nossa investigação, utilizamos comentários sobre os referidos filósofos, alguns já clássicos e outros contemporâneos. Aproveitamos de maneira semelhante, quando possível, os meios eletrônicos. Não existem, contudo em nossa Universidade meios abundantes para a realização de nosso trabalho, pois faltam coleções completas de obras dos filósofos mais importantes da tradição racionalista. Entretanto, a biblioteca da UNISC, malgrado suas limitações, foi ambiente fundamental para a construção conjunta (bolsista e professor orientador) do que hoje apresentamos aqui.

RESULTADOS:

Ao iniciar as pesquisas sobre a argumentação filosófica no século XVII, devemos nos remontar até Aristóteles visto ter este desenvolvido disciplinas, entre as quais a analítica, a dialética e a retórica, cujo tema é o discurso. A primeira se ocuparia do silogismo científico, forma de exposição própria da ciência. A segunda abordaria o discurso sobre elementos prováveis e a última referir-se-ia ao discurso persuasivo. Esta última, juntamente com a dialética (expressa na obra Tópicos), originou o que na escolástica se chamou ‘arte de disputar’, duramente criticada pela modernidade, concretamente na pessoa de Descartes.

Descartes viveu em período conturbado, onde de um lado procuravam-se manter princípios categoricamente aceitos (escolásticos) e por outro, uma minoria “corajosa” buscava desvencilhar-se de tais ideais. Dentro desta perspectiva, irá propor Descarte um pensamento autônomo, herança esta da renascença, contra a escolástica. Os princípios escolásticos com base aristotélica até então em voga deveriam, por conseguinte serem suprimidos. O modo de concepção do conhecimento necessitaria, portanto ser reformado, tomando como exemplo a demonstração matemática. Exemplos disto são a própria estratégia cartesiana de considerar o duvidoso como falso e a afirmação cartesiana da unidade da ciência em oposição ao princípio aristotélico da incomunicabilidade dos gêneros...

A partir do acima referido temos, sinteticamente o processo percorrido pela filosofia moderna, sendo desta última Descartes precursor.

 

CONCLUSÕES:

A partir dos resultados apresentados com vistas ao objetivo de analisar a Lógica e a argumentação filosófica na idade moderna, tendo em vista uma investigação sobre o discurso filosófico do racionalismo, percebemos a complexidade da referida temática, sobretudo aquela especificada na tradição racionalista. A partir de uma análise histórica feita sobre o discurso filosófico da modernidade, observamos a posição crítica, principalmente da tradição racionalista, que em Descartes tem seu referencial, face à escolástica e ao humanismo renascentista, fato este fundamental no desenvolvimento da Epistemologia e da Metafísica da Idade Moderna.  Evidente que o apresentado neste breve resumo não desenvolve suficientemente o assunto proposto, uma vez que a pesquisa filosófica aqui desenvolvida goza de caráter provisório.  Consequentemente, uma apresentação mais elaborada do conteúdo mostraria melhor elaboração do tema pesquisado.

Instituição de fomento: CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico)
Trabalho de Iniciação Científica  
Palavras-chave: Teoria da Argumentação; Filosofia Moderna; História da Lógica.
Anais da 58ª Reunião Anual da SBPC - Florianópolis, SC - Julho/2006