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G. Ciências Humanas - 9. Sociologia - 6. Sociologia Urbana

METRÓPOLE, DESIGUALDADE SÓCIO-ESPACIAL E GOVERNANÇA URBANA: ANÁLISE COMPARADA DO CASO DE SÃO PAULO

Rafael Soares Serrao 1
(1. PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO / PUC/SP)
INTRODUÇÃO:
O projeto: “METRÓPOLE, DESIGUALDADE SÓCIO-ESPACIAL E GOVERNANÇA URBANA: caso comparado da cidade de São Paulo” tem por objetivo analisar as desigualdades sócio-espaciais na Região Metropolitana de São Paulo com base em dados censitários. Além disso, objetiva avaliar a resposta da RMSP às mudanças econômicas e tecnológicas brasileiras, no contexto da globalização. Busca também, encontrar as convergências e divergências em relação as demais metrópoles incluídas no projeto. O período analisado foi o compreendido entre os censos de 1980, 1991 e 2000.
METODOLOGIA:
A metodologia utilizada foi dividida em dois eixos temáticos: análise da estrutura econômica metropolitana e a análise das desigualdades sociais no espaço metropolitano. Utilizou-se, para fins de classificação, as condições de habitação, renda e escolaridade da população ocupada nas diferentes AEDs (áreas de expansão demográficas) da RMSP. A mesma metodologia é utilizada nas demais metrópoles estudadas, o que permitirá, ao fim das análises, um amplo trabalho de comparações entre elas, tanto no âmbito acadêmico, quanto para a formulação de políticas públicas.
RESULTADOS:

No ano de 2000, destaca-se o crescimento das elites dirigentes e intelectual, com taxa média – no período de 1980-2000 – de 4,5% ao ano. Nesse período, essa categoria sócio-ocupacional passou a constituir-se por 4 sub-grupos, incluindo, além dos profissionais autônomos e empregados de nível superior, os professores e os empregados estatutários de nível superior.

No outro extremo da pirâmide social, os trabalhadores de sobrevivência, que representavam 7,9% do total de ocupados em 1991, passaram a representar, no ano de 2000, quase 11% do total de ocupados. No período de 1991-2000, a taxa de crescimento desses trabalhadores de sobrevivência foi explosiva: 7,5% ao ano, duas vezes maior que a taxa de crescimento do total de ocupados. Essa taxa foi particularmente elevada para os ambulantes e biscateiros, que somavam 75.619 em 1980, passando para 95.127 em 1991 e atingindo 259.858 no ano de 2000, com taxas de crescimento anuais de 2,1% no período de 1980-1991 e 11,8% entre 1991 e 2000. O crescimento dos empregados domésticos também foi elevado (5,8%) no período 1991-2000, bem superior a taxa negativa de 0,8% ao ano, observada no período 1980-1991.
CONCLUSÕES:

As análises dos dados referentes ao período de 1980 a 2000 ainda não são conclusivas. Percebe-se, porém, que em relação à estrutura produtiva, ocorreu um crescimento das elites e uma diminuição do proletariado secundário. Mas, pelo menos até 1991, seria apressado falar de uma transformação do tipo ampulheta, com crescimento da base e do topo da estrutura social. Percebe-se que a estrutura espacial básica vigente na metrópole paulista é ainda rádio concêntrica, ou seja, com as camadas superiores da hierarquia ocupando as áreas mais centrais da capital. Alguns indícios de fragmentação dos espaços das elites aparecem com maior nitidez em 2000, do que em 1991 e 1980: encontramos áreas do tipo superior, tanto em bairros do vetor leste como do vetor oeste da Região Metropolitana de São Paulo.

Com relação à infra-estrutura, diminuem as diferenças históricas entre o centro e a periferia metropolitana, com difusão de alguns serviços por todo o tecido metropolitano. Assim, se em 1980 82% dos domicílios da metrópole estavam ligados à rede pública de água, em 1991 este percentual atingiu 98,2% e em 2000 98,6%. O acesso à energia elétrica tornou-se universal ao longo do mesmo período. Assim, ao menos em princípio, a segregação centro e periferia perderia uma das suas “razões”, que seria resumida no acesso diferencial aos serviços urbanos.
Instituição de fomento: CNPq
Trabalho de Iniciação Científica  
Palavras-chave: globalização; segregação sócio-espacial; desigualdade social.
Anais da 58ª Reunião Anual da SBPC - Florianópolis, SC - Julho/2006