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A. Ciências Exatas e da Terra - 4. Química - 1. Físico-Química
ESTUDOS ESPECTROSCÓPICOS DA INTERAÇÃO DA PORFIRINA ANIÔNICA MESO-TETRAKIS (P-FENILSULFONATO) COM ALBUMINA DE SORO BOVINO
Daiana Kotra Deda 1
Hidetake Imasato 3
Tania Toyomi Tominaga 2
(1. Departamento de Química / UNICENTRO, Guarapuava, PR; 2. Departamento de Física / UNICENTRO, Guarapuava, PR; 3. Instituto de Química de São Carlos / USP , São Carlos, SP)
INTRODUÇÃO:

As porfirinas estão presentes em vários sistemas bioquímicos, onde são responsáveis por processos vitais como transporte e armazenamento de oxigênio e transferência de elétrons. As porfirinas têm sido extensivamente estudadas por possuírem propriedades que possibilitam seu uso na Terapia Fotodinâmica, dentre essas pode-se destacar a sua alta afinidade por tecidos tumorais, baixa toxidade e o fato de absorverem luz em torno de 600 nm onde os tecidos biológicos são relativamente transparentes.  Dessa forma, estudos com novas porfirinas são de grande relevância no intuito de se buscar drogas cada vez mais eficientes. Dentre esses estudos, os que se referem a agregação são de grande importância, já que a formação de agregados pode reduzir ou eliminar suas propriedades terapêuticas, podendo também causar o entupimento de veias do paciente. O estudo da interação das porfirinas com a albumina é importante, em especial o grau de associação que pode dar subsídios importantes para a compreensão da interação das porfirinas com a proteína, e da relação dessa interação com a ação farmacológica. E também porque essa proteína é a mais abundante no plasma sangüíneo e possui o importante papel de transportador molecular no organismo. O presente trabalho teve como objetivo investigar a interação da porfirina aniônica meso-tetrakis (para fenilsulfonato) com allbumina de soro bovino (BSA), utilizando-se as técnicas de absorção ótica e dicroísmo circular magnético.

METODOLOGIA:

Na realização deste trabalho utilizou-se a porfirina aniônica meso-tetrakis (p-fenilsulfonato) na forma de base livre (TPPS4) Midcentury Chemicals. A albumina de soro bovino (BSA) foi obtida comercialmente da Sigma Chemical e as concentrações foram determinadas espectrofotometricamente utilizando-se e280 = 45540 M-1cm-1. Os demais reagentes utilizados foram de grau analítico. Todas as amostras foram utilizadas sem purificações. Os espectros eletrônicos e de dicroísmo circular magnético (MCD) foram obtidos, respectivamente, em um espectrofotômetro Varian Cary 100 e Jasco J-720 equipado com um eletroimã (0,86 T). As titulações da porfirina em função do pH foram efetuadas em solução acetato fosfato 20mM, variando-se o pH de 0,5 a 12 utilizando-se soluções estoque de várias concentrações de NaOH e HCl, tomando-se medidas a cada 0,5 unidade de pH. No estudo das interações da porfirina com BSA foram realizadas titulações da TPPS4 em concentração fixa em função da concentração de proteína em dois pHs fixos (4,0 e 8,5). Os espetros eletrônicos e de dicroísmo circular magnético foram analisados utilizando-se o algorítimo "Convex Constraint Analysis" (CCA).

RESULTADOS:

Para investigar as interações da TPPS4 com a proteína foram realizadas titulações da porfirina em função do BSA em dois pHs: 4,0 e 8,5. A interação entre porfirina e a albumina foi observada em ambos os pHs, pois a ligação modificou a forma e a intensidade dos espectros eletrônicos e de MCD. A deconvolução dos espectros eletrônicos nos permitiu caracterizar o espectro de duas formas. No pH 4,0 o espectro com a banda de Soret com máximo de absorção em 434 nm caracteriza a forma livre da TPPS4 e a centrada em 421 nm a forma ligada ao BSA. No pH 8,5, o espectro com o máximo em 413 nm é característico da forma livre e em 423 nm a forma ligada. Já a deconvolução dos espectros de MCD mostraram a existência de três espécies no pH 4,0 e duas no pH 8,5. A ligação da TPPS4 à proteína em pH 4,0, mostra claramente que existe uma transição da forma livre para a primeira forma ligada e uma transição desta para a segunda forma ligada. A primeira espécie foi atribuída a formação de agregados e a segunda aos monômeros ligados. Estudos mostram que a presença de polímeros moleculares estimulam a agregação de alguns compostos heterocíclicos, portanto a agregação na presença do BSA não deve ser excluída. Considerando que existem cerca de dez sítios de ligação de porfirinas negativas na albumina, pode-se supor que existe uma distribuição das porfirinas negativamente carregadas a estes sítios positivos ou uma associação em alguns poucos sítios, e então nessas condições deverá ocorrer a agregação.

CONCLUSÕES:

Os dados experimentais de absorção ótica e Dicroísmo Circular Magnético mostraram que há uma ligação efetiva entre a albumina e a TPPS4. Os resultados experimentais mostram que a formação de agregados de TPPS4 depende da concentração de albumina e da interação eletrostática.

Instituição de fomento: Fundação Araucária, UNICENTRO, USP
Trabalho de Iniciação Científica  
Palavras-chave: porfirina; Terapia Fotodinâmica; agregação.
Anais da 58ª Reunião Anual da SBPC - Florianópolis, SC - Julho/2006