IMPRIMIR VOLTAR
C. Ciências Biológicas - 10. Microbiologia - 2. Microbiologia Aplicada

Padronização de método para estudo de bacteriocina produzida por bactérias lácticas isoladas de queijo Serrano.

Eveline Maria da Silva 1
Sérgio Echeverrigaray 1
Ana Paula Longaray Delamare 1
(1. Instituto de Biotecnologia - UCS)
INTRODUÇÃO:

O queijo Serrano oriundo da região nordeste do RS vem sendo produzido em pequena escala com grande aceitabilidade pelo consumidor. Em termos industriais o queijo Serrano apresenta diversos problemas de padronização fazendo com que a produção do mesmo se restrinja há pequenos produtores, sendo assim considerado um produto artesanal. O principal problema na padronização do queijo Serrano diz respeito à ausência de processos de esterilização, cozimento ou mesmo pasteurização do leite empregado no processo, tal prática faz com que a microbiota presente no queijo seja dependente daquela presente no leite, portanto, altamente variável dependendo da época do ano, forma de ordenha, estado sanitário dos animais, tempo de armazenamento e transporte. É notório que esses alimentos possam conter uma ampla variedade de microrganismos, que podem interferir em sua vida útil ou causar doenças. Bacteriocianas produzidas por bactérias láticas vem sendo um dos recursos utilizados para a diminuição destes microrganismos indesejáveis. Estas podem ser aplicadas como barreiras bactericidas e ajudar a reduzir a susceptibilidade de alimentos à multiplicação de microrganismos patogênicos. A ação das bacteriocinas pode ocorrer de diferentes formas, promovendo efeito letal bactericida, bacteriolítico ou bacteriostático, inibindo a multiplicação microbiana. Assim sendo o objetivo do presente trabalho é o estudo de métodos para avaliação de bacteriocinas por isolados lácticos de queijo Serrano.

METODOLOGIA:

Microrganimos utilizados: 22 bactérias láticas (BAL) isoladas do queijo Serrano. Bactérias testadores: E. coli, S. aureus, Salmonella sp. e A. hydrophila. Método 1: pré-inoculo de bactérias testadoras foi plaqueado por pour plate em meio LB, e crescidas por 18 horas à 37º C. Decorrido esse período estrias de células de bactérias lácticas foram sobrepostas ao meio com as bactérias testadoras. A avaliação foi feita após 24 horas observando se houve crescimento das bactérias láticas. Método 2: Flip-streak: com o auxílio de uma lâmina estéril foi realizado um carimbo contendo células da bactéria láctica e das bactérias testadoras, de forma há obter uma malha cruzada com contato entre a BAL e as bactérias testadoras. A avaliação foi realizada após 24 horas observando a formação ou não de halos de inibição. Método 3: neste foram obtidos extratos brutos filtrados após crescimento das bactérias lácticas em meio MRS por 48h a 28ºC. A avaliação da atividade foi realizada pela adição dos extratos (1/10) ao meio LB, sendo a seguir inoculadas as bactérias testadoras. As amostras foram incubadas a 37ºC por 24h. A avaliação do crescimento foi realizada visualmente e por espectofotometria. Método 4: Spot-on-the-lawn: as culturas de bactérias láticas foram semeadas na superfície do meio de cultura LB sólido. Após a incubação de 24 horas, adicionou-se células da bactéria testadoras incluídas em meio. Observando a formação de halos de inibição após incubação de 24 horas.

RESULTADOS:

Método 1: não houve resultados confiáveis, já que os halos de inibição apresentavam tamanho limitado e baixa repetibilidade. No entanto, algumas bactérias lácticas mostraram possuir capacidade de inibir o crescimento de algumas bactérias testadoras. Esta inibição pode estar associada a competição direta por nutrientes e/ou produção de compostos antagonísticos. Método 2: não foi possível a observação de resultados devido a diferenças na velocidade de crescimento entre as bactérias lácticas e as testadoras. Método 3: foi o mais eficaz para a avaliação. As bactérias testadoras selecionadas para tal teste, Escherichia coli, Salmonella sp. e Staphylococcus aureus., não mostraram capacidade crescimento em meio acrescido de extratos brutos do meio de crescimento de bactérias lácticas. Testes posteriores demonstraram que esse resultado foi influenciado pelo pH em alguns casos. Entretanto, muitos extratos apresentaram atividade mesmo quando tamponados, indicando a presença de compostos antagonistas, possivelmente bacteriocinas. Testes complementares encontram-se em andamento. Método 4: houve a formação de halos de inibição por parte de pelo menos metade das bactérias láticas testadas sobre as bactérias testadoras.

CONCLUSÕES:

Os resultados obtidos permitiram concluir que o método Flip-streak pode ser empregado com eficiência na seleção inicial de bactérias lácticas com efeito antagônico sobre bactérias patogênicas e/ou deteriorantes. Entretanto, este método não permite diferenciar o efeito da redução de pH e da presença de inibidores. Já o método de teste de extratos brutos possibilita o tamponamento do meio e consequentemente a discriminação entre efeito de pH e da presença de compostos antagônicos. Este método vem sendo de grande utilidade na confirmação dos efeito inibitórios, e caracterização dos compostos com tal atividade presentes em bactérias lácticas isoladas de queijos Serranos.

Instituição de fomento: UCS, FAPERGS, SCT-RS.
Trabalho de Iniciação Científica  
Palavras-chave: queijo serrano; bactérias láticas; compostos antagônicos.
Anais da 58ª Reunião Anual da SBPC - Florianópolis, SC - Julho/2006