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G. Ciências Humanas - 7. Educação - 1. Administração Educacional

A SAÚDE DO PROFESSOR DAS ESCOLAS ESTADUAIS DE NOVA ANDRADINA: UM DESAFIO À GESTÃO DEMOCRÁTICA.

Ednalva Regina Oliveira Alves 1, 2
Alaíde Pereira Japecanga Aredes 1, 2
(1. Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul; 2. Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul )
INTRODUÇÃO:

Introdução: O projeto em questão tem como principal objetivo mostrar que existe no momento atual nas escolas públicas de Nova Andradina, de modo geral, um mal-estar docente. Esta idéia já vem sendo trabalhada por uma equipe de Psicólogos e pedagogos da Universidade de Brasília, desde os anos Noventa (90). Tais profissionais caracterizam-no como a síndrome de Bounout. Tal Síndrome é entendida como uma composição de burn=queima e out=exterior, aludindo que a pessoa com esse tipo de estresse desequilibra-se física e emocionalmente, passando a apresentar um comportamento hostil e nervoso. A Síndrome de Burnout geralmente agrupa sentimentos de frustração. Seus principais identificadores são: cansaço físico e emocional, apatia e falta de efetivação do eu, desmotivação, insatisfação ocupacional, deterioração do rendimento, perda de responsabilidade. Quando se fala em burnout, três fatores parecem estar integrados: despersonalização, caracterizando “não quero mais”, esgotamento emocional envolvendo “não posso mais” e baixa implicação subjetiva ao trabalho individualizando o “não se importar”.

METODOLOGIA:

Metodologia: Nesta pesquisa procurei verificar aspectos básicos das causas e conseqüências da síndrome do Burnout através de aprofundamento teórico e pesquisa de campo. Esta última foi desenvolvida em duas etapas. A primeira com a coleta de dados junto a Cassems (Caixa de Assistência dos Servidores de Mato Grosso do Sul) para verificar o número de professores que se afastam de suas atividades para tratamento de saúde e/ou de suas co-relacionadas. Num segundo foram entrevistados alguns professores das oito escolas envolvidas, de preferência quem já alguma vez tirou licença com o intuito de verificar empiricamente, através de um formulário de questões objetivas e abertas, o “estado” dos professores. A análise dos dados foi feita observando a abordagem qualitativa de pesquisa, sem, portanto, desconsiderar a análise quantitativa, que, aliás, num trabalho como este foi indispensável. 

RESULTADOS:

Resultados: Diante da pesquisa de campo, percebi que a situação é mais grave do que parece. Professores cada vez mais jovens queixam-se dos sintomas relacionados à síndrome do burnout, sintomas esse que eles próprios recusam a admitirem que possuem, tais sintomas são: apatia, depressão, fadiga, tensão, nervosismo, dificuldade em descansar, transtornos gástricos e dores nas costas.

Em Mato Grosso do Sul, especialmente em Campo Grande muitos professores são afastados da sala de aula em virtude do estresse. Tal problema tem preocupado o setor de Apoio Social da Secretaria Estadual de Educação de Mato Grosso do Sul, que afastou das salas de aula, somente no mês de julho deste ano, 196 profissionais. São 18 mil docentes em salas de aula na rede estadual de Mato Grosso do Sul e, no ano passado, 4% deles, o que representa 800 profissionais, foram tirados de suas funções por conta de problemas relacionados à saúde mental. "Estamos ainda concluindo nossos levantamentos. Mas, sabemos que essa é uma profissão que precisa de apoio", explica a técnica do setor de Apoio Social, Leny Carmo de Souza.
CONCLUSÕES:

Conclusão: Os professores sempre representaram um papel. As transformações ocorreram e muitos deles ainda não mudaram suas atitudes em sala de aula. Mas não pensem que este é um problema exclusivo da sala de aula: o mal-estar docente está por toda a Europa e pelo mundo ocidental. O fato é que os docentes são chamados a ensinar educação sexual, educação cívica, educação para a saúde, educação rodoviária. Sempre que a sociedade tem um novo problema empurra-o para os professores. Por outro lado, na sala de aula estão agora os meninos mais inteligentes, mas também os mais conflituosos, os mais agressivos, os mais problemáticos. A relação entre professor e aluno, "tradicionalmente uma relação entre quem quer aprender e quem pode ensinar", transforma-se numa relação entre quem quer ensinar e quem não quer aprender. E o aluno, que está na escola obrigado, reage agressivamente não contra quem o obriga a estar na escola, mas contra quem lhe está mais próximo - o professor. Como a História "não tem marcha-atrás", não se pode voltar a discriminar os estudantes. A solução será, desmistificar a idéia de que a escola que temos é o único caminho  “para tornar os alunos adultos", até porque "há muitos que se desvalorizam", quando a freqüentam. O sistema tem que criar saídas educativas diferentes para alunos diferentes e preparar o professor para a diversidade, o que implica uma aposta na sua formação inicial. Dessa forma, podemos pensar numa gestão das escolas que esteja pautada na democracia.

Instituição de fomento: PIBIC - UEMS
Trabalho de Iniciação Científica  
Palavras-chave: Burnout; Escola Pública; Democracia .
Anais da 58ª Reunião Anual da SBPC - Florianópolis, SC - Julho/2006